A semana teve muito assunto envolvendo Copa do Mundo. Jabulani, Vuvuzela, seleção brasileira, zebras. Teve ainda os corpos encontrados na represa em Nazaré Paulista, o aumento dos aposentados, as convenções que decidiram candidaturas em todo o Brasil… Pense num assunto palpitante que mereça figurar na Capa da revista Veja.
Então, temos… CALA BOCA GALVÃO! E mais: a fúria do Twitter! FÚRIA!!! COMO ASSIM?!?!
Posso imaginar a redação da Revista Veja, final da tarde de uma quinta-feira, por exemplo. De repente, por razões enigmáticas, o editor-chefe diz:
– Nossa capa vai ser o Galvão nos trending topics. Executem.
A redação fez tudo que dá pra fazer até o fechamento. Explicar o que é Twitter, tópicos mais populares, potenciais ondas formadas na superfície da Internet, uma linha do tempo com a quantidade de menções, a repercussão na imprensa internacional, a estratégia (bem executada) da Globo em botar o Galvão Bueno pra concordar com a idéia e entrar na campanha (até porque, a maioria de seus “interlocutores” estão na frente da TV, e não no Twitter)… Na carta ao leitor, um texto inflamado e, cá pra nós, bastante discutível, inflando a proposta do adjetivo “fúria das mídias sociais”.
Diga algo, no entanto, que parece fundamental nessa pauta. E não tem na reportagem da Veja.
Sim, senhores. Uma entrevista com o próprio narrador. Certamente alguém tentou, mas desde que a revista publicou a bombástica declaração de Roberto Carlos – de que ele dificilmente jogaria na seleção só porque Galvão implicou com a meia. Para compensar, tem um box com um belo histórico, incluindo logicamente alguns momentos que ele não gosta de lembrar, como a careta escandalosa ao lado de Pelé e Arnaldo no momento “é tééétrááá”, ou um episódio no início de sua carreira, quando narrou um jogo do Mundial de 74 pensando que as duas seleções eram umas. No fim, eram outras.
Enfim, já que o assunto vai seguir por mais uma semana, convém contextualizar essa capa com algumas perguntas feitas por Carol Knoploch em 2002, na época no Estado de S. Paulo, pinçadas desta reprodução do Observatório da Imprensa. Talvez excluindo o “tem gente imbecil e idiota”, amenizado neste episódio, certamente não mudou muita coisa, não acham?
Estado – Como você se define?
Galvão – Sou um vendedor de emoções.
Estado – Você se emocionou mais no tetra do que no pentacampeonato do futebol?
Galvão – Aquela cena é ridícula porque é histérica. Foi o Pelé que me agarrou no pescoço na comemoração do tetra. Morro de vergonha cada vez que revejo. Em 1994, foram 90 minutos 0 a 0. Mais 30 minutos 0 a 0. Os pênaltis… O coração estava batendo no lugar da amígdala. Aí aquele berro: ‘acabou! É tetra!’ No Japão foi diferente. O time do Brasil era muito melhor que o da Alemanha. Foi ganhando o jogo à medida que o tempo foi passando.
Estado – O narrador tem de ser torcedor também?
Galvão – O esporte é basicamente emoção. Então, meu papel é falar sobre a técnica, a tática, o confronto de inteligência mas também vender essa emoção. É por isso que o esporte mobiliza um país, pára um país. É por isso que enlouquece as pessoas, que existe a rivalidade entre os torcedores.
Estado – Qual é o limite?
Galvão – É completamente diferente transmitir Corinthians x Palmeiras e Brasil x Alemanha. Vou torcer para quem? É evidente que torço para o Brasil. O telespectador também está angustiado, também torce para o Brasil, grita de forma tão histérica como eu, mas tem uma vantagem: pode xingar. Eu torço mesmo, e daí? Claro que tenho limites, que é o compromisso com a verdade. Existem pessoas que me dão retorno durante as transmissões. Não estou ali sozinho. Recebo alguns toques.
Estado – Sente-se amado e odiado?
Galvão – Sou polêmico. Ou gostam muito ou detestam. Mas a proporção dos que gostam é bem maior. Estou lá há 20 anos… imagina, sempre eu falando. É normal.
Estado – E as manifestações ofensivas?
Galvão – São 2% das manifestações. Nunca de crianças e de idosos. Tenho uma ótima relação com eles.
Estado – Você se acha chato?
Galvão – Muitas vezes. Sou exigente e perfeccionista. Às vezes passo do ponto. Mas a maior cobrança é comigo mesmo. Se sou chato para mim mesmo, imagina para o torcedor.
Estado – Como você lida com as críticas?
Galvão – Eu me descabelava. Hoje, não ligo. Evidente que tem gente imbecil e idiota. Escreveram recentemente, quando meu filho Cacá ganhou a corrida da Stock Car do Rio e que eu narrava, que tudo estava combinado porque era Dia dos Pais. Aí é maldade e me incomoda.
Estado – O que aprendeu com as críticas?
Galvão – Que não se deve criar desculpas para justificar erros. Sou um ser humano, tenho o direito de errar. Falo ao vivo, tô na pilha e erro. Me corrijo na maior cara-de-pau. Às vezes, dou até risada.
Pois é, meus amigos. Capa da Veja. Que coisa, hein…
TODA A VERDADE SOBRE O “ABRE O VERBO DUNGA”!!!!!
