Perdidos na Europa: lista completa de coadjuvantes

Vejam como a velocidade dos ponteiros do relógio muda mesmo diante da implacável rotina. Enquanto minhas três semanas de férias na Europa pareceram três anos, esse último mês passou como se tivesse voltado de viagem ontem. Pena que o clima pós-férias tenha sido tão deprimente, a ponto de esquecer, vez ou outra, de como esse passeio foi maravilhoso.

Para fazer com que a saudade retorne ao lugar de onde não deveria ter saído, investi algumas horas neste que, por enquanto, é o maior texto já publicado neste espaço em toda sua história. A proposta é dar o merecido destaque a uma série de pessoas, anônimas ou não, que também participaram ativamente desta inesquecível aventura, ao lado da Lu, do Lello e de mim.

A estrutura é exatamente igual ao resgate de personagens pós-Florianópolis (outra viagem que dá saudade), só que bem mais audaciosa (aliás, tenho certeza que muitos dos nossos antigos visitantes lembram bem daquela lista, e estavam aguardando ansiosos pela nova paulada). Com vocês, todos os coadjuvantes de Perdidos na Europa!

Véia do Real – Nossa saga começa antes do embarque (08/10), num dos poucos, caros e pouco sortidos cafés da sala de embarque em Guarulhos. Um sanduíche e um café corresponderam aos meus últimos pedidos em real. “Agora essa nossa moedinha não vale nada”, disse, em tom de brincadeira. Mas não para uma tiazinha, que me deu uma incrível bronca: “se não fosse esse dinheiro, você não estaria aqui. Dê valor a ele”. Como é legal viajar com gente pobre como a gente!

Esperidião Amin – São onze horas de vôo e nada mais. Por isso, não interessa se você vai sentado no lugar marcado em seu bilhete: dependendo da necessidade, nada o impede de trocar com alguém. Pois o carequinha sentado a nossa frente no vôo AZ673 não quis saber de conversa, deixando a tiazinha (colega da Véia do Real) bem longe. Podem me chamar de maldoso, mas não fui com a cara do careca por causa disso. Tomara que a viagem dele tenha sido horrível – as aeromoças da Alitalia certamente contribuiram para tal.

Casal modorra – Foram algumas horas de espera no aeroporto de Malpensa, em Milão, até o embarque para o Porto (09/10). Tempo suficiente para analisarmos a italianada e outras figuras circulantes. Entre os simpáticos atendentes das lanchonetes e os estranhos guardas e seu fardamento arcaico, prestamos atenção especial em um casal. Quer dizer, era um rapaz, uma moça e muito mal humor entre os dois. Deviam estar no final da pior lua de mel possível… Ou faz parte da cultura local.

Menino-bomba – Esse é maldade. A mãe, com feições muçulmanas, carregava seu bebê no colo usando uma dessas bolsas tipo canguru. “Olha ali o pequeno menino-bomba”, concluímos. Tadinho.

Clara Nunes – Vale apenas pela citação: tratava-se de uma funcionária, de alguma companhia aérea, cujos cabelos lembravam uma gigantesca vassoura de piaçava. Fiquei com medo dela.

Vinícius de Morais – Assim como em muitos aeroportos, em Milão os carrinhos de bagagem funcionam com depósito: um euro libera o carrinho, e a moedinha é recuperada com a sua devolução. Muitos usuários, no entanto, esqueciam do carrinho em qualquer canto. E aí entra um dos grandes figuras da viagem. Um sujeito baixinho e gordinho, cabelos grisalhos e lambidos, com cara de malandro. Todo carrinho que dava sopa era recolhido por ele. A cada cinco minutos, lá vinha ele carregando alguns – e para cada um, garantia uma moedinha pro boteco. Um belo exemplo de como é fácil ser picareta e ganhar dinheiro na Itália!

Imigrantes do Reino de Zamunda – Lembram-se do país imaginário do filme Um Príncipe em Nova York? Pois ele foi muito útil para designarmos toda sorte de descendentes afro, inúmeros durante as três semanas de viagem. Eram todos “imigrantes do Reino de Zamunda”. Alguns com trajes bem diferentes da nossa cultura. “Esses devem ser do alto escalão do Governo de Zamunda”, dizíamos. Sempre sem preconceitos.

Alexandra Santos – Se as aeromoças da Alitalia deixaram a desejar, o mesmo não pode ser dito da Portugalia Airlines, companhia que nos levou a cidade do Porto. E o que dizer dos olhos verdes, dos cabelos dourados, do sorriso discreto e do sotaque apaixonante dessa linda comissária? E quando ela ofereceu doces portugueses e, gentilmente, me disse: “queres tirar mais um?”. Ah, Alexandra…

Zé, o Primo da Lu – Era tudo que sabíamos quando desembarcamos em Portugal: seríamos recepcionados pelo primo da Lu, que gentilmente nos levaria até o hotel, próximo a Avenida dos Aliados. Infelizmente, sua única aparição (ao lado de seus dois filhos) foi durante esse traslado providencial e absolutamente inesquecível!

