Deviam aprender com o Palocci

Tá morrendo gente que nunca tinha morrido antes: Miguel Arraes, Francisco Milani, Claudio Correa e Castro… Pois não é que nesta sexta queriam enterrar também o ministro da fazenda Antônio Palocci junto com seu partido – que, só para constar, também passou adiante?

Rogério Tadeu Buratti declarou ao Ministério Público de São Paulo que Palocci, então prefeito de Ribeirão Preto, recebia cinquentão por mês de uma empresa de lixo, e em troca favorecia licitações. A grana ia parar na caixinha do petê, comandada por Delúbio. Na prática, era a primeira vez que a lambança toda sujava algo que vinha bem até então: a economia do país.

Nas últimas semanas, vimos uma paulada de acusações, espirrando imundice pra todos os cantos. Diante delas, o povo descobriu duas maneiras usadas pelos nossos representantes para lidar com elas. Primeiro com Roberto Jefferson: levou uma pedrada e revidou com um tijolo. Segundo com Seu Inácio: um discursozinho aqui, um pronunciamentozinho ali… Como se o pau tivesse comendo bem longe dali.

Pois neste domingo (domingo!), Palocci trouxe uma terceira opção. Reuniu jornalistas no auditório do ministério e, de forma serena e convincente, disse tudo que precisava antes de responder uma saraivada de perguntas por duas horas – transmitidas ao vivo por todas as rádios informativas e canais de TV a cabo.

Negou tudo. Criticou os promotores do Ministério Público. Afirmou que a economia vai seguir num rumo inabalável. Avisou que as pessoas passam, as idéias ficam: ninguém é insubstituível. Torce pelo fortalecimento da democracia diante da crise. E se prontificou a cooperar se fosse necessário. Tudo isso num domingo!

Tudo bem, você pode dizer que isso não passou de lorota para engambelar o mercado – coisa que o governo aprendeu bem com o anterior. Pode discordar da política econômica e da falácia do crescimento e geração de empregos. E pode até garantir que é mais um teatrinho, já que o cidadão tem tudo pra estar metido na chafurdagem. Mas sejamos francos: bem que alguns correligionários do moribundo PT poderiam aprender com o Palocci. Daria um jeito na crise.

Mas enfim. Agora eu quero mesmo é ver se o nome do ministro aparece melhor ranqueado na pesquisa de intenção de voto para presidente.

Comentários em blogs: ainda existem? (9)

  1. Acanbei de comenatr sobre isso mesmo em outro blog, o Paloce vai ser muito bem lembrado se não envolverem ele na lama, e por mantar a economia incrivelmente instável mesmo com tamanha crise política..

    o que transformou a crise polita em passatempo para a nação!

  2. Gostei do penúltimo parágrafo. De fato: eu digo que isso não passou de lorota para engambelar o mercado – coisa que o governo aprendeu bem com o anterior -, discordo da política econômica e da falácia do crescimento e geração de empregos, e acho que é mais um teatrinho, já que o cidadão tem tudo para estar metido na chafurdagem.

    Mas não há como negar que, se o Lula tivesse feito o mesmo há umas boas semanas, seu governo estaria bem mais tranqüilo agora e nunca teria se falado em ‘impeachment’…

    Mas Palocci presidente em 2006, não dá. Se der Palocci x Serra, por exemplo, a opção mais à esquerda, pasmem, é a tucana!

  3. Ele só não disse que não foram os promotores a divulgar a gravação do depoimento. Só não disse que o Buratti foi preso porque já havia constatações suficientes nos grampos telefônicos e que depois de dar voz de prisão os promotores se retiraram da delegacia onde o Buratti ficou prestando depoimento. Ele só não disse que quem divulgou as gravações foi a POLÍCIA que obedece às ordens do Governo estadual que é que é que é Tucanooooooooo…

    Só a Band mostrou a entrevista dos promotores. Porque, como disse o RJefferson (e ele nem precisava dizer) na Globo quem manda é o Dirceu…

  4. Gostei muito do seu blog.

    Quanto ao Palocci, deu a impressão que é uma ilha de honestidade em um mar de corrupção, infelizmente o discurso veio tarde demais e deveria ter sido feito pelo nosso querido Lula que não tem os mesmos acessores do Ministro da Fazenda, nota-se.

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