Can-can, este mau-mau industrializado

“Vamos jogar can-can?”, perguntou, inocentemente, a Naninha, assim que chegou ao boliche no último sábado. Logo pensei naquelas damas pouco recatadas, que apareciam no antigo bang-bang à italiana mostrando pernas e anáguas num show de dança típico em pleno saloon. Nada disso. “preste atenção, pois este joguinho vicia”, alertou Naninha, ao retirar as cartas do jogo da bolsa. Cartas de um baralho: vício e fascínio que acompanha a humanidade há muito tempo.

Há mais de mil anos, os chineses já usavam as cartas para prever o futuro, como informa um divertido texto sobre a história do baralho no site da Copag, o maior fabricante do país. Antes de chegar à Europa, por volta do Século XIII, passou por regiões como Egito e a Índia, cada qual com sua identidade. O estopim para a popularização é o mesmo até hoje: o prazer de jogar.

Se a aparência dos naipes, reis, damas e valetes não mudaram muito com o passar do tempo, a combinação de suas 52 cartas – ou até menos, como as 40 usadas no truco – foi capaz de gerar uma infinidade de jogos, de origens tão incertas quanto a rigidez de suas regras. Burro, pôquer, dorminhoco, buraco, paciência, canastra, rouba-monte, bom dia senhora, cacheta, pontinhos, pif-paf… e o mau-mau.

A regra básica do mau-mau é se livrar de todas as cartas, descartando sempre uma carta de mesmo naipe ou valor da que está na mesa. Quando restar apenas uma na mão, é imprescindível o grito “mau-mau”, sob o risco de punição – comprar três ou sete cartas, por exemplo. Existem outras variantes, a gosto do freguês: no caso do jogador não ter cartas que obedeçam as condições, por exemplo, pode-se comprar apenas uma carta e passar a vez. Ou ainda seguir comprando, até conseguir alguma que possa ser jogada.

As diferenças culturais também aparecem nas cartas especiais do mau-mau, responsáveis pela graça do jogo. Pessoalmente, conheço assim: o sete força o próximo jogador a comprar três cartas. Ou jogar outro sete, acumulando as compras para o jogador seguinte. O nove tem o mesmo efeito, com apenas uma carta. Um ás deixa o seguinte sem jogar, e a dama inverte a rotação do jogo. A carta curinga, que pode ser a própria ou o valete, pode ser usada a qualquer momento. Além disso, quem a jogou pode escolher o naipe da vez.

A brincadeira garante horas de diversão: tanto que a Grow aproveitou o conceito do mau-mau para lançar o seu can-can: “um envolvente jogo de cartas que exige dos participantes muita malícia e esperteza. Jogando can-can, quem é bom deixa os outros de mãos cheias!”. O jogo é praticamente igual, com algumas diferenças lúdicas: o baralho tem mais cartas, suas cores são vivas e os sinais especiais são bastante claros.

Se você ficou com vontade de jogar mau-mau, não precisa desembolsar seus reais num can-can: é só resgatar seu velho baralho perdido na estante. Se a preguiça for grande, experimente baixar este mau-mau virtual, concebido pelo Daniel Machado. Apesar de não ver nenhuma graça em jogar mau-mau sozinho…

Comentários em blogs: ainda existem? (13)

  1. Curiosidade baralhística: a gigante nipônica de entretenimento eletrônico Nintendo tem suas origens na fabricação de baralhos. Quem sabe um dia nossa Copag também não fabrique jogos eletrônicos, heim?

    E Can-Can vicia, mesmo. Ao ponto de ser jogado, como jogamos Naninha e eu ontem, em pleno engarrafamento das ruas de São Paulo.

    Um abraço!

  2. De todos os jogos de cartas, eu ainda prefiro o prosaico caxetão ou a famosa canastra. Clássicos, ou pelo menos na região onde eu morava quando era criança.

    O bom de se aposentar dentro de alguns (muitos) anos é a possibilidade de voltar a jogar cartas 😉

  3. o bom do can can é vc jogar e nem ver a hora passar além de ser muito divertido! nós achamos o baralho jogado entre as tralhas de ksa só que eu naum lembro muto como se joga se algu~em souber algumas regras passa ai pra mim!!!flw abraço!

  4. gostaria de saber no jogo de can can, quando vc não tem a cor ou o número que foi descartado e tiver a carta de escolher cor simples, a carta de escolher cor que obriga a comprar mais 4, vc pode jogar a que obriga comprar mais 4 ou a pessoa é obrigada a jogar primeiro a carta de escolher cor simples?

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