2008, o ano da indisciplina vermelha

Estou naquela época do ano em que minha agenda começa com total regularidade. Até porque, nas primeiras semanas do ano, é mais simples começar um planejamento eficiente e executar todos os projetos audaciosos. A questão é que as anotações de 2008 estão na minha frente, repletas de lacunas e idéias inacabadas. Isso vale para qualquer outro gerenciador de tarefas, seja ele o Google Calendar ou os alertas do celular. Já li uma proção de coisas envoltas sobre siglas enigmáticas – gtd, pdca, pmbock, scrum, entre outros métodos infalíveis para conclusão de tarefas e administração do tempo.

A verdade é: ainda não descobri nenhum curso, técnica ou chibata capaz de organizar minha vida. Isso fica bem mais claro diante de uma pretensa retrospectiva particular, pensada para ser revista e publicada nos últimos dias de 2008, mas que só agora vai tomar forma.

Esta conclusão simples e recorrente voltou com força num dos raros domingos esportivos que tive. Depois da frustração de praticamente não conseguir assistir (muito menos escrever sobre) os Jogos Olímpicos, o dia 28 de setembro estava reservado para dois grandes eventos. Era a primeira corrida noturna de Fórmula 1 (que, diga-se, também larguei mão do acompanhamento assíduo) e, na mesma tarde, meu time enfrentaria o então líder do campeonato no maior clássico regional do Brasil.

Assim, programei meu domingo (algo raríssimo) para acordar cedo e acompanhar o GP de Cingapura. Aquela corrida onde o Nelsinho Piquet bateu nas primeiras voltas, Rubens Barrichello abandonou e jogou a balaclava no fosso, Fernando Alonso deu um bico no jejum de um ano sem vencer e aproveitou as entradas sistemáticas do safety car… E Felipe Massa, que havia tido um fim de semana impecável, largou na pole e vencia com facilidade, foi prejudicado graças a uma lambança durante o reabastecimento. Um cururu acionou a luz verde antes da hora e o brasileiro acelerou, arrastando mangueira, mecânico e algumas gotas de gasolina. Aquele grito do Galvão Bueno doeu em mim e certamente em muitos outros.

Enfim, só restava esperar por uma redenção dominical no Grenal no fim da tarde. Mesmo sabendo que o streaming web é bem mais fácil, evoquei um antigo ritual: peguei meu radinho de ondas curtas, subi na laje e sintonizei a rádio Gaúcha. Passei algumas horas com o sereno do fim de tarde na cabeça, ouvindo efusivamente o Pedro Ernesto elogiando o Colorado a cada ataque fulminante (ou em algum lance envolvendo o D´Alessandro). Só precisei ouvir o primeiro tempo para voltar a sorrir e terminar o dia feliz após uma bela vitória por 4 a 1.

O ano que passou trouxe, além da simbologia cromática, algo comum entre Inter, Massa e eu: aprendemos uma dura lição sobre planejamento e disciplina. Lógico que o piloto brasileiro não perdeu o título mundial naquela mangueira presa nas ruas de Cingapura, muito menos na última curva de Interlagos graças ao Timo Glock. Paralelamente, apesar do título da Copa Sul-americana e do elenco invejável, tropeçou no preparo físico e, quando estava engrenando no Brasileirão (justamente em setembro), já era tarde para garantir presença na Libertadores durante seu centenário.

Quanto a mim, olho para trás e lembro da mensagem do Papai Noel (que também adora vermelho). Ele lembrava que 2008 seria regido por Marte, o planeta vermelho. Uma simbologia que previa um ano desafiador, onde criatividade, iniciativa e planejamento eram as armas para arrumar a casa, batalhar e comemorar grandes conquistas.

Planejamento que, assim como esse texto, poderia ter sido feito logo nos primeiros dias do ano. Ou mesmo em setembro. Ou na última semana do ano. Enfim, para todos os efeitos, feliz 2010 desde já.

Comentários em blogs: ainda existem? (5)

  1. Na base do chutômetro, aposto no Inter finalmente campeão brasileiro de novo, em 2009. Mas isso só porque o São Paulo, tetracampeão da Libertadores, vai estar se preparando para a disputa do Mundial de Dubai, hehehehehe!

  2. Guri

    Galvão Bueno gritando e Pedro Ernesto elogiando “aquele outro time aqui do sul” numa mesma postagem é abusar de janeiro, neh

    Ao menos o Pedro Ernesto não cantou…
    :))

    Mas, sobre o planejamento mais elaborado: para algumas pessoas isso simplesmente não funciona. E mais: perdemos montes de tempo trabalhando em algo que fura em seguida.

    Eu conheci uma pessoa que planejava a curto, médio e longo prazo e ia seguindo, organizando e conquistando tudo direitinho. Bom, … morreu com 38 anos, o que definitivamente não estava nos planos…

    abraços e bom 2009 com ou sem planos…

    em tempo:

    saudações tricolores!!!!!

  3. Caro, grande post esse teu. Antes tarde que nunca não? rs..

    Agora é sério, Galvão Bueno consegue estragar o Domingo de qualquer um, mesmo que seja com uma pequena apresentação no (ex)Fantástico.

    Estou contando muito com planejamento para esse ano, vamos ver se aprendemos então.

    Abraços e sucesso,
    Monthiel

  4. eita! adorei! maravilhosa a sua frase:A verdade é: ainda não descobri nenhum curso, técnica ou chibata capaz de organizar minha vida…
    muito bom!
    o Sérgio tá citando vc no blog dele, que maravilha! só assim a gente acha coisa legal!!!hehe
    sabe,
    eu sou um pouco q nem vc, começo a agenda/ano com tudo organizadinho, mas a desculpa que dou pra mim mesma é que já ando com tanta coisa (geralmente carrego laptop e datashow com direito a todos os cabos e caixas de som)pra minhas aulas… aí, acaba não sobrando espaço pra agenda, hehe
    mas
    admito que sou um pouco workaholic, num consigo ficar parada…ou será que sou hiperativa, eu sei lá… concluo que não sou muito adepta às agendas, mas, termino cumprindo minhas metas…
    hoje tá chovendo pacas aqui em recife, eu de férias do trabalho, em lugar de ficar hibernando, fui cuidar do jardim… vê se pode, sem falar que tem minha dissertação pra terminar… vixe, haja fôlego…

    abs, inté.

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