Cláudia – Nem todos os atendentes e funcionários dos hotéis e pousadas que ficamos merecem algum destaque nessa lista. Mas se há alguém que não podemos ignorar é a mais bela de todas. Infelizmente, essa recepcionista do Grande Hotel de Paris só estava por lá no sábado. – foi o suficiente para resolver o problema da fechadura, que não trancava. E marcar para sempre nossas vidas. Ah, Cláudia…

Ucrania – Nossa primeira refeição pra valer foi no restaurante Chez Lapin, à beira do Rio Douro. Pedimos um vinho Dão Grão Vasco e um estupedo polvo, com muito azeite e batatas (bem típico). Sugestões da simpática garçonete, que com seu português bem local, nos enganou direitinho quando disse seu país de origem: Ucrânia. Estava lá há um ano e meio, não gostava muito dos portugueses mas tinha vários amigos brasileiros.

Tony – Este personagem existiu apenas na mente dos viajantes. Tratava-se de um resgate ao filme O Iluminado, de Stanley Kubrick. Claro que o ignorantão aqui não viu – sabe apenas que a história se passa com o zelador Jack Nicholson em um velho hotel. Similar ao do Porto e a outros que encontramos na viagem. Tony é, ao mesmo tempo, o dedo de seu filho e seu amigo imaginário. Foi fácil pegarmos emprestado o dedinho e gritarmos “tooonnyyy” nas escadarias.

Luís Fabiano – Esse foi tão marcante que mereceu um post só para ele. Trata-se do bilheteiro sem-noção da Estação São Bento, que antes de nos vender a passagem de trem para Lisboa (10/10) soltou a desnecessária piadinha “tinha que ser mulher” na frente da Lu. Tanto ele quanto a chuva daquela manhã fizeram com que nem lembrássemos mais do café do hotel.

Michael Stipe – Depois de passearmos pelos arredores da Igreja do Carmo e da Torre dos Clérigos, hora de mais uma refeição. Desta vez, o garçom que nos serviu – vitela com mais batata e azeite, além de frisumo de ananás (que vem a ser refrigerante de abacaxi) era o clone do Michael Stipe, vocalista do REM. Apenas no decorrer dos dias é que nos demos conta: a Europa está empesteada de clones do Michel Stipe. Eles certamente vão dominar o mundo.

Daniel Larusso – Mais um garçom simpático, que merece ser eternizado nessa lista interminável. Este nos serviu peixes fritos e um mexido de arroz com feijão – jantar perfeito para quem havia caminhado horrores pelo Porto (inclusive perdidos por bairros distantes) e comido apenas pequenos petiscos de supermercado. O atendente (também chamado de André Sá) parou para ouvir nossa conversa sobre novelas brasileiras – o casal que estava ao lado também ouviu. E riu muito.

Madame Min – Era tudo que não queríamos após uma extenuante viagem de trem (11/10), além de um longo traslado de táxi entre a estação Alameda do metrô e a Praça Saldanha: encontrar uma pensão meia-boca cuja dona era a Madame Min. Uma tia pouco amistosa, que nos exigiu retorno diário antes da duas da manhã. Mesmo demonstrando preocupação com o horário, fomos sistematicamente ignorados pela tal Irene. Nunca mais ponho meus pés naquela espelunca!

Pedro Gonçalves – Devo admitir que aquela terça-feira, dia de Nossa Senhora Aparecida, não foi das melhores. Dormi mal, acordei doente, caminhei pelas ruas apenas com caldo verde no estômago… Não importa. Mesmo baleado, achei melhor não perder a noite anterior. Decisão acertada: conheci Pedro Gonçalves; conversamos sobre política, cinema, futebol, língua portuguesa e assuntos diversos, regados a cerveja Sagres e chá de menta no delicioso bar Catacumbas, no Bairro Alto; dar voltas pelo centro de Lisboa… Enfim. Certamente me arrependeria se tivesse perdido essa noite sensacional.

Shifaisfavore – Nossos três cafés matinais em Lisboa (12, 13 e 14/10) foram no mesmo local: Il Café Di Roma, uma espécie de “Franz” local. Nossos pedidos mudavam a cada dia – desde chá a café com leite condensado, passando por uma tosta (o nosso “misto”) exageradamente amanteigada. O que não mudava nunca era a forma como a sorridente garçonete perguntava o que queríamos: sempre com um “shifaisfavore”…

Alunos de Hogwards – Já viram crianças jogarem futebol vestidas de avental e chapéu? Pois os pequeninos de uma escola primária, localizada atrás da pensão, não tiram o uniforme verde em momento algum. Nem mesmo para bater uma bolinha.

Amigo do Haxixe – Vendedores dos mais variados circulavam aos montes pelas redondezas da praça do Rossio, Rua Augusta e adjacências. Um mais cara de pau chegou até mim e abriu uma sacola, repleta de filmadoras. Nem agradeci. Outro, tentando empurrar haxixe, esbarrou com o Lello pelo menos duas vezes. “Esse aí já virou seu amigo”.

Mário João – Mais um primo da Lu que abrilhantou nosso passeio de maneira marcante (13/10)! Mário João é capaz de falar sobre qualquer assunto (qualquer um mesmo!) por pelo menos cinco minutos! Sua especialidade, no entanto, são as táticas de sedução infalíveis – como a de deixar a rapariga sempre esperando por um retorno. Também é responsável pela definição de “heterogay”, espécie de padrão para atender o exigente sexo oposto.

