Então num belo dia você descobre que aquele assunto bacana que te faz discutir horas com os amigos já reúne uma porção de adeptos em um grupo tão bacana quanto. Não demora muito e você logo resolve fazer parte. Afinal de contas, se tanta gente gosta do mesmo tema, provavelmente todos são pessoas legais como você.
Digamos que, entre todas as formas virtuais para reunir mentes, essa seja uma lista de discussão por e-mail. Como você é um usuário que faz bom uso da rede, logo descobre as regrinhas básicas de convivência e, para ajudar no bom andamento das coisas, trata de obedecer. Nada de assuntos impertinentes, mensagens escritas com maiúsculas, envio de currículos, recados particulares, discussões gratuitas com os outros…
Em menos de uma semana, aquela idéia das “pessoas legais como você” vai para o reino encantado do beleléu. Tudo por culpa daquela retardada que quer convencer você e o mundo que o Lula é boa gente. Ou ainda aquele sem-noção, que vive mandando piadinhas e provocações. Por fim, aquelas boas almas intencionadas, mas totalmente desinformadas, que entopem sua caixa postal de arquivos powerpoint ou avisos alarmantes completamente infundados.
Acha isso ruim? Imagine o que passa pela cabeça do moderador da bagaça. Um cidadão como você, que também precisa cuidar da sua vida, mas que num lapso de insanidade, resolveu criar uma comunidade para reunir gente interessante. Esqueceu que não é mole controlar a instabilidade coletiva da sociedade (eufemismo para “ignorância”) e, com o tempo, arrepende-se profundamente daquela maldita hora em que decidiu embarcar nessa.
Administradores sofrem lendo toneladas de bobagens, especialmente se a tal comunidade for daquelas em que os textos precisam ser aprovados por eles. É um processo sacal e metódico. Pior ainda quando aparece aquele mala, interessado em manter a ordem na casa (que não é dele), provocando ainda mais animosidade com mensagens do tipo “esse cidadão devia ser expulso, pessoas como ele nem deviam ser aprovadas. Como é que o moderador deixa a coisa ficar assim? Moderador, tome providências, por favor!”. A primeira delas seria tranferir o “cargo” para o idiota.
Além daquelas regrinhas básicas de convivência, algumas outras ajudam muito a vida do nosso amigo moderador, além de economizar o tempo de todos aqueles que podem (ou não) ler a sua mensagem:
– Capriche no campo “assunto”, explicando exatamente o que você tem a dizer (nada de “oi”, “cuidado” e outros termos vagos). No texto, seja breve e claro.
– Só mande arquivos anexos ou correntes de solidariedade em caso de extrema necessidade, e ainda assim, com permissão do destinatário.
– Responda sempre as mensagens, mas sem excessos. Não perca seu tempo comprando briga com xiitas argumentativos, não redija mensagem alguma com a cabeça quente, nem exalte nos agradecimentos quando estiver tudo bem (obrigado pelo seu obrigado).
– Evite transmitir ao seus interlocutores a sua falta de noção. Um ou outro erro gramatical ou vírgula fora do lugar até passa, mas cuidado com o desleixo. Se a rapidez atrapalha, a obra de arte idem: cores diversas, imagens piscantes, papel de carta e outros elementos só transformam e-mails em alegorias. Se a mensagem não for nada especial, texto sem formato nela.
Se um dia você esquecer disso, basta lembrar do heróico moderador: ele bem que poderia ser você.
Já que o assunto é “use bem o seu e-mail”, um último recado. É comum enviarmos mensagens para muita gente, especialmente em convites ou avisos do gênero. Em casos assim, especialmente quando os destinatários não se conhecem bem, pense na hipótese de usar o campo “cópia oculta”. Isso evita aborrecimentos desnecessários diante daquelas respostas das respostas das respostas, normalmente sem propósito e repletas de endereços no corpo do texto. Se for responder, pense também na possibilidade de escrever apenas para o remetente.
Lembrei dos heróicos moderadores e seus chicotes diante das mulas cibernéticas quando vi a novidade do Neto Cury, o novo fórum do Portal Word Press, que já reúne dicas valiosas sobre o gerenciador de blogs preferido da moçada. Vai lá conferir.
Eu vou acompanhar a movimentação de longe, pois por mais que eu tente, não tenho como priorizar esse tema na minha vida. E mesmo quando alcanço a turma tardiamente e aviso, acabo ouvindo “O que?!? Como pode você não ter atualizado o sistema!!! Sua besta!!!”.
Mas tudo bem, também já “levei bronca” do Neto Cury na antiga lista (algo natural entre amigos), e ficaria feliz se soubesse que todos os moderadores, inclusive os que cuidam de fóruns, comunidades do orkut e afins, conseguissem conquistar respeito e admiração de seus participantes como ele faz. Porque não é moleza.
Hahaha, essa bronca do penúltimo parágrafo não tem nada a ver com este comentário meu, né? 😀
Trabalhar com gente é complicado. Mantenho um fórum sobre Windows. Mais de três mil membros, muitas mensagens enviadas, e muita, mas muita gente sem noção. A parte “formal” da coisa está até tranqüila, graças a regras que foram impostas, e as quais todos devem concordar para participar do fórum. Porém, a questão das mensagens inúteis, das briguinhas e, principalmente, dos erros grotescos de português, desanima às vezes. Tenho calafrios quando algum mancebo escreve coisas como “discução”, ou “inguinorancia”…
[]’s!
Cara! quando comecei a ler o texto, logo veio-me à lembrança a maldita lista wordpress brasil…
Aquilo me tirou do sério…
Só depois é que fui ler que você citou o caso (risos) inclusive fazendo divulgação.
Abração e muito obrigado amigo.
Grande, Dezão! Olha a gente aqui ás voltas novamente na internet.
E vejo que o Marmota continua na ativa. Parabéns pelo blog. É muito legal! Depois vou vasculhar com calma.
Abração
Nice blog, I return late.