Melhor que a hora do recreio

O ano de 1993 foi especial para alguns alunos de eletrotécnica da Escola Técnica Federal. Especialmente para vinte deles, a maioria da turma 213, que aceitaram o desafio e competiram na gincana promovida pelo Grêmio estudantil.

Com seus dezesseis anos, Marmota ainda rimava com “idiota”… No entanto, em meio a sugestões como Detonadores, Avante, Eletrobobos ou Arapiraca, o grupo recém-formado escolheu justamente o nome idealizado por aquele jovem de sorriso fácil e idéias discutíveis: Kiabodoce.

Foram praticamente dois meses em função das provas: líder do grupo, a determinada Emy era o envolvimento em pessoa, exigindo a mesma participação de todos. Tarefas não faltavam: tirar foto com um punk nas Grandes Galerias, trazer (ou fazer) o maior boné possível, preparar 1km de bandeirinhas juninas…

Cada etapa concluída era revertida em pontos. Mas era uma parcela ridícula diante do que realmente valia: as prendas. E nisso a galera do Kiabodoce se mostrou imbatível. Foram dias na Galeria Pagé em busca de pechinchas diversas. Cada um fez sua limpeza no porão – teve um que levou uma champanhe caríssima, perdida na adega.

Saberíamos, mais para frente, que essa mobilização faria toda a diferença. Mas ainda restava o último dia, em plena festa junina da Federal. Desde as primeiras horas da manhã num sábado qualquer do final do mês, dezenas de equipes mostravam sua união e vontade de vencer as últimas provas.

Era preciso montar uma barraca para a festa, elaborar charadas, encontrar o “tesouro escondido”, fazer um professor contar uma piada no microfone, fazer uma apresentação musical e cantar, em uníssono, o hino da equipe – o nosso foi composto por mim e pelo Osiro, era uma paródia ao carnavalesco “turma do funil”, exagerando na rima entre “quiabo escorregado” e “doce açucarado”.

Já era quase domingo quando os organizadores anunciaram os vencedores da gincana. Exaustos, muitos escorados nos ombros dos amigos ou mesmo dos pais, que prestigiaram a festa, centenas de alunos ouviam atentamente a classificação final, em ordem decrescente. Até que restaram apenas três nomes: Kiabodoce, Ediarréia e WC. Literalmente, a dor de barriga aumentou ali.

O anúncio do terceiro lugar era decisivo: independente da posição, os dois primeiros levariam o grande prêmio, uma viagem para Vitória, capital do Espírito Santo. A expectativa aumentava a medida em que o organizador “enrolava”, dizendo que a diferença de pontos foi pequena, houve muita luta, entre outras babaquices.

– E em terceiro lugar, ficou a equipe… WC!

A reação foi instantânea: éramos vencedores! Enquanto gritava e erguia os braços, observava meus colegas emocionados, dando longos abraços. O êxtase coletivo durou a noite inteira, e serviu de combustível para os preparativos daquela que seria a primeira grande viagem daquela turma em quatro anos de curso técnico.

Atenção para a chamada, da esquerda para direita. Em pé: Marmota, Feto, Rossetti, Carla, Dinho, Biscui, Fortaleza, Stalone, Kato, Capelari, Flávio e Brian. Sentados: Emy, Osiro, Luciana, Piuí, Sunny, Alemão, Sandra e João. No dia 29 de outubro de 1993, essa turma embarcou para Vitória, cinco dias tão inesquecíveis quanto a história acima, três meses antes.

A partir de hoje, dentro da programação apertada do MMM, você também está convidado para esta viagem no tempo. Não esqueça de aquele amigo que você não vê há pelo menos dez anos para embarcar com a gente no especial Kiabodoce!

Comentários em blogs: ainda existem? (6)

  1. Por algum acaso, eu lembro de todos! Mas nem todas as histórias estão bem nítidas… Vai ser divertido relembrar – e “preencher lacunas”…

  2. Sensacional, Marmota!
    Meu colégio também tinha algo bem parecido com essas gincanas, mas era no final do ano. Tempo bão…
    abraços!
    ps: Pegou alguém da foto na viagem?

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