Dez anos, muitos abraços

Eu tinha pensado em contratar fanfarra, esquadrilha aérea, strippers, buffet infantil, malabaristas especializados em pirofagia e um telão 3D. Infelizmente, não consegui patrocínio de nenhuma prefeitura ou empresa. Bom, também não corri arás dessas coisas como poderia…

De qualquer forma, não queria deixar passar essa data.

Numa tarde de quatro de setembro, dias depois da Globo.com ter lançado a versão nacional do Blogger, ouvi uma amiga falar desse tipo de site. Entrei, naveguei e pensei: “Mmmhhh… Acho que também posso fazer”. Ainda não tinha me dado conta, mas estava saltando da “era Geocities” para um tipo de brincadeira extremamente mais simples, algo acessível para qualquer um.

O primeiro post nasceu despretencioso. Assim como o próprio blog, cujo nome do blog representa exatamente o assunto que eu sempre pensei em discutir: mais dos mesmos. Nenhum tema focado. Apenas o mesmo que a maioria faz: comentar notícias, falar da vida, contar histórias, inventar outras. Em menos de um mês, a URL marmota.blogger.com.br começava a ser referenciada por aí – foi quando a coisa começou a ficar interessante: blog tornou-se sinônimo de gente.

Ao lembrar disso, cogitei enviar um e-mail convite a uma centena deles, agradecendo por fazer parte de uma história que completa uma década. Enfim, pela mesma razão pela qual não consegui a fanfarra e tudo mais, chamei uma pessoa só. Sem demérito a todos os outros, dei preferência a alguém que representa a aventura mais fascinante, imprevisível e desejada que vivi (e ainda vivo) graças a esse blog. Você já deve estar cansado de saber quem é.

*****

Passei os últimos dias pensando no que escrever sobre o MMM, nesses dez anos de vida.

Pensei em fazer estatísticas – coisa para a qual sou completamente inapta! –, em contar pela milésima vez a história de quando comecei a ler o blog, em montar um top five de posts impossíveis de selecionar, em dizer o quanto esse blog é das coisas mais família que já li.

Enfim.

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Parei de escrever. Reli os posts de aniversário anteriores. Reli todos os posts “E eu, uma pedra”, que são meus favoritos.

Te liguei. Nossos assuntos foram: sítio (mato, mato, mato, mato, mato, facão, mato, mato, mato, mato, mato, urtigão, mato, mato, mato, mato, mato), Que Rei Sou Eu?, Iphone 5, Garotas que Dizem Ni, Gonza, a sobremesa que a Elis faz…

Ah, e você disse que eu escrevo como se estivesse abraçando quem lê. Eu achei tão bonito e agora estou com minha cara de abraço escrevendo.

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Quando fomos assaltados eu fiquei mais abalada que você. Talvez por ter sido o primeiro assalto da minha vida, talvez por eu ser mulher – será machista pensar assim? – talvez porque aquele filme clichê de que todo mundo fala passou na minha cabeça naquele momento.

Lembrei de quando o marido da Fal morreu e eu li o post que ela escreveu sobre ele. Você estava tranquilo jogando pôquer com os amigos e eu te liguei meio louca dizendo pra você não morrer.

Apesar de escrevermos bem menos do que podemos, sabemos e/ou gostaríamos, fechar o blog seria morrer um pouco. Morrer essas histórias do Sul, de tempos de colégio, de comunicação, de viagens, de amores, das bobagens mais queridas de se conversar.

Morrer esses amigos feitos em caixas de comentários e/ou e-mails e extrapolados pra nossa emoção. Seria morrer um pouco porque blogs são pessoas, não é isso?

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Agora já estou com minha cara de choro. 🙂

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Sou leitora há sete anos do seu blog, mas já li os dez anos, você sabe. Já corrigi, já espinafrei, já comentei, já morri de ciúme, já escrevi e já fui escrita. Eu, inclusive, já coloquei todos os meus alunos de sexta série pra interpretar uns e outros textos daqui do seu blog – pra ver se eles me ajudavam a te interpretar! Hahahahahahahahaha!

