Considerações sobre “Simplesmente Amor”

Quer um programa divertido e descompromissado para um de seus raros momentos ociosos neste final de ano? Vá ver Simplesmente Amor (Love Actually), escrito e dirigido por Richard Curtis, de Um Lugar Chamado Nothing Hill, Quatro Casamentos e Um Funeral… Bom, por aí fica fácil imaginar como é mais esse filme.

Enfim. Convido aqueles que já viram para dividir alguns comentários – aos que pretendem ver e detestam spoilers, tenha cuidado com as próximas linhas. Ou simplesmente pule para o quadrinho seguinte.

– Antes de mais nada, faça como os três ou oito casais que permaneceram na sala após o filme: tente ir acompanhado. Mas não seja tão estúpido quanto eu, que resolvou aceitar o convite de um casal de amigos apaixonado: nesse caso, talvez seja melhor ir sozinho.

– Independente do seu estado emocional, uma coisa não dá pra negar: os ingleses conseguem fazer comédias deliciosas – e até engraçadas – sem apelações ou besteirol, ao contrário das tortas americanas ou outras sobremesas intragáveis e de gosto duvidoso.

– Como em todo filme bom, não espere nada verossímil. A começar pelos cursos de idiomas: impossível alguém aprender outra língua tão bem em apenas uma semana, ainda mais estando perto do Natal. Mais: experimente viajar para qualquer cidade norte-americana e ter o mesmo destino do babaca tarado.

– Falando em situações fora da realidade, difícil escolher a figura mais nonsense do filme. Pessoalmente, disputam cabeça a cabeça o roqueiro bem-loco Uncle Billy Mack e o impagável primeiro-ministro Hugh Grant.

– Se bem que a alemã Heike Makatsch, que interpreta a secretária Mia, a princesa do caribe e noiva do melhor amigo Keira Knightley, a faxineira-garçonete lusitana Lúcia Moniz, e ainda a rechonchuda Natalie, ou melhor, Martine McCutcheon, merecem um parágrafo só para elas.

– Acredito que ninguém espere nada do filme. Mesmo assim a sala estava cheia! Bom, talvez seja por conta da presença do ator Rodrigo Santoro: as moças querem vê-lo porque é bonito, e os rapazes querem mesmo fazer piadas como “vejam, ele não tem falas!”.

– Mas ele fala, sim. Um pouquinho, mas fala. Também, francamente, alguma coisa a mais ele tinha que fazer: colocaram a atriz inglesa mais fria para contracenar com ele…

– Aliás, fácil explicar a presença dele no filme: tem tanto papel que os atores ingleses não foram suficientes! Convocaram quase todos: Liam Neeson, Colin Firth, Emma Thompson, Alan Rickman… Até o Mister Bean e um moleque saído das páginas do Harry Potter!

– Como é fácil escrever sobre cinema, mesmo sendo um péssimo cinéfilo, depois que inventaram o IMDB… Te cuida, Rubens Ewald Filho!

– Mas voltando. Definitivamente, tinha papel demais. Até um grupo de imigrantes portugueses teve que ser acionado. Se bem que nenhuma das mulheres desta sequência tinha bigode…

– Um dia ainda quero fazer surpresas como as que aquele melhor amigo fissurado fez para os noivos. Ou ainda melhor: a surpresa para a pós-noiva.

– Falando em surpresas, mais um pedido para o meu amigo secreto: o CD com a trilha sonora de Simplesmente Amor. Antes que eu apele para o Kazaa.

– Entre as mensagens despretensiosas e diluídas com muita água e açúcar, uma é bastante clara: nunca tarde para tomar uma atitude e correr atrás de seu grande amor. Ou nunca é cedo, haja vista o esforço do molequinho do Harry Potter – que deve ter aprendido a tocar bateria naquela mesma escola de idiomas…

– Ah, sim. Tem outra mensagem bastante clara, proferida pelo senhor primeiro-ministro: chupa, Bush!

– Mas a grande mensagem do filme é outra: quem pensa que o amor não existe mais, ou que o mundo está coberto de ódio e indiferença, visite um aeroporto. De fato, qualquer história de amor que tenha ligação com algum aeroporto tende a ser marcante, inesquecível… E disso eu nunca tive dúvidas.

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Comentários em blogs: ainda existem? (9)

  1. Please, me tire da lista dos desativados…rs…eu acho que ainda estou na ativa…pelo menos pretendo me manter…ah, vc entendeu!

    Sabe por mais mamão c/ açúcar que sejam esses filmes de amor, eu acho uma boa pedida para um tarde de folga, na sessão da tarde, isso em condições que vc não tenha exatamente mais nadica de nada pra fazer, todos te abandonaram, e sua única opção é assistir um filme assim, daí sim é legal…hehehe

    Mas no fundo eu vivo assistindo, talvez pra criticar depois, mas esse é o bom…

    Bjos
    Ale*Cherie

  2. Aeroportos sempre estão presentes nos meus relacionamentos… Há sempre uma despedida, ou um reencontro…
    Se bem que a cena mais linda, daquelas que guardo na memória como se fosse do filme mais lindo que já vi, foi uma despedida numa estação de trem de Munique…
    Cena que lembra aqueles filmes românticos da época da Segunda Guerra, sabe?

    E o início do “filme” se dá dentro da Catedral de Mônaco. Quer coisa mais romântica? 😉

  3. Tá tudo aí, Marmota! Ontem, fui assistir a esta película com meu namorado e saímos de lá muito felizes. É bom ver um filme que não te faz de idiota. as histórias são ótimas e a que eu mais curti foi a que participa a Emma Tompson. Mas eu tenho uma queda por ela.
    Todo o resto é divino. O Santoro cumpre o papel, o Grant continua perfeiro, até o menininho garante a alegria. Saí mais leve, mais apaixonada e tive uma boa noite de sono. 🙂
    beijos,

  4. O filme é realmente divino e o elenco nota 1000. Todas as histórias são muito boas. Pena que tiraram muitas cenas maravilhosas (vale a pena ver o filme em DVD que se pode ver, claro que separadamente, as cenas deletadas).

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