Sim, eu sei: neste sábado comemoramos o aniversário da cidade de São Paulo: nesta data, em 1554, jesuítas fundaram a vila de São Paulo de Piratininga. “Oficialmente”, descontando a ocupação de povos indígenas, a história de nossos arredores começa nos tempos do descobrimento, em São Vicente. Resumidamente, parte da expansão paulista se dá com a catequização dos índios e a ação firme dos bandeirantes – um lugar perfeito para celebrar é aos pés da estátua de Borba Gato, genro de Fernão Dias e um dos responsáveis pela captura e massacre de índios por aí.
Claro, a história não é tão simplista assim. De toda forma, nos últimos 460 anos, a capital paulista se desenvolveu ao lado de seus vizinhos e outros municípios prósperos do litoral e interior, responsáveis por um terço do PIB nacional. Não à toa, o Estado mais populoso da federação é conhecido como a “locomotiva do Brasil”. Em São Paulo encontram-se importantes universidades e centros de pesquisa; os maiores e mais movimentados portos e aeroportos; teatros, museus, restaurantes, bares, baladas, instalações esportivas construídas e visitadas por gente de todo o mundo.
Não é demais? Mesmo quem nunca soube dessas coisas balança a cabeça admirado ao chegar à cidade pela Rodovia Ayrton Senna, saindo do Aeroporto de Guarulhos. As boas vindas mencionam o PIB, as universidades, a diversidade étnica e a infraestrutura precedidas pela frase: “São Paulo, Estado número um do Brasil”. A iniciativa é da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade, a Investe São Paulo, ligada ao Governo estadual. No site do serviço é possível encontrar as justificativas para esta afirmação, além de um convite para investidores.
Nem todo mundo concorda. Eu mesmo tenho certeza que o Estado número um do Brasil é o Rio Grande do Sul. Outros acham presunção. Já ouvi gente chamando a ação de “propaganda eleitoral antecipada”, aos moldes daqueles comerciais com exemplos a serem seguidos. Nada disso importa. O fato é que são apenas cinco placas, na beira da antiga Trabalhadores, longe de abraçar toda a complexidade cotidiana. Pensando nisso, usei meus parcos conhecimentos em Fotochope para recriar a mensagem.
Com o modelo pronto, as possibilidades são infinitas. As mais interessantes são aquelas que abusam do conceito de “radical transparency”, isto é, abrir a caixa de ferramentas sem medo da sinceridade – é uma lógica parecida com os publicitários saídos do hospício naquele filme com o Dudley Moore nos anos 80, Crazy People. Vejam alguns exemplos aleatórios, elaborados em uns três ou nove minutos de ócio.
Se eu tivesse tempo para jogar fora, trataria de criar um gerador de memes no Imgflip. Tudo o que posso fazer é compartilhar o arquivo PSD para você abrir no Fotochope, editar o texto, salvar para a web e compartilhar por aí – se quiser construir e manter um Tumblr ou uma página no Facebook, avise para que eu possa curtir. Se não quiser tanto trabalho, diga lá sua ideia para valorizar aspectos, para o bem ou para o mal, do Estado número um.
E que belo trabalho do designer que criou esse cartaz, hein?
Eu gostaria de ver um governo petista em SP, queria ver se fariam piadas como essa. Piadas alias de mal gosto e sem graça. Deve ser coisa de eleitorzinho esquerdalha
Marcelo, não foi piada: o outdoor existiu mesmo, e as frases usadas para ilustrar são factuais.