O Frango Nobre de Raquel Acioli

Quero aproveitar o lançamento do novo Guloseima, da Luciana Mastrorosa, para evocar a presença de outra cozinheira batalhadora e com personalidade forte e decidida. Talvez não tenha o mesmo talento de Clementina, governanta de Maria do Carmo e “Dona Milu” em Senhora do Destino, mas certamente superou mais desafios.

A propósito, infelizmente Miriam Pires não viu sua personagem quituteira lançar A Cozinha de Dona Clementina, livro de receitas lançado pela Editora Globo em parceria com a Cozinha Experimental Nestlé, com o selo do Caldo Maggi. Coincidentemente, a marca suíça também esteve associada à personagem que motivou esse texto. Raquel Acioli não lançou livro de culinária, mas passou por maus bocados em Vale Tudo.

Separada do marido há mais de dez anos, Raquel viu sua filha ordinária Maria de Fátima vender a casa, no interior do Paraná, e fugir com o dinheiro. Sem perspectivas, mudou-se para o Rio de Janeiro. Resumidamente, depois de alguns meses vendendo sanduíche natural na praia, inaugura a Paladar, rede de restaurantes que a torna uma mulher vitoriosa.

Durante a novela de Gilberto Braga, duas ações da Nestlé promoveram o caldo da Galinha Azul e chamaram a atenção do público. A maioria lembra apenas do “bolão da Odete Roitman”, onde quem acertava o autor dos três tiros na vilã (a Leila de Cássia Kiss, rá!) faturava prêmios.

A outra foi um concurso nacional de receitas, que acontecia paralelamente à trama. O vencedor entre os populares atribuiria sua criação à Raquel Acioli, que venceria a competição também na novela graças a iguaria, tornando-a ainda mais poderosa. O prato campeão foi batizada de Frango Nobre, cuja receita se espalhou em panfletos nos grandes supermercados – e certamente proliferou nas mesas brasileiras durante o segundo semestre de 1988.

Anote aí, Lu: você vai precisar de 1 frango (1,6kg) picado pelas juntas; 3 colheres de sopa de farinha de trigo; 2 colheres de sopa de manteiga; 1 colher de sopa de azeite; 4 cebolas cortadas em pedaços; 1 xícara de chá de conhaque; 3 xícaras de chá de água; 3 tabletes de caldo de galinha (se não tiver Maggi, pode ser Knorr); 2 xícaras e meia de chá de champignon fatiado; 1 lata de creme de leite; 1 gema; 1/2 colher de sopa de suco de limão.

Faça uma “milanesa” com o frango, passando os pedaços pela farinha. Aqueça metade da manteiga junto com o azeite em uma panela grande e alta, onde os frangos serão fritos em fogo forte. Vá juntando as cebolas e virando tudo até dourar (uns 10 minutos). Abafe a fritura, tampando a panela por cinco minutos. Pegue o conhaque e um palito de fósforo. Despeje o conhaque na fritura e, caso o frango não flambe sozinho, use o fósforo aceso. Quando a chama apagar, despeje a água fervente e o caldo de galinha para cozinhar. Enquanto isso, aqueça o restante da manteiga em outra panela e refogue os champignons. Quando o frango estiver macio e o molho estiver pela metade (uns 30 minutos), acrescente os champignons refogados e a mistura de creme de leite, gema e suco de limão. Você terá um prato que lembra strogonoff, mas muito mais saboroso.

Ah, sim: ao servir, repita o mantra da Raquel: sangue de Jesus tem poder.

Comentários em blogs: ainda existem? (6)

  1. Diga-se que minha sogra sabe preparar como ninguém o frango nobre da Raquel. 😉

    E ainda farei um post sobre comidinhas e afins em novelas, em homenagem a Lu, do Guloseima.

  2. PrAto adorado pela família desde 2009 e minha saudosa mãe fazia e todos se deliciavam!!! Neste dia das mães eu o farei em homenagem a minha amada mãe. E tive quebro buscar a receita é ainda bem que coisas boas se tornam eternas e nunca esquecidas!!!!

Vai comentar ou ficar apenas olhando?

Campos com * são obrigatórios. Relaxe: não vou montar um mailing com seus dados para vender na Praça da República.


*