Glenda do Alvalade – Mas a noite do dia 13 começou bem antes, bem longe do Bairro Alto: no estádio José Alvalade, ao norte de Lisboa, com a goleada de Portugal sobre a Rússia por 7 a 1. Falar do ambiente familiar proporcionado pelos 27 mil portugueses presentes é fácil. O que dizer então de uma garçonete de cafeteria que é a cara da Glenda Kozlowski – e tão simpática quanto? Ah, Glenda…

Mané do sete a um – Lello e eu saímos do estádio, ainda caracterizados como torcedores portugueses, para nos encontrarmos com a Lu e o Mário João em frente a estátua do Fernando Pessoa, no Chiado. No trajeto, seguindo a linha verde do metrô, fomos abordados por vários nativos, querendo saber quanto foi a partida. Todos se surpreenderam com o resultado. Um deles, de terno, óculos e maleta, parecia não acreditar. Abobalhado, intercalava um “sete a um a Rússia?” com algumas risadas.

Taxista russo – Nosso último personagem português era um aficcionado por futebol. Mal entramos no táxi e o cidadão perguntou: “encontraste algum russo? Pois estou rodando há horas e não acho nenhum…”, brincava. E falou ainda mais em futebol quando constatou que éramos brasileiros.

Mafiosos do Sirena Verde – Finalmente, Madrid (14/10). Depois de arrastarmos nossas malas entre o aeroporto de Barajas e a Gran Via, nada melhor que um bom almoço. Escolhemos um dos inúmeros restaurantes que oferecem o “menu do dia”: o primeiro prato, uma salada ou paella, e o segundo, normalmente algum tipo de carne. Água, vinho, pão e sobremesa incluído. Tudo delicioso. Dias depois, prestei atenção na nota: “Sirena Verde Drug Store”. Mais adiante, já no avião para Barcelona, uma incrível constatação: o Sirena Verde é o restaurante preferido da máfia!

Garçonete do Haiti – Nossa segunda experiência gastronômica foi numa lanchonete simpática, na Puerta del Sol. Logo fiquei de olho em um grupo de meninas, todas falando inglês (certamente americanas). Mas a única que veio falar conosco foi mesmo a garçonete… Tudo bem. Ao menos ela nos apresentou a típica sangria: bebida gelada a base de vinho e rodelas de laranja.

Casal do churro – Mais uma receita típica de Madrid: chocolate quente com churros, do San Gines – sem dúvidas o melhor da cidade. Já passava da meia-noite: entre os poucos clientes, um casal choroso, certamente discutindo a relação. Pela última vez.

Garçom do Callejon – Já passavam das três da tarde quando retornamos do estádio Santiago Bernabéu (15/10) para almoçar. O restaurante, na Calle San Bernardo, chamava-se El Callejon. Ali descobri que fideuá é uma paella feita de macarrão; que fritas com ovo frito fica divino; e que sopa de marisco não é tão ruim quanto parece. Mas as descobertas não paravam aí: tínhamos mais um personagem, o divertido garçom e seus trejeitos.

Andrea Leripio – Ela é pelotense e mora em Madrid há algum tempo – o suficiente para se passar por uma legítima espanhola. Descobriu este blog ao acaso: queria saber quem era o cururu que falou mal de sua cidade… Algumas semanas depois, lá estava ela ao nosso lado durante uma tarde inteira. Foi uma longa caminhada por Madrid, com direito a jantar em um dos diversos kebab (churrasco grego) espalhados. Mais um desses encontros inesquecíveis!

Ramon – Esse é um dos donos de Madrid. Encontramos com ele logo na chegada, e em nossas caminhadas, lá estava o danado outra vez. Na manhã do dia 16, finalmente, fomos conhecê-lo pessoalmente. Decidimos tomar café no famoso Museo del Jamon (museu do presunto), uma verdadeira instituição de Madrid. Todas as casas, decoradas com pernis espalhados pelas paredes, oferece todas as variedades possíveis de presunto. “Esse Ramon é um cara importante mesmo”, dizia.

Brazuca malandro – Brasileiro e oxigênio são elementos encontrados em qualquer canto do planeta. A maioria, no entanto, prefere se mesclar com os nativos e passar despercebido. Outros poucos, ao reconhecerem alguém do mesmo país, abordam e perguntam: “você é brasileiro?”. Um deles fez questão de mostrar toda sua brasilidade. Foi na entrada do Museu Reina Sofia, em Madrid (16/10). Usava minha “isca pega bobo”, uma camisa da seleção brasileira. Um dos ambulantes, disfarçdo de madrilenho, olhou para mim e disse, em voz baixa: “eita camisa bonita que só a porra”.

Família Piu Piu – Ainda em frente ao Reina Sofia, esta curiosa situação. O pai e o filho mais novo aguardavam a mãe e a filha mais velha, sentados na mureta. De repente, o pai tira algumas rabanadas da bolsa, esfarela-as e espalha-as no chão, convidando os pássaros da redondeza para um banquete. Convidando mesmo, em voz alta: “piu piu piu piu piu!”. O moleque estava maravilhado com aquilo. De repente, surge uma alemazinha, de no máximo quatro anos, disposta a correr com os pássaros dali. Criou-se um incidente diplomático: enquanto a menininha espantava os bichinhos, o pai erguia os braços, repreendendo-a: “nooooooo!!!!”. Ela deu as costas para o pai piu piu e lhe mostrou a língua. O pai ainda esfarelou umas duas rabanadas antes das duas mulheres aparecerem. Deviam ser italianos. Ô raça.

