Você sabe quais são as duas editorias de maior audiência em qualquer portal? Uma é “Celebridades” e todas aquelas coisas estranhas do tipo “Ator Global atravessa a rua no Leblon”. A outra, sucesso desde sempre, é a “Tocando Terror”. Quando as duas se juntam, temos a impressão que não se fala em outra coisa. Foi assim nos primeiros dias de 2010, com os deslizamentos em Angra dos Reis.
É inegável que, mesmo nos primeiros instantes, quando não há informação suficiente para entender o que se passa – extensão do problema, número de vítimas – há uma correria em busca de histórias de vida, para humanizar o fato – e aqui não vou entrar no mérito da tragédia numa pousada de luxo ganhar mais espaço em telejornais do que uma tragédia de “classe CDE”, por exemplo. Prefiro me ater ao uso do bom (e já velho) “envie sua notícia”. E quando celebridades o fazem, o que acontece?
Uma discussão frequente diz respeito a essas notas curtas e rápidas baseadas em atualizações do Twitter: “celebridades comentam algo que você também comentaria”. Enquanto refletirmos se isso é algum tipo de “jornalismo preguiçoso”, todos os sites dão notas do gênero – e ai de você se não fizer.
O que costuma faltar, nesse tipo de correria, é um tempo para procurar histórias e contá-las. Certamente foi esse o diferencial de um redator da Folha Online ao lembrar de um expediente comum: o cliente que, por alguma razão qualquer, não estava lá.
Foi assim que, naquela tarde do dia primeiro, o repórter encontrou o blog do jornalista Mario Marques. Pouco antes de pagar o pacote de reveillon na Pousada Sankay, em Ilha Grande, sua esposa o fez desistir: não há hospital na ilha, o que seria ruim para a filha de dez meses.
Entre tantos rostos e histórias relacionadas a essa tragédia, essa foi a mais veloz a ser contada. Graças ao poder das mídias sociais – e a dos repórteres mais atentos, que não só encontraram a notícia como também conversaram com a fonte, como também fez o G1. Bem mais interessante do que dar uma pincelada em tuitadas, não?
Ah, sim, um apelo breve: por favor, não é necessário explorar mais a imagem da Yumi e seu violão, deixem-na descansar como merece.