Há muito tempo trouxe aqui a resposta da Rebecca Blood para uma pergunta comum, apesar de irrelevante: o que leva um indivíduo a dedicar boa parte do seu tempo num blog? Em seu livro The Weblog Handbook, ela cita três motivos básicos: compartilhar informações, estabelecer uma reputação online ou expressar suas impressões descompromissadamente. Em qualquer dos casos, acaba estabelecendo relações – tanto dentro da rede quanto fora dela. Isso sintetiza o que podemos chamar de cultura blog.
Talvez todas as respostas caibam dentro da palavra “relacionamento”. De qualquer forma, para efeito de retrospectiva, acho interessante enumerar algumas possibilidades – de repente, encarando todas de uma vez, dá pra despertar um insight (ou mais) e descobrir novas utilidades para um blog. Vejamos.
Contar a sua história – O Idelber foi muito feliz ao sintetizar sua tese durante apresentação no Salão do Livro (aquela que eu perdi). Resumidamente, o blog é uma das formas mais simples e democráticas para qualquer um contar a sua história de vida, espécie de autobiografia em tempo real. Mesmo naqueles que não nasceram com esse objetivo: é a pessoalidade do blogueiro que dá o tom.
“Os blogs são a resposta dada pelos usuários das novas tecnologias de publicação online à necessidade de representação da experiência… Pouco a pouco vai se tecendo um personagem de ficção ali naquele espaço, que os leitores acompanham um pouco como acompanhamos uma telenovela. Com as diferenças que o enredo traz uma relação direta com a experiência de quem escreve e que o final da história não está determinado de antemão”, diz. Perfeito.
Enriquecer debates – Aos poucos, jornais e revistas semanais vão ganhando a companhia da web como veículos “formadores de opinião”. Primeiro eram apenas os blogueiros mais tarimbados, especialmente jornalistas, que conseguiram fixar seu espaço e atingir seu público, num fluxo constante de informações e discussões. Quando indivíduos que já carregam essa imagem fora da rede entram na roda, esse fluxo ganha relevância.
Exemplo mais recente: o blog do Cesar Maia. Tudo bem, se você mora no Rio, pode não gostar de saber que o prefeito da sua cidade se ocupa com essas coisas. Se não mora, pode dar risada se quiser comparar essa brincadeira com blogs políticos norte-americanos, criados como catapultas para campanhas eleitorais. Não importa. É uma figura pública disposta a conversar diretamente com seu público, sem intermediários. Tomara que a moda pegue.
Fixar marcas e vender – A chance de atingir pessoas diretamente criando um laço pessoal vem sendo explorada por corporações. E não apenas jornalísticas, como faz O Globo: a Adobe, o Google ou mesmo a General Motors também exploram a capacidade de comunicação da ferramenta (se estão conseguindo é outra história).
Se lá fora o blog já virou alternativa empresarial, aqui a coisa ainda é vista com ar pueril ou adolescente. O máximo que vi foram coisas estranhas como essa campanha da Caixa Econômica Federal. Criaram personagens carismáticos com a pretensa vontade de se aproximar dos clientes em potencial. Mas falta ao “blog da Caixa” o que os outros “vendedores” já sacaram que funciona: interatividade e sinceridade.
Filtrar informação – Não é fácil lidar com a quantidade monstruosa de dados que circula via internet a cada instante. Separar o joio do trigo é uma tarefa árdua, e ao mesmo tempo muito valiosa. Muitos blogs conseguem “filtrar” conteúdo específico e interessante, muitas vezes reduzindo o tempo de navegação – outro bem valioso nesse mundo de zeros e uns.
O formato descobriu ainda um parceiro fora de série para potencializar a filtragem e dar ao seu visitante ainda mais tempo: o RSS. Imagine se cada um de nós tivesse ao nosso inteiro dispor um site personalizado – como o Macromedia XML News Aggregator.
Tudo… e nada – A discussão sobre blogs e suas serventias vão longe, e felizmente, há muita gente estudando o fenômeno em teses de mestrado e doutorado. No outro extremo, a ferramenta pode não servir pra nada de útil: seja espalhando vírus e outras pragas, seja para fomentar sentimentos irrelevantes, seja simplesmente não falar piciroca nenhuma que preste – como nesse pequeno fenômeno em homenagem a Regina Duarte.
Ainda que cada um tenha suas razões para manter um blog atualizado sistematicamente, ou enxergue nessa ferramenta todo tipo de potencial, talvez a melhor resposta seja a do Mario AV, um dos nomes mais populares da nossa blogosfera – e que depois de “juntar os bits” com a Adriana, decidiu voltar a escrever sobre arte e design. E explicou a razão:
“…Recebi incessantes pedidos de amigos para voltar com o site, e sempre respondi o mesmo: blog pessoal para mim é página virada… Meu chefe conseguiu o que meus amigos não puderam em dois anos, simplesmente porque exprimiu a idéia de uma maneira mais sedutora. Não fazer o blog para influenciar, doutrinar ou impressionar pessoas: apenas porque é muito legal. O blog é legal porque promove troca de idéias. Cada um chega com uma e sai com várias…”
Simples assim.
Um blog é o espaço pessoal que se quer dividir com todo todo mundo.
Belo texto, para mim, o dinheiro gasto com minha hospedagem do blog e conexão com a internet, são meu divã de análise.
Meu blog aguenta minhas neuras, minhas confissões e meus conhecimentos.
Ainda não conheci nada melhor.
Abração
Eu realmente nem sei por que não consigo abandonar o meu blog, alias o fix uma vez, o que me deu um sentimento de arrependimento e vazil absurdos que me fez passa rpara um hopedagem e dominios pagos.. mas eu realemte acho que é pra ter um lugar acessivel pra compartilhar nossas opiniões, não acredito nas pessoas que dizem ” faço o meu Blog pra mim “.. já que é mais facil manter um diario na cabeceira.
Eu nao sei por que faço o meu blog, talvez para poder expressar minha opinão sobre qualquer coisa ou simplesmete escrever algo, já que gosto disso (mesmo não sendo bom). Eu realmente não acredito na pessoa que diz que faz o blog para si mesmo, se fosse verdade não haveria nescessidade de fazer algo público.
teste teste? ta comentando?
Não sei por que meus comentarios não esto parerendo =p… eu faço o meu blog simpleste por que gosto de escrever e de ouvir a opinião de que le o que escrevi
Excelente argumento.
Um conhecido uma vez chegou e disse “Mas pq fazer esses logs da vida?”
Eu respondi parecido: “Porque é legal”
Ele “Hm… Ok, convenceu.”
Por isso que eu evito me prender à periodicidade e procuro escrever só quando tô a fim… mesmo que isso signifique uma semana de inatividade ou mais, hehehe!
Afinal, faço meu blog pra mim mesmo! ^_^
Patético esse “blog da Caixa”. Nem esses bloguinhos de celebridades, escritos por ghost-writers, conseguem ser piores…
Ótimo texto. Foi mais ou menos isso que eu quis dizer no meu post de 31/8. O blog é coletivo e eu só posto às quartas-feiras. Comecei há pouco tempo e ainda estou tentando encontrar uma linguagem própria. Mas o prazer de ler blogs e conhecer os blogueiros já me deixou viciada nisso.