Taxista de Barcelona – Nossa recepção na Catalunha (17/10) não podia ter sido melhor. Além do sol e do calor, encontramos o mais simpático entre todos os motoristas. Assim que reconhecemos a versão em inglês da música do Ovelha, ele já puxou assunto. Descobriu que éramos brasileiros e, para agradar, começou a falar em futebol. Mas logo apontou algumas atrações de Barcelona, desejando-nos uma boa estada. Como acabou acontecendo.

Aliás, um adendo. Quem souber o nome e o intérprete da versão em inglês de Te Amo… O Que Mais Posso Dizer, o “uouou ieie, sem você não viverei” de Ovelha, ganha de presente um box com os dois cedês da trilha sonora de Perdidos na Europa. Prosseguindo.

Amigo do Roberto Carlos – André cansado, Lello doente, Lu chateada e um jantar fraco que custou uma fortuna: a primeira noite em Barcelona tinha tudo para ser um porre. Mas logo demos a volta por cima e fomos aproveitar a lua maravilhosa. Caminhada pela Rambla até o porto, à beira do Mar Mediterrâneo, cantando o lema dos três ratinhos cegos: “we don’t have to work…”. Antes de dormir, um chá com torradas em um dos inúmeros quiosques da Rambla: chamava-se Mickey. E o garçom, com pinta de boliviano, dizia ser amigo do Roberto Carlos, lateral do Real Madrid. Eu também sou.

Mulher KLB – Novamente, escolhemos um lugar fixo para tomar café da manhã (18, 19 e 20/10): era o Kaubet, na esquina da Rambla com a Calle Boqueria, a rua do hotel. O ambiente era muito agradável: podíamos apreciar a promoção do capuccino com croissant ao som de jazz. A única atendente, parrudinha e de cabelos curtos, lembrava muito o Bruno, do KLB. Virou Mulher KLB. Muito simpática.

Uncle Leo – Traumatizados com o jantar da noite anterior, e absolutamente cansados após uma exaustiva turnê Gaudi (Sagrada Família e Parque Guell), escolhemos outro restaurante para jantar (18/10). Era o Genoa 1911, onde acabei dividindo meia garrafa de vinho com a Lu (minha parte eu misturei com água). A conta foi trazida por um senhor de óculos e poucos cabelos. “É o Uncle Leo”, definiu Lello, fazendo referência a um personagem de Seinfeld. Virou personagem.

Bicha do Pans & Company – Outra figura que existiu apenas na imaginação fértil dos viajantes. Pans & Company é a versão espanhola do McDonalds: seus lanches são preparados na baguete, com inúmeras opções de recheio. Desde Madrid, estava morrendo de vontade de experimentar o negócio. Só consegui naquela tarde de 19 de outubro, ao final do passeio esportivo (Estádio Olímpico e Camp Nou), bem perto da estação Coolblanc do metrô. “Finalmente você matou sua bicha do Pans & Company”, definiu Lello. Pois é.

Leandro Rodrigues – Jornalista formado pela Cásper Líbero, ex-integrante do Núcleo de Internet da Gazeta, verdadeira lenda viva entre os amigos que conviveram com ele nos arredores da Avenida Paulista. Desde o começo de outubro, “Lero” está em Barcelona, onde vai estudar por um ano. Claro que não podíamos deixar passar a oportunidade: longo papo, como nos velhos tempos, no Templo de La Cerveza, no Paseig de Gracia, perto da Praça Catalunha (19/10).

Casal Easyjet – A pior companhia aérea do mundo reuniu ainda os dois personagens mais estranhos. O comissário de bordo era exageradamente metrossexual, e a aeromoça era maior que eu. Além de não se esforçarem para tornar a viagem entre Barcelona e Paris mais agradável (20/10), não paravam de dar risada – seja na apresentação das normas de segurança ou mesmo para anunciar o nome de um passageiro. Tremenda falta de respeito.

Amigos do Bin Laden – Garoa constante, tempo nublado e franceses pouco amistosos: uma bela primeira impressão logo nos primeiros passos no Aeropor Orly. Para piorar, nosso quarto em Paris, no tradicional bairro do Marais – perto do metrô Saint Paul, tinha um banheiro maior que o dormitório. Os donos do Hotel Caron, marroquinos ou das proximidades, não tinham culpa da nossa birra. Mas acabaram virando “aqueles malditos amigos do Bin Laden”, só para exorcizar nosso descontentamento em alguém.

Gepeto – A má impressão causada pela maioria dos frios e pouco amigáveis franceses começou a se dissipar a partir do primeiro almoço, após uma manhã lavando roupas (sem sabão) e passeando nos arredores da Catedral de Notre Dame (21/10). O restaurante La Comete, perto do Hotel de Ville (prefeitura) e da Rua de Rivoli, contava com um garçom sempre sorridente, que alternava francês com inglês sem mesmo perguntar qual nosso idioma preferido. Grande Gepeto!

