Marmota no Cassino

– Dando sequência a nossa epopéia de férias, chegamos finalmente a maior praia do mundo: o balneário do Cassino, em Rio Grande. Foram apenas 24 horas perto do mar – não deu pra percorrer quase nada dos seus 254 quilômetros de extensão (!!!), nem uma paradinha próximo ao navio encalhado ou um passeio nas vagonetas dos molhes da barra (passeio imperdível). Mas foi o suficiente para espairecer e molhar as frieiras!

– E pensar que a viagem não foi nem um pouco planejada: estava de pijamas na casa da minha avó, na imutável Cohab Fragata, em Pelotas, quando telefona a minha prima Cristiele. Ela já estava na praia, ao lado de algumas amigas do CTG. A idéia era convidar o irmão Júnior, os irmãos das amigas e, de quebra, arrastar o “tio” aqui para observar a moçada. Já passavam das duas da tarde de quinta-feira, oito de janeiro. Por volta das três, eu e o Júnior já estávamos prontos para sair.

– Como não conhecíamos os horários do bom e velho Turf (empresa de ônibus que serve o bairro), ficamos na torcida pela aparição do Cohab Rodoviária – que vai para o centro pelo caminho mais rápido e pára em frente ao terminal intermunicipal. Decepção: era o Cohab Pinheiro Machado, que atravessa o Bairro Fragata para chegar ao abrigo da Marechal Floriano. Tivemos que descer na frente do quartel e ir a pé até a rodoviária. Pouco menos de um quilômetro, creio.

– Quer dizer, a pé em termos. Sabíamos que o próximo ônibus para o Cassino partiria as quatro da tarde. E faltavam menos de dez minutos quando desembarcamos do coletivo. A decisão foi a mesma: corremos até a bilheteria do terminal. Esbaforido, descobri que o dito cujo já estava lotado… Mas poderia fazer como todos os atrasados: pegar o Rio Grande e descer no trevo. Ao invés de seguir para a cidade, bastava esperar pelo coletivo municipal ali na avenida Itália e partir rumo ao sentido oposto. Foi o que fizemos.

– Mesma idéia teve o Lucas e o Ígor (apelidado “Tranquilo”), os tais irmãos das amigas da Cristiele. Mais dez quilômetros do trevo até a praia e alguns minutos caminhando. Eram cinco e pouco quando chegamos a casa dos pais de Gabriela e Lucas. Além dela, já estavam lá a Bruna, irmã do Tranquilo, e a minha prima Cristiele – a mais velha dessa trupe, aos dezenove anos.

– Ainda estava claro quando decidi passear pela praia. Disse claro, não sol: o tempinho nublado, além do mar agitado, deixou os banhistas assustados. A própria região próxima ao centrinho nervoso do Cassino me pareceu mais “largada”, desde a última vez que estive lá. Depois de finalmente molhar as frieiras na água salgada, segui para a simpática casinha amarela, a um quarteirão do mar.

– A moçada estava inquieta. As moças exigiam que os garotos fossem ao “super” (assim os gaúchos chamam o mercado) e comprassem carne e carvão. Eles não deram muita bola, preferiram jogar sinuca e indagar um garotinho, morador das redondezas. “Você tem irmã? E prima? Tem limão na sua casa? Traz tudo pra gente”, pirraçava Lucas. Ri daquilo sozinho.

– No fim, teve churrasco. Cansados da sinuca, ensinei a garotada a jogar Mau Mau, enquanto um e outro se preparava para a noite no banheiro. As garotas sairam primeiro: o trio Júnior, Lucas e Tranquilo passaram mais alguns minutos consertando um ventilador. Usaram pedaços de um velho regador. E deu certo!

– Caminhamos pela movimentada avenida principal da cidade. Temperatura bastante agradável. O mesmo se aplica a paisagem: muita gente circulando, a pé ou de carro, contrastando com as árvores e a iluminação pública à vapor de sódio, aquela amarelada. Encontramos as mocinhas na mesa de um simpático barzinho com música ao vivo – acho que chamava-se Lira Lanches, tinha a fachada branca, que lembrava um castelinho. Pedi um refri e ficamos ali um tempo.

– O músico era muito bom: dava conta dos grandes sucessos locais usando apenas voz e violão. Mas tava bom demais pra ser verdade: de repente, ele emenda: “vai, na madeira, samba assim com o Art Popular, na madeira…”. Mais um virundum!

– A moçada permanecia impaciente, loucos para aproveitar a noite como nunca. Mas as casas noturnas, danceterias da moda – e até os postos de gasolina – estavam lotados. Sem falar na fila dos points mais badalados. De tanto andar, encontramos de tudo. Desde um baile da terceira idade até um… Esperem… Aquilo é um… Um…

– Boliche! Um boliche na praia do Cassino!!! Tudo bem, convenhamos que o lugar é bastante humilde. Mas tinha certeza de que os garotos iriam se divertir um bocado – e se ainda restasse alguma energia, as filas das casas estariam bem menores. No início todos ficaram na dúvida: além de estarem com pouca grana, nenhum deles havia jogado aquilo na vida. Mudaram de idéia quando garanti que era moleza e mostrei meu talão de cheques. Dito e feito: foi divertidíssimo! Bom, tudo bem que consegui perder para meu primo Júnior…

– Tive a impressão de ter sacaneado a galera… Exaustos após o boliche, preferiram ir embora. Só fomos dormir altas horas da madrugada. Eu nem vi o tempo passar: acordei mais cedo, abri a porta, constatei a presença de um lindo dia e caí no mar. Já estava devidamente temperado horas depois, quando a moçada aparece.

– Nisso já estava pronto pra voltar à Pelotas: na mesma noite estava marcado o encontro com os blogueiros, e no dia seguinte, começaria minha volta para casa. Pensei inicialmente em voltar com a Cristiele, que estava curiosa para ir ao Otto Taberna comigo – acabou ficando por lá mais um dia, cuidando do irmão Júnior…

– Novamente quatro da tarde, novamente dentro do Expresso Embaixador. Mais uma hora até o Fragata, diante das poucas horas que ainda me restavam na zona sul do Rio Grande… Aquelas que você já viu antes. O que vem na sequência, eu conto depois.

André Marmota tem uma incrível habilidade: transforma-se de “homem de todas as vidas” a “uma lembrancinha aí” em poucas semanas. Quer saber mais?

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