Talvez isso seja a coisa mais comum (infelizmente), mas conheço um pequeno condomínio, daqueles onde todo mundo se conhece e, se não falam mal da vizinhança, espezinham a vida de seus dois ilustres funcionários: o zelador e o porteiro. Por questões de economia, além da sonegação de alguns inquilinos vagabundos, não existem substitutos, reservas, divisão de turno… São só os dois, dando plantão o dia inteiro.
Claro que nem sempre dá para encontrá-los – especialmente na hora do aperto, quando mais precisamos deles. Mas o caso do zelador é pior. Ele passa o dia todo na sala de seu apartamento, vendo os programas femininos da tarde. Quando se levanta, invariavelmente manda fazer alguma coisa. Toda e qualquer ordem do zelador, por mais esdrúxula que pareça, precisa ser atendida prontamente, seja lá quem estiver no prédio. Dizem que o zelador é temido principalmente por ser amigo do dono (esse sim raramente se envolve ou aparece), o que explica seus rompantes prepotentes.
Certa vez, os condôminos foram surpreendidos pelo porteiro com um aviso: todos deviam pagar alguns tostões a mais, graças a uma repentina compra de tintas para as áreas sociais. A história se revelou logo depois: o zelador não gostava de ver as paredes pintadas de azul. Preferia verde-limão. Não houve consulta, nem argumentação. Foi o zelador quem mandou, simples assim.
A maioria dos moradores, enquanto não arruma outro lugar para morar, simplesmente ignora os desmandos do zelador. Os mais antigos também não reclamam. Pelo contrário: se tornam amigos, interessados em se aproximar do dono e, quem sabe, descolar boquinhas e participar de churrascos exclusivos para os convidados do zelador. Os poucos indignados evitam desgastes com o eterno dono da razão. Acabam desabafando com o porteiro.
Além de servir como muro das lamentações, é o porteiro que acaba se envolvendo com toda a burocracia do prédio – contas de luz, correspondências, pequenas emergências… Fica o dia todo dando satisfação ao zelador – que, por ser amigo do dono, praticamente obriga o pobre porteiro a seguir sua cartilha. Preocupado com seu ganha pão, acaba não apenas se submetendo a essa situação desagradável (“não posso fazer nada, sou só o porteiro”), como muitas vezes bate de frente com os condôminos (“você conhece o zelador, não podemos fazer isso”).
Eu me preocupo com os amigos que fiz naquele pequeno condomínio. Não dá para processar o zelador, muito menos obrigar o porteiro a tomar uma atitude enérgica. Eu fico imaginando o dia que os poucos moradores chateados decidam eleger um síndico. Um “salvador da pátria”, sem aluguéis atrasados ou infiltrações no apartamento. Alguém que possa cobrar decisões acertadas do zelador e defender os reais interesses dos moradores, dos visitantes… Por que não ignorar o dono, o zelador ou qualquer um que prefira se importar apenas com o umbigo, ao invés de pensar no bem comum?
O ideal seria contarmos com um bom síndico. Mas talvez a única coisa possível para aqueles moradores seja um apartamento novo. Ou esperar o passamento dessa geração, torcendo por mentalidades mais abertas e conscientes no futuro.
É por essas e outras que eu não me imagino morando em nenhum tipo de condomínio. Sempre morei em casa a vida toda, não sei se teria estômago de avestruz ou sangue de barata para agüentar tamanha tirania. Acho que é por isso que eu não nasci na época da ditadura…
Pois eu moro num condominio,eu gosto…ams infelismente tenho que aguentar essas safadezas…mudamos a pouco de “cinico” e vamos ver no q dá…pq o outro axava q era o proprio dono do conjunto.
Teupost me lembrou os dias no edifício mastodonte onde morava com meus pais. O zelador era um alemão careca, volumoso e grosso. O porteiro, havia dois: um chato, Seu Agenor, e um gaguinho, Seu Osvaldo, que repetia ad nauseum,“Tem que ter fé.”
Tinha os fofoqueiros, os encrenqueiros, como o general de pijamas, que implicava com meu pai e sua estação de rádio amador.
A gente se adapta a qq tipo de circunstância quando necessário. Só aqui nos EUA é que passei a morar em casa. É bom ter porteiro mas é chatíssimo ter vizinhos abelhudos.
Com certeza, devemos nos adaptar a certos tipos de circunstância.
Adorei esse blog e gosto mt tb de hospedagem de sites.
Muito bom o post! O que dizer? Esse zelador sofre da síndrome de superioridade aparente que acomete muitas pessoas por aí, mas comumente apresentada em policiais.
Chama o Tim Maia!
Não tem solução fácil pra esse problema condominial. E mesmo mudando a figura do zelador, do porteiro, até mesmo dos moradores, o problema vai ser sempre o mesmo, porque o dono é que precisa tomar uma atitude. Tomara que seja rápido.
nao sei como e o padrao deste condominio mas provalvelmente nao e grande coisa porque os condominios que eu conheco existe ordem e respeito e nada e feito sem a aprovacao do conselho isto quando nao uma assembleia geral
A ladainha é sempre a mesma, se Jesus voltase a terra e fosse zelador, seria crussificado novamente, acho que tem pessoas que abusam das situações, porem tenham certeza que ele está agindo assim depois de tanto passar por outras situações aonde ele não vale nada mesmo que se esforce para dar o melhor de si.
Outra coisa!
As pessoas passam o dia na rua trabalhando e chegam no condominio onde moram e acham que o zelador e os porteiro são obrigados a sevir-lhes de ombros para desabafo de seus problemas
e descarrego de seu dia chato.
Digo isto por que sou zelador e vivo de saco cheio de alguns malditos moradores que passam o dia fora e acham que eu sou empregado particular deles, não acompanham minha rotina diária e por isso tiram suas conclusões dizendo que não faço nada.
Porem quando tem assembleia geral mal abre a boca, não fala nada por nada e ainda sai falando no dia seguinte, sem contar que não tem coragem de se candidatar a síndico(a) porque sabe que esta função é uma bomba, principalmente quando o condominio tem 156 apartamentos.
Algumas pessoas devia enfiar a lingua naquele lugar e cuidar somente da própria vida.
Não entendi quem seria “o dono”…. Dono de todos os apartamentos? Não tem síndico? E a convenção? É sempre essa loucura insuportável como no meu prédio. Estamos com uma síndica psicótica altamente agressiva maquiavélica vingativa atroz. Certos idosos estão com medo mas outros enfrentam. A guerra fria – mas às vezes quente – se instaurou no meu prédio.