O Luís Fabiano bilheteiro

Porto (Portugal) – Sabe aquelas histórias que certamente vamos dar muita risada um dia, mas que por algum momento, podem causar pequenos contratempos? Uma delas marcou a manhã chuvosa deste domingo, quando garantimos nosso traslado entre a bela Porto, norte de Portugal, e a capital Lisboa. O responsável pelo pequeno momento infeliz? Um bilheteiro cretino – vamos chamá-lo, despretensiosamente, de Luís Fabiano.

Imagino que a vida de Luís Fabiano resume-se a acordar, comer rapidamente o resto do bacalhau de ontem e encarar a bilheteria da Estação São Bento, que fica algumas quadras do nosso hotel. Se bem que… Isso não é importante. Apenas vamos lembrar eternamente de que trata-se de um sujeito mal-amado, que deve levar uma vidinha sem graça pelo fato de não merecer nada muito melhor.

Enfim. Ao comprar os bilhetes, já sabendo que o trem partiria da estação Campanha (e não dali), a pergunta óbvia era: como fazer para chegar lá? Pois Luís Fabiano ouviu o tal questionamento da única mulher do nosso grupo, e respondeu de maneira… Hmmm, como posso dizer… Pouco comum. “Do mesmo jeito que você chegou a Portugal vindo do Brasil”. Luís Fabiano não completou a frase, e ouviu a segunda pergunta: “dá pra ir de ônibus, por exemplo”?.

A bola foi alçada, pedindo por uma piadinha. Fosse eu, simplesmente diria: ué, não dá para vir a Portugal de ônibus. Emendaria com uma risadinha e uma cara de bobo, seguindo nossa vida alegre. Quem chutou a bola, no entanto, foi Luís Fabiano: “tinha que ser mulher mesmo…”

Defina como quiser essa infelicidade: piada de português (literalmente), grosseria desnecessária, desrespeito absurdo… Preferi simplesmente ignorar o comentário infeliz, mas tratei a coisa como uma situação curiosa, encarando como mais uma piada feita por um zé mané qualquer. Do mesmo jeito que encaro um cururu que nunca me viu e, ao descobrir que a minha família é de Pelotas, por exemplo, emenda com um “bando de viadinhos”. Entra num ouvido e sai pelo outro.

Claro que nossa companheira de viagem detestou ouvir aquilo. Ficou pior quando viu que, além de não defendê-la, esbocei alguma risada, já entendendo a situação como uma piadinha de costumes. Enfim, talvez não tenha sido a melhor reação… Aproveito para registrar aqui, eternamente, meu pedido de desculpas por ser assim. Não fosse minha companheira de viagem uma grande amiga, certamente nossa viagem terminaria ali, debaixo de chuva, em frente à Estação São Bento.

Nossas vidas não vão mudar por conta de comentários feitos por Luís Fabiano ou por qualquer ignorante que cruze nosso caminho. Mais do que isso, existem diferenças culturais abissais mesmo entre pessoas da mesma cidade – que dirá países diferentes. O segredo é absorver estas situações como uma simples lição de vida. E se a situação não for das mais agradáveis, respire fundo e ponha uma coisa na cabeça: tudo é festa. Melhor lembrarmos de nossa passagem pelo Porto a partir do jantar à beira do Rio Douro, servido por uma ucraniana perdida…

E como suspeitávamos, o bate-volta em Milão não rolou. Decidimos passar seis horas, loucos de sono, circulando no Aeroporto Internacional de Malpensa – e observando as figuras que também circulam neste “não-lugar cosmopolita”. Um casal pouco apaixonado (apelidado de “modorra”), uma muçulmana com uma criança de colo (batizado de “menino-bomba”) e um gordinho esperto (o “Vinícius de Morais”) foram os mais marcantes. Mais detalhes sobre o gordinho picareta em breve aqui. Aguarrdemm!

Por hora, uma conclusão simples: os italianos são muito mais mal educados que os portugueses. Mesmo as aeromoças: trocaria todas as mal encaradas da Alitalia pela Alexandra Santos, a bela de olhos verdes da Portugalia…

Não deixe de acompanhar nossa aventura também pelos relatos (mais sucintos, mas não menos importantes) do Lello e da Lu. Torcendo para que a chuva diminua, ao menos em Lisboa…

Comentários em blogs: ainda existem? (12)

  1. Não é por nada não, mas minha parte de sangue italiano mal-educado já subiu aqui só de ler a piadinha do ‘Luis Fabiano’. Minha vida não iria mudar, mas que provavelmente eu daria o troco a ele, ah…

  2. Bom, seguindo a minha personalidade, eu teria amassado o nariz do gajo, ou pelo menos teria dado uma resposta menos educada que a dele. Mas, vc sendo ponderado como é, não tem que ficar remoendo isso. Fez o q fez na hora e ponto. Agora é curtir a viagem e desencanar. O trem vai partir e o Luís Fabiano vai continuar lá, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar e tal.

  3. Marmota,

    Viajar é uma arte. A gente tem antes de tudo que sintonizar os companheiros no mesmo clima, e defender uns aos outros. Bom saber que você está aproveitando. Agora, não fica muito tempo na net e sim passeando, viu? Beijão, Ju

  4. Dézito, pelamordedeus… não vão me arranjar briga pelas zoropa, hein? Continuo acompanhando a saga do trio pelos blogs! besos da italianinha boca-suja (tudo explicado agora…)! e divirtam-se muito, por favor, hehe!!

  5. Marmota, espero que estejam aproveitando a viagem. Acabei de ver os vídeos do “Entrando numa Gelada” e mal posso esperar pelo que você vai fazer com o material colhido no velho continente.

    Falando em vídeo, Osiro e eu começamos uns testes pr’aquele projeto multimidiático. Erm… acho que estamos apanhando do After Effects, mas uma hora a gente aprende 🙂

    Opa! Vc viu que abri um blog? Será que, finalmente, virei gente? 😀

  6. Ainda bem que não te contei minhas histórias… Se não você nem teria vindo pra cá, hehe. No início foi bem difícil lidar com essa falta de educação. Deixei passar e aprendi a ver como pensam. A partir daí consegui lidar com isso de igual para igual… Tá vendo? Se tivesse me ligado eu tinha te dito como chegar lá, hehe…Beijinhos! ( P.S.: Agora a chuva pelo menos passou… Segundo a meteorologia – se bem que não confio muito nisso – a partir de amanhã o tempo estará melhor )

  7. andré (e lello e lu),

    vcs tinham capa de chuva? (rs) a gente sempre descobre que se esqueceu de algo, não é mesmo? olha só, mal conversei com vcs no quitandinha, mas, se quiserem alguma sugestão, diria para vcs conversarem ao máximo com quem aparecer, da comissária de olhos verdes ao luís fabiano mal-humorado, sempre dá para aprender alguma coisa. e isso não é filosofia de botequim, não. são pessoas de culturas diferentes da nossa, então não tente julgá-las ou mesmo entendê-las. na verdade, aproveite, pergunte bastante…

    abraços!

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