Finalmente você conhece a garota. Causa uma boa impressão e tem a certeza de que tudo está indo para o caminho certo. Depois de muito conversar, vocês decidem aproveitar a tarde de sábado. Nesse momento, é preciso descobrir o programa perfeito: algo romântico, diferente… Memorável. Num relance, a idéia surge em sua mente: tratava-se do passeio ideal para qualquer casal!
Já conseguiu imaginar o que fizemos?
O que mais poderia ser? Futebol, claro. Oportunidade rara de assistir a uma partida do Colorado de Ases celeiro no Gigante da Beira Rio, mais um show de bola dos meninos de Muricy Ramalho. Diante de uma verdadeira potência do futebol brasileiro e barriga verde, o Figueirense! Sem contar com o principal: a Linda, que além de tudo também torce para o Inter, jamais acompanhou um jogo no estádio. Empolgação não faltou para ambos!
Passavam das cinco quando chegamos a Avenida Padre Cacique, faltava menos de uma hora para o certame. Movimentação intensa dos colorados pelas redondezas. Ingressos na mão: nada de arquibancada ou “coréia”, espaço onde os mais fanáticos assistem ao jogo de pé, na beira do campo, o conforto das cadeiras superiores garantiria o sucesso do passeio! Antes de passar pela revista do “brigadiano” e entrar no portão 17, deixei minha Coca-Cola com um dos inúmeros meninos de rua que perambulavam ao redor do Beira Rio (poderia ter dito Pepsi. Mas é que a lata do concorrente é azul, sabe como é…).
Quase tudo pronto para o jogaço. Eram poucos torcedores nas dependências – apesar de que, em outras épocas, jogo com o Figueirense não atraía nem o porteiro. Curiosamente, o nosso setor, mais caro, era o de maior ocupação. Antes do Inter aparecer no gramado, cercado por muitas crianças, os colorados homenagearam o lateral-esquerdo Chiquinho, que teve problemas cardíacos no final do ano, está recuperado e pronto para voltar. Mas até compreender que era isso, fiquei me perguntando: “O que estão gritando? Fininho? Timinho? Chichinho?”.
Seis da tarde. O sol já se despedia de Porto Alegre, era a vez do Inter brilhar em campo. Era preciso ter boa visão para acompanhar o primeiro tempo: o time se mantinha o tempo todo no ataque, do outro lado do gramado. Bem na nossa frente, um outro casal acompanhava a partida. A mulher, no entanto, estava mais do que empolgada: sentava, levantava e gritava, como se pudessem ouvi-la daquela distância. Seu companheiro, constrangido, chegou a levantar e sair, balançando a cabeça…
Em campo, o baile continuava. Aos 15 minutos, depois de uma bela jogada, Cleiton Xavier abriu o placar. A festa nas arquibancadas terminou minutos depois, quando o camisa dez Daniel Carvalho se machucou. Foi atendido fora de campo e chegou a voltar, mancando, para o jogo. Aos 24 minutos, pênalti para o Inter. Carvalho, meia bomba, cobrou rasteiro e fraco. O goleiro Edson Bastos, do Figueira, pegou.
“Se é pra não jogar, que saia de uma vez! Vai logo pro Pan!”, gritou um indignado. Ao contrário daquela espivitada, parece que Muricy ouviu: sacou Daniel Carvalho e escalou Jefferson Feijão com a camisa 18. Mal entrou em campo e, de primeira, após cruzamento, marcou o segundo gol.
“Chocolate com sabor Feijão!”, anunciou outro torcedor, dando a manchete ideal para o Notícias Populares do dia seguinte. Feijão estava mesmo com a corda toda: logo no final do segundo tempo, o atacante foi derrubado na área. Mais um pênalti! “Não vai errar, Gavilan”, gritou um menino, no alto de seus dez anos, acompanhado dos pais. A propósito, vez ou outra o garoto tecia seus comentários, deixando Casagrande no chinelo. Quase fui pegar umas dicas com ele!