Helio fernandes, Tribuna da Imprrensa resume a ópera:
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Apesar de dar o “caso” por encerrado, a Globo não esquece Dunga, sabe que agora perdeu. No início de 2008, Dunga venceu, depois perdeu no final de 2008 com Galvão Bueno. Ricardo Teixeira não ganhou antes ou depois, não combateu
É uma luta constante, aberta ou escondida, gravada ou ao vivo, mas com direito a ida e volta ou até reviravolta. E péssima análise. Com isso, pedido de trégua. No domingo, editorial no Fantástico (não há Jornal Nacional nesse dia), mas os inspiradores e até redatores, do alto escalão.
Só que acreditavam se esconder por trás do repórter Alex Escobar, insultado por Dunga na véspera, e obter a audiência recorde de 44 pontos. (Como aconteceu no jogo Brasil-Coreia do Norte, dados do Ibope).
Mas como o Ibope dá resultados contra e a favor, logo comunicava à Globo: “O editorial contra Dunga repercutiu muito mal, quem estava contra ele, ficou a favor”. Começaram a se assustar e entraram em “pânico na TV”, quando receberam o resto da informação: “A opinião pública concluiu que a Organização Globo está contra a seleção”.
Sabendo que não podiam lutar contra isso, mudaram totalmente de posição, “o episódio está encerrado”. E complementando com as ORDENS INTERNAS NESSE SENTIDO, publicamente fizeram autocrítica, chorando aos pés da Procissão: “Sempre fizemos tudo pela seleção, corremos até o risco de trocar o jornalismo pela TORCIDA, mas foi sempre o que fizemos”.
Não acaba aqui, porque nada começou aqui.
A Globo quer dominar tudo, e não apenas o futebol. Com a Organização, as potências jamais andam na rua, se escondem para dominarem com vigor e efervescência. (É essa palavra mesmo). Com treinadores que trocam abençoadamente a independência pela exibição, a Globo não perdeu nenhuma luta, nem sequer um round.
Só que Dunga “enganou” muito bem os analistas de plantão da Globo, assumiram que “o atual treinador é dócil como os outros”, e foram dormir saciados. Só que se equivocaram totalmente. Deviam ter concluído, que não podia ser por acaso que o treinador era conhecido pelo apelido (seria pseudônimo?) da fábula.
A luta vem de longe, pois Dunga, ao contrário de outros, com muito mais nome (tipo Leão e Luxemburgo, na época), está há quatro anos à frente da seleção. Veio “por mares nunca dantes navegados”, sem naufragar, mesmo enfrentando turbulências da poderosa nau platinada.
Vou contar apenas dois episódios marcantes da luta pelo “cinturão”, entre Dunga e a Globo. Os dois em 2008, o primeiro, estocada de Dunga, vitorioso. O segundo, revide da Globo, que era para ser demolidor e arrasar Dunga, mas que ele recebeu, não revidou e ganhou.
1 – Dunga comunicou à Globo que “gostaria muito que Mario Jorge Guimarães deixasse se ser o elemento de ligação com ele”. Dunga sabia que fazia aposta que só mesmo Lloyd’s de Londres bancaria.
Bancou e ganhou. Mario Jorge Guimarães, homem fortíssimo da Organização, ficou surpreendido ao ser “promovido” a Executivo BEM ALTO do SporTV. E Dunga também surpreendido com a vitória. Só que não sabia que a Globo acertara com Ricardo Teixeira um esquema para derrubar Dunga.
Nesse esquema, entrava o seguinte. A Globo, representada por Galvão Bueno. a CBF e Ricardo Teixeira pelo assessor de cavalaria. E o instrumento seria o programa “Bem, amigos”, do próprio Galvão.
Uma irresponsabilidade jornalística (?) total. O programa, com toda sua equipe de estrelas, só tinha um objetivo: revelar à opinião pública e comentar a SUBSTITUIÇÃO DE DUNGA por Muricy Ramalho.
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PS – Para maior grandiosidade, o próprio Muricy estava presente, endeusado, engrandecido e aplaudido, rindo a noite toda. O programa levou duas horas e 20 minutos, só se tratou disso.
PS2 – Para justificar a “informação”, disseram candidamente que ela vinha de alguém “que circulava em torno de Ricardo Teixeira”. Ha!Ha!Ha!
PS3 – Acabou a palhaçada, todos satisfeitos e vitoriosos, foram jantar depois do programa, (como fazem habitualmente) tinham como certo que Dunga procuraria a CBF para se render à Globo.
PS4 – O treinador foi ganhando, acumulando vitórias esportivas e fazendo o tempo correr a seu favor.
PS5 – Teixeira, seu assessor de coudelaria e a Globo, esperando tranquilos a derrocada de Dunga. Mas este foi ganhando, o tempo passando e tornando impossível sua demissão.
PS6 – Chegou a época da Copa, a Copa uma realidade, não entenderam nada. Tiveram a audácia de ir pedir a Dunga uma “entrevista exclusiva”. Levaram um safanão, jogaram a culpa em cima do mau humor do treinador.
PS7 – Agora, não tem mais solução: se a seleção VENCER, a vitória é do Dunga. Se for DERROTADA, é a Globo. A própria Organização PASSOU RECIBO.
QUÉM NÃO ABRIRIA O VERBO TAMBÉM?? O CARA TÁ CHEIO DE TRAIRAGEM!!!