A misteriosa fórmula da felicidade

Sempre achei que felicidade era algo simples de se conseguir: basta fazer o que estiver ao seu alcance para fazer os outros enxergá-la e proporcionar-lhes o tal sentimento, multiplicando-o sempre. Sempre. Quando olhar para trás, vai ver que não perdeu seu tempo com ninguém, mas fez o que pôde para transformar o mundo ao seu redor. Trata-se de uma teoria simples, mas que costuma funcionar bem.

O problema é quando nem todo mundo que está na sua volta acredita que a tal felicidade só pode existir agora, sendo volátil demais para inventarmos de estocá-la – ou pior, para imaginar que ela está impregnada nas coisas que possuímos, sejam elas materiais ou não. Existem ainda aqueles que perdem tempo esperando outra pessoa lhe entregar felicidade de bandeja – e em casos extremos, acham mesmo que as outras pessoas serão capazes de adivinhar o que fazer, correndo o risco de ver pessoas queridas não corresponder a nenhuma expectativa.

A verdade é que eu não conheço ninguém que não procure ser feliz. Bom, tem aqueles que não precisam de inimigos, já que preferem só trabalhar, reclamar e se desvalorizar. Acabam fazendo o trabalho do vilão sozinhos. Mas mesmo essa turma sonha, lá no fundo, em encontrar a felicidade – não acredito que esse povo goste dessa sensação interminável de frustração e impotência.

Quando você sentir seu chão desabar, lembre-se desta informação importantíssima: pesquisadores britânicos calcularam o estado emocional de mil pessoas, convidaram psicólogos e afins para analisar os resultados e chegaram à misteriosa fórmula da felicidade.

Anote: F = P + 5E + 3A.

Entendeu? Não? Ok, vamos analisar a fórmula com cuidado.

F: Trata-se do nosso objetivo final, esse negócio que a gente teima em não encontrar (ou simplesmente nega sua presença). Precisa dizer mais?

P: É o seu lado pessoal, as características que formam sua personalidade e fazem com que você se adapte ao mundo e aos outros. Para aumentar esse valor, o segredo número um é se conhecer melhor. Quem é você? O que você acredita ser certo ou errado? Responda isso sempre que estiver perdido e vai saber exatamente quais são seus pontos fortes e fracos. Leia mais, vá ao cinema, procure se informar sobre assuntos que lhe interessam… Tudo isso vai te ajudar a dar respostas. Com isso em mente, concentre-se em seus valores. Isso vai refletir diretamente nas suas tarefas do dia-a-dia – é aquela velha história de fazer aquilo que nos faz bem.

E: Está ligado à sua existência e a forma como você se relaciona com o mundo. É o item mais importante dessa equação, por isso tem peso cinco. Aqui a chave está nos relacionamentos. Família, amizades, amores… Conviva com o maior número de pessoas, buscando harmonia e maior visão de mundo – abusando não apenas da sinceridade, mas também do “bom dia”, do “por favor” e do “obrigado”. Ninguém é igual a você, mas isso não impede que você compreenda e respeite o ponto de vista dos outros. Pode ser que, vez ou outra, você prefira ficar sozinho, com os seus problemas. Tudo bem, desde que você não se isole demais. O tempo passa, e a felicidade só existe no presente. Além disso, está para nascer aquele que consegue ser feliz sozinho.

A: Esse pode ser de auto-estima, mas é composto por toda sorte de coisas intangíveis, como expectativas, ambições, emoções em geral. Aqui, cabe um mantra precioso: problemas não são uma exclusividade sua. Todo mundo sente raiva, angústia, tristeza, insegurança… Mas nem todo mundo consegue identificar exatamente sua origem e se sentir bem. Especialmente quando o mundo estiver desabando. Nesse caso, saiba exatamente o que você quer da sua vida e o que realmente importa para você. Auto-estima também reside nos pequenos prazeres diários, coisas que estão sempre embaixo do nosso nariz: uma surpresa, um sabor, um olhar, um sorriso… Se conseguir absorver intensamente os detalhes, vai conseguir ainda comemorar as pequenas vitórias pessoais e, porque não, a vitória final após nosso empenho diante de um objetivo. Também é relevante para chegarmos à tal felicidade, por isso o item tem peso três.

Enfim, a equação parece simples, mas ninguém disse que é fácil. Felicidade não é palpável, por isso não é remédio, nem produto de consumo. No fim das contas, tudo aquilo que “devemos fazer” para ser feliz é ruim, afinal de contas, ninguém gosta de fazer algo por obrigação. A simples existência de uma equação pode ser um problema: na tentativa de igualar a felicidade a uma receita de bolo, a gente esquece de tentar coisas diferentes, limita-se a repetições para tentar os mesmos resultados… E a felicidade não se sustenta em rotinas enjoadas.

A felicidade é meu grande objetivo de vida, mas como diria Dona Milú, vai continuar sendo um mistério.

(Postado em 20/03/2006)

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