Mestre japa – A tarde foi de muitas compras pelos boulevares parisienses: visita obrigatória na Galeria Laffayete e na megaloja Printemps, que mantém uma incrível área de brinquedos. Aliás, contando a Disney Store, entramos em pelo menos quatro delas na capital francesa. Mas enfim, ainda na Printemps, um franco-japonês arranhou seu inglês para me vender um kit de mágica. Ironicamente, o truque consiste em fazer com que algumas moedas sumissem. Mestre japa conseguiu: fez com que muitas moedas saíssem da minha carteira, direto para a dele.

Dono do cinema – Na segunda-feira, ainda em Barcelona, nos frustramos na região da Vila Olímpica: não conseguimos assistir a Lost in Translation. E segundo o Pariscope (o “guia da Folha” deles), era aquela noite de quinta-feira ou nunca mais. Era uma sala alternativa, com filmes fora do circuito diferentes a cada dia. Ficava no número 24 da Place Denfert-Rochereau, e a sessão única estava marcada para as dez da noite. Eram dez e dois quando o rapaz, surpreso, nos entregou os ingressos. Qual não foi a nossa surpresa quando encontramos a sala vazia: apenas nós três assistimos ao melhor filme de 2004. E o dono da salinha deve ter ficado feliz: poderia ter ido para casa, não fossem os três estrangeiros.

Bacana do pub – O hotel era uma porcaria, mas ao menos ficava em frente a um pub bem bacana. Na entrada, uma bandeirinha da Escócia e outra alusiva ao movimento GLBT, atestando a ausência de qualquer preconceito no local. Na noite pós-cinema, tinha tanto pé na minha bolha que preferi dormir. Mas na noite seguinte, a última em Paris, fui conferir o atendimento cortês de mais um cidadão que não parecia francês.

Senegalês do óculos – Esse cidadão é o responsável pelo visual francês de “monseur Lello”: interessado em um novo óculos de sol, nosso amigo abordou o senegalês vendedor, no caminho entre o Louvre e a Place de la Concorde, no meio do Jardin des Tuileries (22/10). Oferta inicial: vinte euros. Depois de alguma negociação, o ambulante fez por dez. Claro que eu não pagaria nem cinco na bagaça.

Dupla do Saint Dennis – Chegamos ao Stade de France, norte de Paris, pouco depois das cinco da tarde – a tempo da última visita guiada pelo palco da final da Copa de 98. Tanto o guia da vez quanto o fotógrafo, responsável pelos registros que virariam souvenirs na saída, faziam totais referências a vitória francesa por 3 a 0 diante do Brasil. “Naquele lado ali o Zidane cabeceou duas vezes…”. Ao menos eles tem um elefante branco que serve para lembrar de um único título. Brincadeiras à parte, a dupla é bem amistosa.

Brazuca colombiano – Outro apreciador de futebol estava ali, ao lado de um amigo, visitando o estádio: o jovem era brasileiro, nascido no Rio de Janeiro. Mas foi criado na Colômbia e, há um ano, estudava na Alemanha. Assim como nós, estavam circulando pela Europa nas férias. Que vida.

Curitibana – Já tinhamos passeado pelo bairro de Montmartre; já tinha pago a aposta (um jantar em Paris caso a viagem saísse) no Bistro Romain; já tinhamos visto estranhos jovens muito bem vestidos prontos para a balada na Place de la Madeleine; mas a noite de sexta ainda merecia mais: uma visita à torre Eiffel. Tinha que ser à noite, para aproveitar a iluminação. No caminho, via metrô, uma curitibana linda nos abordou: há poucos dias em Paris, estava morrendo de saudade dos brasileiros. Só depois que eu desci do trem me dei conta: podia ter ficado mais algumas estações, só para deixar um e-mail de contato. Estúpido.

Garçom poliglota – Repararam que, fora uma ou outra visita ao supermercado, sempre comemos e restaurantes, né? “Ah, mas é o nosso último almoço em Paris”, era a desculpa. Assim como “ah, mas esse é o nosso primeiro almoço em Paris”, e assim por toda a Europa. De qualquer forma, valeu a refeição no Le Gramont, no Boulevard des Italiens (23/10). Primeira providência do garçom: perguntar o idioma de nossa preferência. E adivinhem: o sujeito arranhou bem o português! Sem falar no queijo branco de sobremesa.Simplesmente divino.

Loira do Fogão – Ainda na região dos boulevares, uma autêntica churrascaria brasileira, chamada Fogão. A contragosto dos meus amigos, fomos tomar um refresco. Como o guaraná não custava muito, resolvi matar saudades ali mesmo. Valeu também pela garçonete. Ah, loirinha…

Tio do crepe – A prova definitiva de que os franceses estão mudando (ainda bem!). Eu estava com muita vontade de experimentar um autêntico crepe de rua. Tive a chance horas antes do embarque para Veneza, ainda circulando próximo aos boulevares. Sabia apenas pedir: “bonsoir, monseur. A crepe avec nutellá, sil vous plait”. Sorridente, o tio começou a preparar o acepipe, emendando com uma indecifrável francesada. Minha cara de “je ne parlez pas esto que usted parla, caspite” fez com que ele se esforçasse como nunca para falar em inglês. A frase indecifrável era algo como “estou preparando um fresquinho para o senhor”. Que beleeeza!!!

