Tive o privilégio de acompanhar a Copa do Mundo de 2002, cujo desfecho completa exatos dez anos neste sábado, como um dos editores da madrugada na Gazeta Esportiva.Net. Fomos além: ao lado de outros profissionais empenhados em realizar uma cobertura diferenciada, bolamos uma série de programas de áudio. Mais do que uma ideia pioneira, os boletins da Rádio GE.Net – publicados bem antes da palavra “podcast” ser popularizada por Adam Curry e Dave Winer – guardam registros memoráveis.
Algumas destas gravações, no entanto, permaneceram praticamente em segredo. Até agora.
Em uma decisão pautada por questões puramente econômicas, a Fundação Cásper Líbero decidiu mandar um único jornalista para enviar conteúdo desde o Japão e a Coréia do Sul. Alguém que pudesse produzir notícias tanto para o site quanto para a programação esportiva da TV Gazeta. Com do projeto dos boletins de áudio encaminhado, este mesmo profissional faria uma participação especial, uma voz exclusiva e direta dos palcos da competição.
O escolhido foi Francisco José Lang Fernandes de Oliveira, o Chico Lang, então chefe de reportagem da TV e colunista do site. Não seria sua primeira Copa do Mundo: em 1990, antes de chegar ao jornal A Gazeta Esportiva, cobriu o Mundial da Itália pela Folha da Tarde. Ainda na última década do século passado, formou com Roberto Avallone a dupla de apresentadores do Mesa Redonda, lembrada até hoje pelos… Mmmhhh… Ah, por suas peculiaridades, vai.
Chico Lang é bastante popular em São Paulo exatamente por exercer, muitas vezes exageradamente, o papel de comentarista-corintiano. Tanto a fiel quanto seus adversários o acompanham; os primeiros aplaudem, os demais não conseguem admitir as razões pelas quais dão voz a ele. O motivo, é claro, é exatamente esse: todos os fanáticos querem ouvi-lo.
Fora do alcance das câmeras, no entanto, é um sujeito pacato e de grande simpatia. Até por isso, sempre relutei em compartilhar mais detalhes quando contava aos amigos um dos resultados dos boletins do Chico Lang.
Diariamente, interrompia alguma atividade rotineira e atendia ao telefone. Para não perdermos tempo nessa maratona, acionava o botão REC praticamente sem interrompê-lo. Talvez pela mesma razão, Chico Lang preferia o improviso: pelo tom dos diálogos, era nítido que dificilmente fazia anotações das informações que usaria em sua fala.
Independente do método de trabalho, o resultado ficou dentro do que esperávamos: durante 40 dias, gravávamos diariamente, produzindo clipes em MP3 ininterruptamente. Por outro lado, seus tropeços entraram rapidamente no folclore da redação. Ao final do torneio, selecionei as mais divertidas e montei uma edição especial. Em pouco mais de sete minutos, é possível recordar alguns momentos da Copa mais bacana dos últimos tempos, bem como dar boas gargalhadas.
Curioso? Ouça aqui, baixe e guarde para você. Depois mostre para aquele amigo que estava ao seu lado quando aquele juiz italiano, o carequinha… Colona, né? Enfim, quando o Brasil levou seu quinto caneco.
Nunca soube se o Chico Lang teve acesso a este áudio, ainda que muitos colegas da Gazeta já tenham ouvido. Há alguns anos, quando tive a oportunidade de encontrar com o Mauro Beting, o assunto apareceu. “Nossa, já ouvi falar dessa gravação, sempre pensei que fosse alguma lenda urbana”, dizia. Passados dez anos, creio que já possa me desfazer do receio.
Provavelmente muitos vão dizer: “ué, por que não mostrou isso antes?”. Nunca é tarde para lembrar daquela Copa deliciosa e sorrir. Feliz aniversário, Penta!
Sensacional. Bons e animados tempos…
Abraço!
Dez anos se passaram da mais bem sucedida experiência em jornalismo multimídia da história (da Fundação Cásper Líbero). Jornalismo e humor de qualidade. Parabéns aos envolvidos!
Resumindo um boletim do Lang:
‘1,2,3,4,5,6,7,8,9,10…Bem meu amigos, seu coreano filho da puta. Eu não vi o que aconteceu, então tá dificil. A Coreia é metade do Japão. Mas isso é para vocês aprenderem par anão fazerem essa merda como eu. Chico Lang, direto de Oklahoma, Japão, até amanhã’
Lenda viva!
Sensacional! Sem palavras!