Para ouvir e pensar no tempo que temos

O ano não acabou, mas eu posso dizer isso sim. Então recupero minha folhinha de 2013 e começo a lembrar de todas as nossas datas. O cinco de setembro, quando você apareceu. O dois de maio, quando me ajoelhei diante de ti. Todos os dias de agosto, desde o poético e inebriante 14 até o esquecível 25, quando tudo se perdeu e eu nem tive tempo de perguntar como foi. Como somos ridículos tentando adaptar nossos cronômetros biológicos e psicológicos a uma mera convenção criada pelo homem. Mais idiota ainda eu me sinto quando ouço algum amigo dizer “ah, mas é recente”. Como explicar a alguém quanto tempo dura a eternidade? Esses dias vi uma outra grande amiga falar sobre um 28 de novembro: dizia que era dia de recordar, sorrir, cantar, contar histórias, brindar, viajar e até chorar. Um pouco antes, enquanto viajava, escrevi pra ti em um daqueles momentos de fraqueza idiotas. Falava sobre a morte de um blogueiro que admirava. Lembrei que nossa vida é muito curta para perdermos nosso tempo sofrendo. Amanhã ou depois, um estalo desconhecido pode nos privar de fazer o que a gente realmente quer. A mesma sensação reapareceu esta semana, quando reencontrei um alguém que, não faz tanto tempo assim, admirava e queria bem como um adolescente descobrindo o prazer de ficar gamadão. Não sabia a quantas a vida dela andava e, quando li as notícias que mexeram com o 14 de junho dela, tive vontade de dar um abraço enorme. Mudaram as estações, mas nada mudou. Conto os dias para o final do ano e me dou conta que tanto faz: posso te contar coisas em dez minutos… Ou em uma vida inteira. Fecho os olhos pra não ver passar o tempo porém só te vejo dizer “nosso tempo já passou”. E isso não faz sentido, pois é tão claro pra qualquer um que o nosso tempo é hoje. Duro é quando nossos desejos, de uma hora para outra, deixam de coincidir. Então a gente se dá conta: só nós mesmos podemos cuidar do nosso tempo. Sei que já passou da hora, mas no fundo ainda é cedo. Por mais que eu tenha que lidar com a ideia de que apesar de você amanhã será outro dia, ao mesmo tempo cada minuto é muito tempo sem você. Então vem, aproveite o momento, ouça e pense sobre o tempo que temos.

  1. Time – Pink Floyd
  2. Through Glass – Stone Sour
  3. Electrical Storm – U2
  4. Amor Perfeito – Roberto Carlos
  5. Fonte da Saudade – Kleiton e Kledir
  6. Sobre o Tempo – Nenhum de Nós
  7. The Logical Song – Supertramp
  8. Dust in the Wind – Kansas
  9. How Soon is Now – The Smiths
  10. Por Enquanto – Legião Urbana
  11. Oração ao Tempo – Caetano Veloso
  12. Time Stand Still – Rush
  13. Back In Time – Huey Lewis & The News
  14. Tempos Modernos – Lulu Santos
  15. The Time of my Life – Bill Medley e Jennifer Warnes
  16. Epitáfio – Titãs
  17. Closing Time – Semisonic
  18. Resposta ao Tempo – Nana Caymmi
  19. Nada Será Como Antes – Beto Guedes e Milton Nascimento
  20. Amanhã – Guilherme Arantes
  21. Have You Ever Seen The Rain – Creedence Clearwater Revival
  22. Here Comes The Sun – The Beatles
  23. Amores Imperfeitos – Skank
  24. Apesar de Você – Chico Buarque
  25. O Relógio – Walter Franco
  26. O Tempo não Pára – Cazuza

Ouça esta playlist (se quiser, enquanto revisita os últimos textos deste blog) no canal do Okmem do YouTube (e eu não entendo como não tinha pensado nisso antes):

(Okmem, aquele troço de ouvir fita de música, é uma ideia original da Elis Marchioni. Sugestões de listas ou similares, entre em contato com o nosso SAC.)

André Marmota é professor universitário e ouvinte frequente da pergunta “mas e além disso, você também trabalha?”. Quer saber mais?

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