Lições de Palmeiras e Botafogo

O vexame durou pouco mais de um ano. As vitórias de Palmeiras e Botafogo, diante de Sport e Marília, respectivamente, decretaram o fim de um inferno para estas duas tradicionais equipes: a segunda divisão. Mais do que isso, a conquista representou um verdadeiro aprendizado, que podem perfeitamente servir de lição para o futebol brasileiro.

A primeira aula, há pouco mais de um ano, foi a mais dolorida. Tanto Palmeiras quanto Botafogo passavam por uma grave crise, que culminou com o rebaixamento. No caso do Verdão, foram sucessivas trocas de comando – Luxemburgo, Murtosa, Paulo César Gusmão, Karmino Colombini e finalmente Levir Culpi, que nada pôde fazer para resolver os desentendimentos dentro e fora de campo.

Antes do início da temporada 2003, foi preciso fazer a tarefa de casa: planejamento. Nada de contratações malfeitas ou resolução de pendências na última hora. Desde o início do ano, a diretoria palmeirense apostou em uma única filosofia – o criticado ‘bom e barato’, sob a batuta de Jair Picerni. No Botafogo, as alteralçoes foram bem maiores: com a chegada de Bebeto de Freitas, mudou a postura na administração como um todo.

Não foi um começo fácil. Além de suportar gozações das torcidas rivais, humilhações em campo puseram em xeque o trabalho recém-formado. Como a derrota palmeirense por 7 a 2 diante do Vitória, em pleno Parque Antárctica, pela Copa do Brasil, em março. O impacto do episódio culminou com as saídas de jogadores como Anselmo e Zinho. Quem suportou a pressão decidiu focar seus objetivos e unir forças em busca do objetivo. Como naquela música que virou conselho: ‘levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima’.

A torcida, que no primeiro semestre berrava pela saída de Mustafá Contursi, entendeu o recado. Cada jogo no Parque Antárctica era uma festa, e o apoio acabou refletindo nos resultados. O mesmo pode-se dizer das partidas no Caio Martins: clube e torcedores andaram de mãos dadas pelo longo caminho da Segundona – que até parecia menos árduo na reta final, quando Palmeiras e Botafogo sustentaram as melhores campanhas. O que se viu nas arquibancadas provocou a inveja de muitos clubes da Primeira Divisão. Em troca, cada time lhe devolveu o orgulho de ser seu torcedor.

Mas diferente de qualquer curso, a avaliação final começou logo após o descenso, quando cartolas cogitaram a famigerada ‘virada de mesa’. Decisões políticas favorecendo uma ou outra equipe se tornaram uma verdadeira ‘instituição nacional’ nos últimos anos. Felizmente, Palmeiras e Botafogo não usaram qualquer artifício. Pode ser que a Série B não consiga resgatar a dignidade e a credibilidade do nosso futebol, mas depois dessa, dificilmente Bahia, Grêmio, Fluminense ou qualquer outro ‘grande’ que cair usará a caneta para voltar.

Até porque, como demonstraram Verdão e Fogão, nem precisam. Basta seguir a receita. De repente, se a cartilha for seguida e aperfeiçoada, dá até para sonhar com o dia em que o Brasil terá pelo menos três divisões, disputadas e atraentes, com pouca interferência dos tribunais.

Cruzeiro campeão – Com a Série B decidida, hora de voltar as atenções para a Primeira Divisão. E nessa altura, apenas os santistas mais fanáticos ou alguns anticruzeirenses não admitem que o título é do Cruzeiro. Só um desastre impediria uma única vitória nos próximos três jogos. Mas ainda é possível brincar com outras previsões: quem vai para a Libertadores e Copa Sul-americana, além dos times rebaixados. Provavelmente até a última rodada – para a felicidade dos defensores dos pontos corridos.

Obs. 1: Texto publicado originalmente aqui.
Obs. 2: Meus oito primeiros são: Cruzeiro, Santos, São Paulo, Coritiba, Inter, São Caetano, Atlético-MG e Goiás. E os rebaixados: Bahia e Grêmio. Agora é a sua vez de palpitar!

André Marmota acredita em um futuro com blogs atualizados, livros impressos, videolocadoras, amores sinceros, entre outros anacronismos. Quer saber mais?

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  1. Meus 8 primeiros:

    1. Cruzeiro
    2. Santos
    3. São Paulo
    4. Internacional
    5. Coritiba
    6. São Caetano
    7. Atlético – MG
    8. Figueirense

    Rebaixados:

    1. Bahia
    2. Grêmio

    Quaaaase a mesma coisa!

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