Não existe um “guru do amor”

Qualquer ser humano considerado normal sente algum tipo de receio diante daquilo que não conhece. E se esforça ao máximo para conseguir respostas. Talvez seja essa a razão de tanta gente divagar a respeito de relacionamentos amorosos. E é impressionante: a medida em que encontramos novas informações sobre o tema, vamos nos dando conta da sua imprevisibilidade absoluta. Impossível se tornar um “guru do amor”.

Minha conclusão se fortaleceu quando vi esta entrevista com o psicólogo Ailton Amélio, assinada por Adriana Souza Silva e cujo título é justamente o guru do amor. Autor do livro “o mapa do amor”, Amélio coordena, há anos, o Centro de Estudos da Timidez e do Amor ma USP, sendo um dos primeiros psicólogos a tratar do tema de maneira científica.

Pois vejam vocês: mesmo uma pessoa como esta, que conhece todos os meandros da coisa, está se divorciando, demonstração de que qualquer um é capaz de sofrer por conta do amor. “O Ailton psicólogo é eficiente para escrever, para atender, dar aulas. É aquele negócio: santo de casa não faz milagre. Antes de ser psicólogo, sou um ser humano. Seria ótimo se todo médico de regime fosse magro, se todo professor de Educação Física fosse atlético, ou que nenhum médico fumasse”, diz.

Por essas e outras, podemos dizer que qualquer ser vivente, desde Ailton Amélio até André Valente, passando por Sérgio Savian, podem se tornar experientes gurus. Eu mesmo sou um especialista em relações. Todas que eu já tive fracassaram. Algumas que eu tentei também falharam. Quando um grande amigo perdeu a namorada, no final do ano pássado, ouvi que “eu seria a pessoa ideal para um bate papo, por ser um especialista em pés na bunda”…

Enfim. De minha parte, sigo alimentando o sonho de segurar a mão de uma jovem donzela solitária, disposta a dividir alegres momentos por poucos instantes – que podem significar a eternidade ou não, sigo observando casos alheios e sugerindo atitudes. Também presto atenção nas consequências em que essas atitudes podem chegar – também funciona como “auto-defesa”. O mesmo acontece com outros amigos – a Lu, por exemplo, recebe diariamente inúmeros pedidos de conselhos, ou mesmo de uma palavra amiga.

Tudo isso para anunciar mais um pretexto para falarmos em relacionamentos: está no ar, ainda em fase de adaptação, o FAQ do Amor, espécie de consultório sentimental que pretende reunir inúmeras respostas não-definitivas sobre o fatídico assunto. Mantido por “especialistas” como eu – um ser que ainda acredita em coisas tão estapafúrdias como encontrar o grande amor no supermercado, sem precisar viajar ao México.

Até porque, não existem gurus do amor: enquanto outros pesquisadores tentam desbravar os mecanismos dos sentimentos, a vida segue. Despretensiosamente, estamos todos em busca de respostas – ou, quem sabe, novas dúvidas.

Comentários em blogs: ainda existem? (6)

  1. Parece que todo mundo é especialista em alguma coisa. É só prestar atenção nas coisas nos atingindo que se aprende.
    Por exemplo: eu tenho MBA em falta de amor de mãe, deixar as coisas pra depois e se arrepender, etc, etc.
    Vou organizar um FAQ…pensando bem, talvez minha mãe não gostasse. Acho que vou deixar pra depois.

  2. O amor é algo fácil, meu amigo, desde que você saiba o que está fazendo. O problema é que apaixonados quase sempre perdem a noção das coisas 🙂

  3. Marmotinha, querido.. já sei qual foi a agência que passou aquele release sobre o dia dos namorados. Recebi outro release e quero repassar pra você. Manda um e-mail aí, pois não tenho o seu e não tive capacidade pra encontrar aqui na página.

    Beijos

  4. Marmota, amar é muuiiito difícil e ser amado também. Não existe pesquisa, não existe acúmulo de conhecimento que prepare a gente nem pra lidar e gostar da gente mesmo, quanto mais de outras pessoas…. OK, podemos pesquisar, encontrar explicações químicas, explicações lógicas e padrões de comportamento. Apenas para gerar um monte de estatísticas e parâmetros que vão por água abaixo quando a gente pira porque está sentindo demais. Na realidade, o que eu sinto é que a gente se prepara a vida toda pra ser um bom profissional, pra abafar no mercado de trabalho e não se dedica a ser um pai/mãe/filho melhor ou um companheiro/marido/esposa/namorada mais eficaz (será que a palavra se aplica) *sorriso* É simplista, mas é a minha opinião.

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