Torcedor tem que usar nariz de palhaço

Lembro de um jogo entre Palmeiras e Vasco, se não me engano naquela natimorta Copa João Havelange, que o time do Euricão simplesmente não viajou a São Paulo, questionando a data – era para ser ao menos 48 horas depois de outra partida do Vasco, pela Mercosul. O que se viu no Parque Antárctica, além do WO, foram torcedores do Verdão usando narizes de palhaço.

Aquela não foi a primeira vez, e convenhamos: além da camisa do time embrulhada (para usar só na arquibancada e não apanhar na rua), do RG e do dinheiro contado (cambista, cerveja quente, refrigrerante sem gás, sanduíche amanhecido e o ladrão), o nariz de palhaço devia ser de uso obrigatório pelo torcedor.

Dentro do estádio, o mais fiel dos consumidores brasileiros recebe tratamento similar ao de qualquer rebanho no brete. Fora dele, vê cartolas interesseiros e dirigentes de preparo discutível jogando o futebol na gangorra: profissionalismo de um lado, amadorismo de outro. E num lampejo de esperança, quando os estádios voltam a encher (ainda que seja por conta da Nestlé) e ninguém mais fala em rasgar regulamento e virar a mesa, aparece um bando de irrresponsáveis, cujas mães trabalham por longas horas na zona, e aprontam uma palhaçada dessas.

O pivô do escândalo, o senhor Edílson Pereira de Carvalho, foi preso no sábado pela manhã dizendo que ajeitava os resultados de partidas do Brasileirão, do Paulistão e da Libertadores “porque recebia ameaças de morte”. Certamente porque acordou sem saber que o país já tinha ouvido as gravações em que ele diz: “vê o limite que você pode jogar e mete ferro, que eu meto ferro dentro de campo… que amanhã eu saio de escolta do estádio”. Francamente.

Como é que as mesas-redondas de domingo, que debatiam longamente sobre deslizes da arbitragem como em qualquer boteco, vão fazer o mesmo a partir de agora sem acusar o juiz de mafioso? Pior: agora que a coisa tá preta, e que o senhor Edílson pretende puxar seus colegas para a lama, onde é que o futebol vai parar? Como encerra a matéria da Veja, “O Brasil do mensalão, do valerioduto e dos dólares na cueca não merecia mais essa”. Preparem vossos narizes.

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Seja feliz – Não sei se a redação da Istoé ficou feliz ao ver sua concorrente pautando a agenda da semana, enquanto sua revista estampou balões dourados com sorrisos e o título bombástico: “é possível ser feliz”.

Mas a matéria é bacana, e vale até um post só para ela. Ela lembra que ninguém é feliz, mas está feliz – e esse verbo não se conjuga no futuro, mas no presente. Aproveite sua vida agora mesmo, portanto. Além disso, alguns ingredientes ajudam a sustentar a tal felicidade: boa relação com a família, boa saúde, integração social, atividades diárias, controle de gastos, saber perdoar…

Quer uma sugestão? Compre as duas revistas. Depois de se estressar com a arbitragem, seja feliz.

Comentários em blogs: ainda existem? (7)

  1. Não que eu seja defensor da Isto É, mas TODAS as publicações de banca têm o hábito de dar capas cretinas para vender mais. Quer um exemplo? Pergunte ao Mr. GE por que jornais esportivos não estampam derrotas dos grandes times na capa?

  2. E o que eles vão fazer? No meio desses que o Lalau dos Campos arbitrou, tem dois do Tricolor Paulista: Uma derrota uma vitória. Os jogos apitados pelo cara vão ter que ser realizados denovo? Mas sabe que eu sabia que esse cara tinha uma perseguiçãozinha contra o São Paulo!!!

  3. Sinceramente, minha opinião é:

    Será que foi à toa que essa história de FUTEBOL veio à tona JUSTAMENTE agora, em meio à uma das maiores crises políticas da história do Brasil?

    É, no mínimo, de se estranhar…

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