Mas enfim. Gavilán não errou e o Inter fez 3 a 0. Promessa de uma goleada ainda maior no segundo tempo. “E agora vai dar pra gente ver os gols direitinho”, comemorou Linda, no intervalo. De fato, vimos um gol. Ele mesmo, Jefferson Feijão, recebeu o passe de Gavilán e estufou as redes. Mas a arbitragem marcou impedimento, bastante discutido pelos torcedores.
“Tinha que ser paulista mesmo. Esse juizinho só marca pra eles”, cornetava um, com seu motorádio a tiracolo. A indignação do sujeito aumentava, a medida em que a partida seguia no mesmo ritmo: satisfeito com o placar, o Internacional preferiu gastar o tempo e economizar as ações.
Sobrou para o goleiro Clêmer, aquele que já levou quatro frangos incríveis no Campeonato Brasileiro. Mero espectador na primeira etapa, o goleiro colorado trabalhou mais no segundo tempo. Apesar do apoio da torcida, não faltaram momentos curiosos: a cada bola defendida com segurança, vinham aplausos da torcida, como se quisessem dizer “ae, batuta! É assim mesmo!”. Depois de receber críticas pela insegurança, vale uma ou outra piadinha em meio aos sustos.
Fim de jogo. As desconfianças com o time permanecem, mas a torcida satisfeita. E nós também, afinal, vimos o nosso time vencer em casa. Deu até para gritar, num momento de total falta de lucidez: “Inter rumo à Tóquio!”.
A la pucha…
– Deseja visitar o Beira Rio em sua visita a Porto Alegre? Pois saiba que o sistema de transportes públicos da cidade é muito bem organizado: a partir do centro, é possível ir a qualquer região da cidade. Outras nove linhas, chamadas transversais, servem os bairros mais distantes.
– Para quem vai de carro, é possível parar no próprio estádio (com capacidade para 900 veículos) ou em um dos vários estacionamentos dos arredores. Cinco pilas.
– Além do estádio e o estacionamento, o Beira Rio tem ainda agência bancária, lanchonetes, o museu de troféus e as áreas administrativas do clube. Sem contar na loja de material licenciado: uma camisa oficial de mangas compridas sai por “apenas” 112 reais.
– Essa eu só vi no Beira Rio: ao lado do vendedor de cerveja, refrigerante, água e sorvete, estava o de… cafezinho! E que tal essa: torcedores de todas as idades levam sua almofada, vermelha e branca com estampas do Inter, para ficarem melhor acomodados nas arquibancadas de cimento. Alguns chamariam isso de viadagem…
– Por fim, uma constatação histórica: quando o Inter vai bem, o Grêmio vai mal. E vice-versa. Isso se reflete ainda nas ruas da cidade – ainda mais em dias de grande movimento, como em um belo domingo à tarde no Parque Farroupilha. Ops, isso é assunto para breve.
Esse ano eu fui á três jogos da seleção brasileira sub 20 lá em Maldonado – Uruguai e tinha vários vendedores de café no estádio. Nas praias do Uruguai eles também não faltam. Até que no frio é bom um cafezinho, mas eu ainda prefiro um chocolate quente!
Ah… quando eu fui, o Inter estava jogando em São Paulo, então só fiquei do lado de fora do estádio, mesmo!
André,sei que estou meio atrasada. mas….parabéns! parabéns!!! Heehehehe!beijos pro casal
Mas cade ela??
Ué, Valéria… eu estava tirando a foto!
Estou feliz com esses relatos da sua viagem, vc realmente merecia alguém especial. Espero que vcs sejam muito felizes…
André,Em algumas das mais de cem vezes em que eu fui ao Pacaembu, também havia vendedor de café nas numeradas.Ah, e levar namorada ao estádio nao é programa de índio nao. Quando fui ao Rio, preferi eu e a Flávia visitamos o Maracana em uma tarde de Vasco x Botafogo, enquanto nossos amigos iam conhecer o Pao de Açucar.
Esqueçam o “preferi” do post anterior. Da próxima vez eu clicarei no botao “Veja como ficou”.
E eu não disse que meu primeiro passeio com o Saulo, três anos atrás, foi um São Paulo e Guarani???