Família de Veneza – Sem sombra de dúvidas, a melhor coisa que nos aconteceu em 20 dias foi a hospedagem de Veneza. Atílio, Luciana e seus filhos mantém um quarto de sonho em Favaro Veneto, região bastante aprazível e a 20 minutos de Veneza. Na noite de sábado, fomos recebidos pelo filho mais velho, que nos apresentou ao oásis. É uma pena que tenhamos ficado tão pouco tempo ali. Mas promessa é dívida: eu voltarei.

Mulher do próximo – Assim como o povo de Zamunda e a legião de Michael Stipes, essa é outra categoria de personagens em bando: todas que implicam em infração ao nono mandamento: não cobiçarás a mulher do próximo. Ainda mais se o próximo estiver próximo. Entre as inúmeras, a única que valeu um discreto registro fotográvico: uma canadense, sentada em frente a estação de trem de Veneza (24/10). Ah se ela me desse bola…

Salvador Dali – A primeira vez que encontramos com o artista, um dos ícones do surrealismo, foi no Museu Reina Sofia, em Madrid. No Camp Nou, em Barcelona, lá estava ele novamente, como torcedor símbolo da equipe azul-grená. Mas foi em Veneza, no Palazzo Grassi, que conferimos um grande recorte de sua obra, em uma exposição dedicada ao catalão.

Garçom modorra – Não faltaram europeus mal-educados em nossa lista. Mas esse bigodudo veneziano superou todos. Tudo bem, não sabíamos que “pepperone”, a nossa lnguiça, também pode significar pimentão. Pois o garçom simplesmente não desfez a dúvida, permaneceu calado, trouxe uma pizza de pimentão e a conta, de qualquer jeito. Quase não pago o serviço, mas achamos melhor não criar confusão. Detalhe: no dia seguinte, passamos pelo mesmo lugar. E o tal modorrento estava com o mesmo uniforme. Deve ser escravo daquele lugar. Bem feito.

Burra da bilheteria – Nos ônibus de Veneza, toda bagagem grande também paga uma passagem. Assim, precisávamos de nove bilhetes – três para retornarmos a hospedagem, mais seis para voltarmos com as malas à estação de trem. Só que a tonta da bilheteira não queria me vender as nove passagens. Certamente ficou me perguntando o que diabos eu faria com tantos bilhetes. Até explicar tudo – em jalaponês, mistura de todos os idiomas possíveis, a mocinha pediu sinceras desculpas. “É que eu não entendo espanhol”. “Mas eu estava falando em português, senhorita”. “Ih, tampouco”.

As freiras – Não sei se dá pra chamar isso de azar. Quando o trem que nos levou à Roma deixou Veneza (25/10) e foi apanhando mais passageiros, constatamos a presença de duas moças bem novinhas, mas nitidamente dispostas a compartilhar peculiaridades da lingua nativa. Pena que sentaram um pouco longe dali. Perto do Lello e da Lu, no entanto, sentaram duas freiras. Ao menos todos fizemos uma boa viagem, graças à Deus.

Menina do trem – Azar não foi. Talvez incompetência. Na minha frente, estava a menina mais graciosa da Itália. Longe dos padrões de beleza impostos pela sociedade, mas o suficiente para que eu me casasse com ela ali mesmo. Esbocei um sorriso. Ela permaneceu séria e pegou um livro e não tirou os olhos dele durante praticamente toda a viagem. E eu, uma pedra.

Acqua Minerale – Taí um sério candidato a personagem mais hilariante. Assim que o trem encostou em Firenze, na metade do caminho, surge do nada um vendedor ambulante, trazendo água mineral em seu isopor. Só que o sujeito gritava “acqua minerale”, como se imitasse o Pato Donald. Não tinha como não rir. Até as freirinhas e a mocinha da minha frente não se aguentaram. Vez ou outra, antes de chegarmos em Roma, olhava para os lados e dizia, com a voz caricata: “acqua minerale…”.

Taxista perdido – Sabíamos que nossa pensão ficava a alguns metros da estação Roma Termini. Cansados e com toneladas de bagagens, optamos por mais um táxi. Nada demais: a decisão por pagar um pouco mais e se livrar de um problema virou obrigação desde Madrid. Desta vez, o motorista, certamente um novato no pedaço, levou alguns minutos para encontrar a rua em seu mapa e chegar ao local. Nisso, faturou onze euros – a pior relação custo-benefício entre os taxis que encaramos.

Madame Min 2 – Definitivamente, a primeira impressão de Roma não foi das melhores. A dona de mais essa pensão era tão Madame Min quanto a de Lisboa. Mas ela parecia bem mais simpática. Sem falar no compromisso da velhota em nos colocar num quarto maior, além de nos deixar com a chave (e com liberdade de horário), reduziu o impacto negativo. Tudo mudou com os seus sumiços constantes e a negligência com o café. E tornou-se insuportável com a desagradável despedida – saímos como se tivéssemos feito algo muito errado… Nunca mais ponho meus pés nessa espelunca.

