Era um sábado ensolarado, dia do aniversário de um grande amigo meu, que morava em São Bernardo do Campo. Cursava o terceiro ano do curso técnico – lembro que só consegui “viajar” até lá após a aula do Vizmark, de eletricidade. Com o radinho ligado a bordo de um coletivo do Expresso Brasileiro, soube da morte de Roland Ratzemberger.
O assunto permeou aquele churrasco de aniversário. O austríaco, piloto da Simtek, não era conhecido. Mas há muito tempo ninguém ouvia falar em mortes na Fórmula 1 – a última tinha sido doze anos antes. “E o Barrichello quase morreu ontem”, diziam, ampliando a discussão para questões sobre as mudanças no regulamento. “Ano passado, a Williams era imbatível, e esse ano o Senna parou em todas as corridas”, lembravam. O tema tirou parte da alegria daquela comemoração.
Milhares de quilômetros dali, no entanto, não havia clima para nenhuma festa. Se um jovem de 16 anos, do outro lado do oceano, estava impressionado com tanta desgraça em um único final de semana, imagine a cabeça de quem estava em Imola naquele primeiro de maio. No dia seguinte, a família acordou mais cedo, como em outros domingos nos últimos seis anos, para torcer pelo Senna. E ficamos impressionado com a fisionomia preocupada do tricampeão, a bordo do cockpit.
Logo na largada, uma batida violenta: pneus sobrevoando arquibancadas sinalizavam mais problemas. Minha mãe levantou do sofá e decidiu ficar na cozinha: não suportava mais tragédias. Não viu a saída do “carro-madrinha” da pista e o reinício do duelo entre o brasileiro e Schumacher em San Marino. Só voltou para a frente da TV quando Galvão Bueno anunciou que “Senna bateu forte”.
Até o helicóptero deixar o autódromo em direção ao hospital, ninguém se manifestou. Estavam todos atônitos. A primeira coisa que ouvi foi um “filho, vai até a feira pra mim comprar batata, cebola e banana”. Outro ritual de domingo: minha mãe dizia apenas duas ou três coisas antes de me entregar uma lista extensa e dinheiro extra para o pastel com caldo de cana.
A caminhada não foi suficiente para espairecer: era como se o mundo tivesse parado após aquela pancada no muro da curva Tamburello. Aquela sensação ruim ficou pior quando cheguei em casa e ouvi a notícia, na voz de Roberto Cabrini. E não se falou mais em outra coisa.
Na terça-feira, dia três, saí de casa na mesma hora em que o piloto chegava ao Brasil, no aeroporto de Guarulhos. Horas depois, a Escola Técnica Federal – que fica algumas quadras da Avenida Tiradentes – decidiu parar. Centenas de alunos repetiram o ritual de outros milhares de paulistanos e aguardaram pelo cortejo. Silêncio, lágrimas, tristeza.

Não parece que já fazem dez quinze anos que estamos aturando as idas e vindas da F1, desde Schumacher até Barrichello. Podem me chamar de “viuvinha do Senna”, mas tenho saudades sim.
E o seu primeiro final de semana de maio em 1994, você lembra como foi?
(Postado em 02/05/2004)
Eu lembro tb com detalhes daquele 1 de maio a dez anos atras…
doeu…e ainda doe…
ficamos agora na saudade…é o jeito!
beijinhos e boa semana!
Me lembro muito bem. Estava na casa de um amigo fazendo um trabalho para o colégio. Qdo chegou às 9h paramos para ver a corrida e eu para secar o Senna, como sempre fiz. Na hora que bateu lembrei de uma coisa medonha: meu pai havia sonhado que o Senna havia morrido e estavam faendo autópsia. Para mim já não havia esperanças e nem deu para comemorar a vitória do Schumi.
Estava num bazar de caridade do “Dia das Mães”. Não vi a corrida, apesar de ter gravado. Não quis ver…Todo primeiro de maio, lembro dele – Considero-o como um herói nacional…
Nossa… parece que foi esses dias. Eu era bem guriazinha e lembro bem como foi aquela tragédia toda…
Eu lembro direitinho daquele domingo, quando eu tinha 11 anos. Eu estava assistindo à corrida e fiquei passada com o acidente, mas não imaginava que ele pudesse morrer ali. Durante a tarde, São Paulo e Palmeiras fizeram o clássico no estádio do Morumbi. Se não me engano, deu Tricolor por 3 a 1 ou 3 a 2, mas sei que o Leonardo fez um gol de falta, antes de seguir para o Japão após a Copa do Mundo…
Puxa… Eu me lembro que era um dia meio cinzento, sabe? Eu tb estava meio down, super pensativa… Estava pensando no que fazer da vida, 20 anos e nem tchuns de arrumar emprego. Aff!!! Tinha acordado cedo e saído de casa para espairecer. Qdo. estava voltando, recebi a notícia. A tarde/noite fui chorar no Ibirapuera com meus amigos sob a voz de Milton Nascimento. Inesquecível! Emocionante!
