Porque não costumo opinar sobre política

Assim como praticamente toda a massa de cidadãos desse país, admito minha parcela de alienação e comodismo, culminando na conivência nacional diante de um sistema acostumado a privilegiar um bando de gente mal intencionada, mas escolhidos por nós para defender os interesses da sociedade. Devia agir como os colegas do Bombordo e buscar reflexões sensatas para formar um ponto de vista político minimamente consciente.

Mas para isso, tenho que tomar um banho de sal grosso e descarregar essa inércia mental, o que não é mole. A constatação veio essa semana, assim que reli um comentário que fiz em agosto, sobre o então ministro Antonio Palocci. Na época, o furacão das CPIs permanecia implacável, e as primeiras denúncias envolvendo o ex-prefeito de Ribeirão Preto começaram a pipocar – todas ligadas ao seu mandato na cidade paulista.

Evidentemente, jamais colocaria a mão no fogo por ele, mas achei muito bom o simples fato do Palocci ter reunido a imprensa em pleno domingo (domingo!) e se posicionou com firmeza, preservando a confiança do mercado nos rumos da economia. Tudo bem, conhecemos o roteiro de qualquer crime: pensar friamente, executar silenciosamente e negar veementemente. Mas em meio a um bando de bananas governistas do executivo e legislativo, Palocci tinha sido o único até então a falar sem se esquivar, personificando o “lado bom” da administração federal.

O tempo passou e a firmeza do homem forte do governo não existe mais. O cururu se reunia com correligionários e moças de fino trato, numa casinha simpática perdida no Lago Sul em Brasília, para falar do caixa 2 do partido e se divertir um bocadinho – exemplo cabal de que o PT definitivamente confundiu partido com governo, talvez seu grande erro. A instalação da República de Ribeirão foi testemunhada pelo caseiro Francenildo Santos Costa, que virou testemunha importante para elucidar a lambança. O destino do ex-ministro foi selado, no entanto, quando o extrato bancário do pobre Nildo foi parar nos jornais: ele tinha recebido um belo incentivo para falar. Mas a questão foi: quem diabos tem o direito de quebrar o sigilo bancário para desmoralizar uma testemunha? Com a suspeita em suas costas, a casa definitivamente caiu para o Palocci.

Mas nem sempre o buraco do poço acaba. Ao contrário do que fez em agosto, resolveu brincar de esconde-esconde com o país, conseguindo mobilizar jornalistas para um lado, enquanto a Polícia Federal estreou um novo serviço: o depoimento delivery, onde delegado vai até sua casa para ouvi-lo e indiciá-lo! Claro, desde que você seja alguém influente. Ou você acha que o Nildo também tem direito ao serviço prime da PF? Francamente.

Talvez uma das poucas coisas aproveitáveis do discurso de agosto foi a frase: “as pessoas passam, mas as idéias econômicas ficam”. Mas qual foi a minha conclusão daquela vez? Que o PT devia aprender com o Palocci. Hahahaha! É melhor recolher minha ignorância, deixar a política de lado e falar sobre as peladas do Big Brother.

Comentários em blogs: ainda existem? (5)

  1. Pois eu repito, hoje, um trecho do comentário que fiz no post de agosto:

    “De fato: eu digo que isso não passou de lorota para engambelar o mercado – coisa que o governo aprendeu bem com o anterior -, discordo da política econômica e da falácia do crescimento e geração de empregos, e acho que é mais um teatrinho, já que o cidadão tem tudo para estar metido na chafurdagem”.

    Ah, e continuo achando que o pior de tudo isso, mais até que o caseiro e a casa do lobby (que são mesmo lamentáveis), é a POLÍTICA ECONÔMICA do Palocci. Ou melhor: do Palocci, do Lula, do Malan, do FHC…

    Será que o Brasil um dia vai perceber que PT e PSDB não são as únicas cerejas do bolo???

    Abraço!

  2. Você fala em alienação? Olha o que o meu mês de férias me causou: Ainda não vi a tal da dancinha da deputada; não sabia que o Palocci havia caído (e levado junto o presidente da Caixa)…

    Alienado sou eu, que nem consigo formar uma opnião a respeito…

    Um abraço!

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