Meus amigos do RS devem estar faceiros. Não é toda hora que aparece um feriado em plena terça-feira – muitos deles estão “enforcando” desde sábado, celebrando quatro dias inteiros de folga. Tudo graças ao “feriado nacional” do estado, comemorado neste 20 de setembro. Com direito a desfile cívico e atrações dignas de um dia da independência.
Hino nacional do RS De que vale uma data nacional se não houver um hino? Foi justamente durante a Revolução Farroupilha, após o Combate de Rio Pardo em 1838, que nasceu a base do hino Rio-Grandense – letra e música modificada umas três vezes. A versão oficial foi adotada a partir de 1934, como preparativo para as comemorações do centenário da revolução. Em 1966, o hino virou símbolo oficial graças a uma lei estadual. Segue a letra, autoria de Francisco Pinto da Fontoura (o Chiquinho da Vovó – não vai rir, hein?). Como a aurora precursora Mostremos valor, constância, Entre nós revive Atenas Mostremos valor, constância, Mas não basta p’ra ser livre |
Estamos falando dos 170 anos da Revolução Farroupilha, o mais longo conflito do período regencial do Brasil. Até hoje não seio ao certo porque diabos um grupo de revolucionários decidiu lutar contra o Império. Oficialmente, os motivos foram econômicos: os principais produtos da região, como o charque, o couro e a erva-mate, eram sobretaxados. Parte da crise, no entanto, veio após a reorganização do Uruguai e da Argentina após a Guerra da Cisplatina, deixando os gaúchos despreparados. O descontentamento também tinha origem política, já que o presidente da província era nomeado pelo poder central.
Não demorou para que algumas lideranças se exaltassem de vez. Assim, em 20 de setembro de 1835, Bento Gonçalves decretou o início da Revolução Farroupilha, marchando rumo a Porto Alegre. Todo tipo de interesse moveu a sequência da guerra, que durou dez anos e culminou com a proclamação da República Rio-Grandense, em 1836 (cuja capital era Piratini, ali perto de Pedro Osório). Três anos depois, com a ajuda de Giuseppe e Anita Garibaldi (Thiago Lacerda e Giovanna Antonelli da minissérie A Casa das Sete Mulheres), a República Juliana, em Santa Catarina (com capital formada em Laguna), formou uma confederação no sul do Brasil. Essa durou apenas quatro meses.
A verdade é que nem todos os colonos apoiavam a revolução. Agricultores que viviam entre a serra e o litoral gaúcho tinham vínculo maior com o Império, e nunca concordaram com o movimento. Muitas lutas inglórias e exaustivas até que, em 1845, os farrapos e o Império assinam o tratado de paz – sem armas, mas sim graças aos acordos e anistias propostas pelo general Luís Alves de Lima e Silva, que viria a se tornar presidente da província gaúcha e, mais tarde, Duque de Caxias, patrono do exército nacional.

Enfim. Historicamente, a formação do povo gaúcho se fez diante dessa “briga” entre aqueles cuja base era o caudilhismo, centralizador, típico de fronteira e catalisador do movimento farrapo, e os seus opositores. Com o tempo, o gaúcho passou a ser visto não apenas em sua visão puramente autoritária, mas especialmente pela sua bipolarização. Foi assim com chimangos e maragatos há algumas décadas; com PT e anti-PT há alguns anos; com gremistas e colorados a todo instante.
A semana farroupilha, feriado estadual desde sua decretação oficial em 1995, intensifica a busca pelas tradições locais, que já é feita diariamente – para o resto do país, pode soar bairrista o Zero Hora abrir mão de uma vocação nacional para dar manchetes como “gaúchos pagam mais pela gasolina” em dia de aumento em todo o Brasil. Na prática o Rio Grande prepara ações comerciais, festejos, manifestações artísticas e desfiles diversos.
Há quem ache meio bobo. Eu acho bacana preservar a história e as tradições – desde que as sandices separatistas não participem da festa.
Atualizado – Clique aqui para ler uma análise criteriosa deste post.
Luis Alves de Lima e Silva? Verdade! Duque de Caxias é meio meu parente! Só me lembro de ter visto num livro de História. Aliás, tem um cangaceiro com sobrenome Alves de Lima também. Esse é mais fácil ser parente, porque meu avô é de Pernambuco…
Chiquinho da Vovó! Huahuahuahuahua! XD
Mas até que ia ser divertido se separasse, vai! 😀
Eu quero mais é ver o circo pegar fogo.
Erico Veríssimo, no diário de Clarissa, em Música ao Longe: “Vasco acha que na preleção do dia dezenove, em vez de elogiar os Farrapos, devo dizer aos meninos que ninguém ganha nada só por ter coragem, só por ir à guerra e enfrentar o inimigo. Devo dizer que é melhor trabalhar e amar o próximo, sem distinção de cor nem de nacionalidade”.
Acho super bacana valorizar as tradições sejam elas históricas, folclóricas ou familiares. O fato de ter vivido a infância e a adolescência durante a ditadura fez com que eu rejeitasse por um bom tempo qualquer manifestação de patriotismo, numa clara confusão entre o regime militar e o amor à pátria.
O interessante eh que uma guerra que dividiu os gauchos hoje sirva para uni-los em torno da preservacao da historia, das tradicoes, e do amor `a querencia.
abraco
Belíssimo post, Marmota! Eu também não sabia que havia sido o Duque de Caxias o negociador do armistício. Muito legal o post. Deu saudades do Rio Grande.
Caro Marmota,
Embora louvável a referência, mesmo que com certo tom jocoso (senão debochado), à Revolução Farroupilha, devo informar-lhe que existem diversas imprecisões no seu texto, e incorreções até. Sugeriria, antes de relatar e propagar fatos históricos, a leitura de bons livros, pois até a letra do hino publicada está errada. Por certo não vou corrigí-lo aqui, mas quem sabe para o próximo 20 de setembro possa publicar um post com informações corretas. abs
do verme…
reza a lenda que a autoria do hino é de um chimango preso pelos maragatos… faz sentido, também.
feriado NACIONAL no RS…. vai estudar ¬¬
NACIONAL abrange o país todo sua anta…
oii povo td tranquiloo axei essa historia dos chimangos e maragatos mtoo interessantee…
tenho orgulhoo ou ate mesmo desprazer mas meu bisavoo ALBERTO JURKOSKI lutou nessa guera
e matou mta gntt ….
vlw galeraa