Bêbado na rua – A região da Stazione Termini lembra muito o nosso Bom Retiro. Até ao caminhar pelas calçadas é preciso cuidado com a quantidade enorme de “forasteiros”, entre outros menos favorecidos que perambulavam por ali. Um deles, absolutamente travado, caminhava a nossa frente. Lentamente e sem qualquer direção. Levamos alguns minutos para “ultrapassá-lo”.

Casal húngaro – De todas as estalagens que paramos, estes foram os únicos hóspedes comuns que tiveram algum contato conosco. Na primeira vez, Madame Min 2 pediu ajuda para a Lu, que sabia alguma coisa em italiano, para conversar com os dois. Em outra, Lello trocou algumas palavras com a moça, na cozinha. Eles é que foram espertos: deixaram todas as malas fora dos quartos antes de ir embora. Certamente mantém um bom relacionamento com a velha até hoje.

No pay no photo – Esse tiozinho barbudo, fantasiado de centurião romano, fazia a festa dos turistas na Piazza di Spagna (26/10). Andava com uma placa alusiva a sua condição de guardião. Mas era só virar a tabuleta para a mensagem principal aparecer: “no pay no photo”. Esses guardiões são todos uns mercenários mesmo.

Casal Fontana – Estes são os meus preferidos. Patrícia e Osami, jornalistas de TV procedentes de Ribeirão Preto, estavam de férias, produzindo um documentário sobre brasileiros na Europa. Encontraram um gordo bobo, em frente à Fontana di Trevi, fazendo micagens diante de outra câmera. No mesmo minuto, Patrícia pediu para que eu gravasse uma entrevista para o seu trabalho. Mas o melhor ainda estava por vir: encontraríamos o casal a bordo do mesmo trem que nos levou à Bari, na madrugada seguinte! Incrível coincid6encia, que rendeu uma longa noite de conversa extremamente agradável!

Funcionário da porrada – Mais uma prova de que Roma não é nada disso. O metrô romano é uma das coisas mais mal cuidadas do mundo moderno. Na maioria das estações, máquinas substituem as tradicionais bilheterias. E funcionam só quando querem, óbvio. Uma delas engoliu nossas moedas, sem emitir o passe. Prontamente, um funcionário da estação chegou para resolver o problema: deu um soco animal na máquina, que cuspiu a moeda no mesmo instante. Na sequência, colou um papel com fita durex: “fora de operação”.

Chata da fila do mercado – O dia 27 prometia. Além do passeio por toda cidade (incluindo vaticano e Coliseu), ainda embarcaríamos na mesma noite para o bate-volta em Bari. Uma parada no supermercado, na Via Mamiani (perto da praça Vitorio Emanuele) era providencial. Depois das compras, hora de pagar. Nisso, uma mulher muito implicante se via com toda a razão do mundo para passar na nossa frente. E ficou gritando, no idioma dela, enquanto acertávamos tudo. Outra chata similar me abordou dois dias depois, na Stazione Termini. Acho que eles não sabem o que é fila.

Loja Mur – Ainda no clima de Lost In Translation. Inspirados na cena em que o fotógrafo pergunta a Bob Harris se ele conhece “Loja Mur”, referindo-se a Roger Moore, todo oriental romano (e eram muitos, todos vendedores) eram Loja Mur.

Militantes do Kerry – Faltavam poucos dias para as eleições norte-americanas, e a campanha andava a todo vapor. Inclusive na Itália: bem perto do Coliseu e do Foro Romano, um grupo de militantes fazia campanha a favor do candidato democrata, John Kerry. E tinha uma militante… Por ela eu votava no Kerry ali mesmo!

Drink no inferno – Manhã do dia 28 de outubro, estação central de Bari. Antes de tomarmos mais um trem, para Polignano a Mare, café da manhã na lanchonete do local. Todos, do caixa aos atendentes, pareciam ter acordado naquele minuto. Enquanto lanchávamos, assistíamos ao diálogo entre os dois balconistas: “quem pediu isso?”, segurando um sanduíche. “Não sei”, respondeu o outro. O primeiro jogou o sanduíche pro final do balcão, de qualquer jeito…

Dupla de mascates – Os únicos personagens que metiam medo: dois jovens, que certamente não se conheciam, dividiram conosco o mesmo espaço entre Bari e Polignano a Mare, trajeto de meia hora. Em total silêncio, como se tivessem alguma culpa no cartório. Como os dois seguiriam até Lecce, decidimos não questionar absolutamente nada e descer logo daquele trem.

Moça da banca – Diferente da maioria dos italianos, em Polignano a Mare sobravam sorrisos. O primeiro deles logo nos primeiros metros, em uma banca de revistas. a Lu levou de presente um guia da cidade (com um “grande” mapa) e eu, alguns postais para a minha coleção. Ao saber da nossa origem, não pensou duas vezes: “Brasil? Meio longe, né?”.