Bjocasss…
Putz… eu também estava assistindo… e também sinto que a F1 perdeu a graça depois.
É daqueles acontecimentos que vemos na tv e falamos: Meu Deus, quinze anos…
Acho que depois do Senna eu só fui de torcer de verdade mesmo para um esportista nas finais de Roland Garros do Guga.
De mortes notórias, lembro onde eu estava quando soube da morte do Cazuza, do Renato Russo, do Chico Science e do Senna. Lembro também de quando soube do acidente do Herbert Vianna.
Mas sim, vamos lá. Eu estava numa feira de automóveis com meu pai. De repente vi muita gente ao redor de um stand, deixei papai olhando algum carro e me meti entre as pessoas para ver o que era. Tinha uma tv e naquela hora o Léo Batista entrou ao vivo para anunciar o acidente, daí eu vi o acidente e falei: ele morreu. Fiz meu pai voltar para casa e tal qual fizemos na morte da Princesa Diana e no 11 de setembro passamos o dia em frente a tv esperando informações.
A sorte do Senna foi ter morrido antes do Schumacher humilhá-lo. Pilotinho meia boca esse Ayrton. Schumacher construiu uma carreira muito mais consistente!
Esse bosta só foi endeusado porque era brasileiro. Bela merda.
Lembro,lembro muito bem e não gostaria de lembrar pq toda vez me dá vontade de chorar.Na hora em que bateu ainda tive aquela esperança:ele vai sair dessa;mas quando o carro parou eu vi nitidamente a cabeça dele cair;não sei se foi ilusão de otica minha,mas eu disse:crianças ele morreu.quis dar logo aquele choque para que sei lá pra quê,talvez para eu mesma começar a me conformar,Desde então pra mim não houve mais fórmula 1 de verdade.E não me importo se me criticam.Morro de saudades.
Eu tinha 10 anos e estava assistindo à corrida em casa, com o meu primo. No mesmo dia, perdi meu avô, com quem convivi pouco e aprendi muito. Fim de semana triste, aquele.
Fala, seu Marmota!!! Tudo bem?
Mudou o endereço de novo? Achei você por acaso!!!!
Seguinte: eu achava que gostava de ver F-1 por causa do Senna. mas descobri que não: me divertia vendo a competitividade que havia. Hoje, nego só ganha posição no grid ou quando alguém quebra. Assim fica chato…
Eu saí cedo para a Escola Bíblica Dominical, ensaiei no coral e, quando cheguei em casa, vi o anúncio pela TV. Chorei de soluçar.
No dia do enterro, fiquei sem ir à escola – mesmo morando em Linhares, no interior do ES -, afinal, queria ver o cortejo. Chorei mais um pouco.
Uma das frases que, segundo minha mãe, repetia compulsivamente, mostra bem o quão humano e próximo do povo Ayrton era: “mãe, ele não podia morrer, ele era meu amigo”.
nunca fui fã desse tal de senna. sou viciado em f1 e gostava mesmo era do piquet.
e tambem nem lembro do que estava fazendo no dia. lembro de ter visto a corrida, almoçar com a familia e acho q depois sai pra beber. mas lembro bem do dia do enterro pq os viados bloquearam varias ruas e eu chegei horas atrasado no trabalho.
abraço.
cara… o meu final de semana foi quase igual, só que a família estava na casa da ‘vó’ e eu não tive que sair pra feira: só não consegui almoçar direito mesmo!
e me diga uma coisa: vc estudava na federal? lembro que foi completamente sem alegria aquela anúncio de suspensão da aula…
Eu assisti em silêncio… Não acreditava! A F1 e o Senna representavam o “momento pai e filha” pra mim… Depois tive que explicar ainda o que aconteceu para o meu priminho de 4 anos que tinha o Senna como herói. Minhas recordações são bem tristes daquele dia…
Eu também estava assistindo com a família. Não fiquei emocionado como todo mundo, mas a morte do Senna também me tocou.