Gosto do jeito que você escreve – você escreve infinitamente melhor do que eu. Didático quando precisa, irônico raramente, divertido sempre. Fazendo questionamentos a si mesmo e fazendo com que esses questionamentos povoem, ainda que por alguns instantes, a cabeça de quem lê.

E eu só quero poder ler o que você escreve sempre. Que muitas outras pessoas – acadêmicos, crianças, amigos, família – possam ter esse mesmo privilégio. Porque vir aqui no seu blog é como ir ao Pinheirinho em maio, é como reunir uma turma pra ir a um parque de diversões, é como juntar um pessoal pra jogar boliche ou wii: é ter a certeza, enfim, de se estar, amorosamente, rodeado de amigos.

E se estar, amorosamente, rodeado de amigos nada mais é do que um grande, doce, quente e apertado abraço.

Um abraço então e um beijo da RESB.

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Já que você chegou até aqui, que tal uma listinha de dez posts para ler aqui hoje?

  1. O primeiro post, mesmo sendo péssimo, a gente não esquece.
  2. Mega-entrevista com o MarcosVP, cujo blog também faria dez anos neste dia.
  3. Horóscopo do MMM, como se alguém acreditasse em astrologia.
  4. Futuro do pretérito: seu blog em 2012, há cinco anos.
  5. Outros dez anos, mas estes, os do Interney Blogs, ficarão na ficção.
  6. Minha última mudança, quando montei minha casa no Dialetica.
  7. Menor texto de parabéns já escrito aqui. Mas merece menção.
  8. Percepçào evidente: em 2008, os blogs já não eram mais aqueles…
  9. Um apelo singelo para sobrevivermos mais alguns anos….
  10. Minha última tentativa de reabrir a casa na praia durante o inverno.
André Marmota formou-se jornalismo e ainda estuda o tema na pós-graduação. Mas o que importa é ter saúde, não é mesmo? Quer saber mais?

Leia outros posts em Sobre o MMM. Permalink

Comentários em blogs: ainda existem? (9)

  1. Ainda bem que eu larguei o Final do Fuzo nos primeiros três meses de vida. Já pensou passar 10 anos carregando a culpa por não atualizar o blog com frequência?

    Enfim… o fato curioso foi o Sakate entrar no Facebook no dia que seu blog fez 10 anos.

  2. “Blogs são pessoas.” E muitas delas felizmente viram amigos, caros apesar da distância, com quem queremos dividir uma cerveja e falar da vida quando podemos.

    Marmota, parabéns pelos 10 anos, e que venham muitos mais 10 anos de blogagens e histórias para serem comemorados! 🙂

  3. Conheci o blog em junho de 2007: o Trotta me mostrou seu post com o Fazedor de Placas de SP, era época e que as placas iriam ser trocadas e eu, ingenuamente, falei que o pessoal do blog do Marmota tinha criado o programinha.

    Foi engraçado reler o meu post e ver que te conheço/acompanho o blog a tão pouco tempo… a minha impressão é que fazem muitos anos, não apenas cinco.

    Lu, você escreveu o post muito bem! Foi pelo jeito que o André escreve os posts que fui ficando por aqui, visitando o blog, adorando as histórias, conhecendo vocês ao vivo (ainda lembro quando você, Lu, foi em casa fazer brigadeiros e conheceu a Lilo) 😀 !

    Embora eu agora visite com menos frequencia (só hoje vi esse post) e embora eu encontre vocês com menos frequencia ainda, continuo adorando ler os posts e guardo um carinho muito grande por vocês!

    Parabéns (atrasado) por dez anos de blog!

    Desejo que venham muitos mais por aí!

    Abração!

    Marília

  4. Caracas Man…
    10 anos…
    Nem sei o que dizer se não parabéns e continue indo na contra mão e produzindo conteúdo…
    (Coisa que eu mesmo já não faço a algum tempo a não ser no trabalho formal…)

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