Mulher anti-baliza – De uma maneira geral, dirige-se mal na Europa. A cada cinco carros estacionados, pelo menos três possuem alguma marca, relacionada a algum acidente. Pois eu precisei viajar alguns milhares de quilômetros para constatar a maior das barbaridades: uma mulher guiava tranquilamente por uma rua de mão dupla. Subitamente, ela invade a faixa da esquerda e estaciona beirando a esquina, em cima da faixa de pedestres. E sem baliza: do jeito que ela veio, parou. Mas o que é isso…

G. Mastororosa – Cruzamos toda a cidade, à beira do mar Adriático, em algumas horas. Interagimos com alguns vendedores, com os garçons de um belo restaurante à beira da praia, um dos velhinhos (que nos indicou o banheiro público) e mais ninguém. Entre todos os transeúntes, o único que faltou falar foi justamente o senhor (ou senhora) G. Mastrorosa, o único parente da Lu encontrado neste cantinho, de onde saíram seus antepassados.

Equatoriano das camisas – Para um país que adora futebol, faltam lojas esportivas em Roma. E as camisas de clubes encontradas nos camelôs são muito, mas muito horríveis. Levamos dias para encontrar alguma decente. E lá estava ela, aos 48 do segundo tempo (29/10). Em busca dos últimos presentes, fomos auxiliados por um equatoriano, perdido naquela simpática loja de uniformes e camisas de clubes.

Pietro – Ah, mas é a nossa última refeição na Europa, dizíamos, antes de encontrar um restaurante especial para nos despedirmos da viagem. Encontramos mais um entre os inúmeros nos arredores da Stazione Termini. E com o garçom mais simpático entre todos: a cada aparição, uma piadinha ao estilo “aproveite bem a vida”. Boa, Pietro!

Taxista honesto – Bem que a Madame Min se esforçou para que as nossas últimas horas em solo europeu fossem terríveis. Felizmente, dei sorte ao encontrar um taxista boa gente, que nos levou até o aeroporto de Fiumicino e nos brindou com um bom papo. Sem esquecer de avisar o óbvio: é bem mais barato ir de trem “Claro que, pra mim, é melhor levar vocês até lá”, alertou. Mas vai dizer isso aos reis da bagagem.

Zé e Roberto – Por culpa de um italiano fiadaputa, nosso três assentos do vôo AZ674, reservados desde junho, foram desmarcados. Um passageiro exigiu a janelinha, e nós pagamos o pato – ouvimos apenas um “sinto muito”. Achei melhor deixar a Lu e o Lello juntos e sentar no assento desmarcado, no meio. Nisso conheci a dupla Zé e Roberto, responsáveis por uma indústria de calçados em Franca. Vieram para uma feira do setor. “A qualidade dos nossos é muito superior, mas os italianos tem mais estilo”. Coitado do Zé, que passou as onze horas do vôo com uma forte gripe. Roberto não teve problemas: tomou um calmante e dormiu o tempo todo.

Gordinha – Ainda havia uma esperança de sentarmos juntos. Bastava o passageiro exigente topar trocar de assento, e quem sabe, decidir com os dois amigos dos calçados quem senta na janela ou não. A nova dona do assento, sem culpa nenhuma na história, era uma médica bastante simpática. Mas um pouco grande. Por essa razão precisava ficar ali mesmo. Nas poucas vezes em que pude conversar com a Lu e o Lello durante o vôo, ela me pedia desculpas por não ter trocado de assento.

Tia May – Nossa última personagem deu as caras ainda no avião, mas já na pista do aeroporto de Guarulhos, onde tudo começou (30/10). Tia May liderava a conversa entre as outras tias, todas vindas de um passeio religioso pela Itália. As amigas de Tia May contestavam-na, pelo fato dela ter comprado brinquedos para o seu cachorro – trata do animalzinho como se fosse seu próprio filho. Usei uma frase do ex-ministro Magri para ganhar a simpatia a tia: “cachorro também é gente”. E antes que alguém pergunte, Tia May é a única referência a “homem aranha” que merece citação entre todos os nossos inesquecíveis coadjuvantes.

E quem conseguiu chegar até aqui merece uma viagem como a nossa.

Comentários em blogs: ainda existem? (15)

  1. Cara, isso foi grande. E me deixou com muita inveja. Morro de vontade de conhecer a Europa, principalmente Portugal. Espero um dia ter essa chance.

    Marmota, você tá ligado que eu sou a Ovelha Assassina, né?

  2. Meu, eu tava sentindo falta de um post desses sobre os 20 dias!! Dava até a impressão que você não havia gostado do passeio… (Há, até parece, né?)

    Um abraço!

  3. Caramba! Essa lista é imensamente maior que a da outra viagem… Nossa, haja memória para lembrar de cada pessoa!
    Se fosse eu, o q eu estava falando mesmo?!?!?!
    Hehehehehe…
    Estou mais para a Dory do “Procurando Nemo”!
    Bom, só vc mesmo para nos fazer viajar sem sair de casa. Parabéns!
    Beijão!!!

  4. entaum… tb tava procurando a versão original da música do ovelha (Sem vc não viverei)e encontrei… ela se chama “More Than I Can Say”e quem canta é Leo Sayer …. espero ter ajudado…abraço

  5. ola. preciso de uma ajuda.
    será que vcs podem me mandar modelos de garçonetes de cafeterias.
    eu ja tenho uma cafeteria mais quero inovar com novidades no fardamento dales. ou qualquer outra dica.

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