Enquanto a mídia (especialmente TV) cumprem seu papel ufanista, empurrando nosso espírito nacionalista lá em cima, outros colocam os pingos nos is e encaram nossa dura realidade olímpica – como fez a Gazeta Esportiva Net e seu termômetro.
Existe ainda o outro lado da moeda: a turma dos pessimistas. Aqueles que adoram ver o Brasil num buraco cada vez mais fundo. Natural diante de nossas mazelas sociais, entre outras laranjas podres. Nesse contexto, vale destaque para a coluna de Diogo Mainardi desta semana. Ele aguarda, como muitos, pelas Olimpíadas do Pateta. Vale a pena ler a íntegra de novo – e registrar o seu comentário:
Estou pronto para as Olimpíadas. Enrolado na bandeira nacional, e vestindo uma camiseta de poliéster amarelinha, cortesia do Banco do Brasil, pretendo acompanhar com ardor o desempenho de nossos atletas em Atenas. Eles não costumam decepcionar. Quando não são eliminados no primeiro dia de competição, são invariavelmente eliminados no segundo. Os meus preferidos são os que chegam desacreditados aos Jogos e, confirmando todos os prognósticos, perdem logo de cara. Como o pugilista maranhense nocauteado no terceiro assalto por um filipino canhoto. Ou a esgrimista paranaense sorteada para enfrentar, em sua estréia, a segunda melhor do time romeno. Ou o judoca goiano que sofre um estiramento no primeiro minuto da repescagem. Ou o corredor paulista que comemora o quarto lugar obtido numa final B. Quanto mais incompetentes, melhor. Apreço também os que gozam de um certo favoritismo e, por falta de controle emocional, acabam sendo derrotados por atletas estrangeiros de retrospecto claramente inferior. Só desaprovo aqueles irresponsáveis que teimam em ir derrotando seus adversários um a um até a conquista de uma improvável medalha de bronze, com direito a lágrimas no pódio e dedicatórias a Deus. O dever dos atletas brasileiros é perder. Perder sempre. Preferivelmente, de maneira espalhafatosa, tropeçando nos obstáculos e se esborrachando na pista.
Sobre as virtudes cívicas da derrota, assista a Campeão Olímpico. Trata-se da obra definitiva sobre o tema. Estrelado por Pateta e dirigido por Jack Kinney, insere-se no ciclo esportivo formado por A Arte da Defesa Pessoal, A Arte de Esquiar, Como Nadar, Como Jogar Beisebol e Como Jogar Golfe. Em Campeão Olímpico, Pateta repercorre a origem dos Jogos Olímpicos e se exibe nas principais modalidades do atletismo. Claro que ele tropeça nos obstáculos. Claro que se esborracha na pista. Foi tropeçando nos obstáculos e se esborrachando na pista que Pateta derrotou Hitler. O lançamento de Campeão Olímpico ocorreu em 9 de outubro de 1942. As Olimpíadas estavam suspensas por causa da II Guerra Mundial. Os últimos Jogos, realizados em 1936, em Berlim, haviam sido transformados em plataforma de propaganda para o nazismo, exaltando conceitos como supremacia racial, orgulho nacional, disciplina marcial e adoração do líder totêmico. O documentário celebratório de Leni Riefenstahl sobre as Olimpíadas de Berlim mostra tudo isso. Campeão Olímpico é o contrário. Dura oito minutos. E, em apenas oito minutos, Pateta consegue destruir o ufanismo esportivo do nazismo e de outros regimes totalitários.
Comemoram-se o Dia D e a batalha de Stalingrado. Proponho comemorar igualmente as Olimpíadas do Pateta. Ao tropeçar nos obstáculos e se esborrachar na pista, os atletas brasileiros não irão derrubar Hitler, porque não temos nenhum Hitler. Quem sabe derrubem um diretor do Banco do Brasil. Quem sabe até dois.
Piada fraca olímpica – A seleção portuguesa protagonizou a maior zebra até agora: perdeu para o Iraque, por 4 a 2. Vamos ver se na próxima rodada eles bombardeiam mais um!
Cascata do dia – Ainda sobre o time que vai para Atenas apenas para competir: conheça a delegação de Kiribati, país formado por ilhas perdidas no meio da Oceania. Você conhecia? De acordo com a matéria, mais do que torcer pelos atletas do país, os habitantes vão mesmo é ficar embasbacados diante de algo incomum na vida deles: uma maquininha chamada televisão…
Marmota,
Uma dica: ninguém se propôs a levantar quantos atletas irão competir por um país diferente daquele de origem, nem qual é o país com a maior delegação “estrangeira”.
De resto, vou continuar seguindo e aproveitando suas dicas.
Ciao.
Depois de todo o “enDeusamento” à Daiane dos Santos, quero só ver se o joelho recém operado dela vai aguentar o tranco!
Abraços
Marmotinha, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. O Diogo M. é um exagerado.Ele sempre vai a um extremo ou a outro. Não há mal algum em torcer pelo Brasil (muito pelo contrário!!) e não podemos desmerecer quem se esforçou pra chegar lá. Todos sabemos das dificuldades dos atletas brasileiros, para ter patrocínio, para ter bons locais de treino, para deixar de ser amador. Em muitas categorias, conseguir os índices Olímpicos e o $ da passagem é uma grande vitória! Meu chefe levou medalha numa Olimpíada. Já ouvi cada história de sacrifício pelo esporte que duvido que o sr. Diogo M faria coisa semelhante. Também discordo dos ufanistas. Temos que ter bom senso e torcer. E admirar e apoiar. O fato é que temos melhorado em dar condições aos atletas, mas não a todos. Abração e bom fim de semana! Ju
Marmota,
O Mainardi é chato demais. Tudo bem que nossa participação é mais pra EH BRASIL, do que pra uma nação olímpica. Mas daí a jogar água fria em toda a galera que vai pra lá e também pra quem fica torcendo é sacanagem…
Abraços!