Marmota em Gramado e Canela

– Está terminando a “fase gaúcha” deste especial interminável. Estamos agora no dia dez de janeiro, deixando Pelotas a caminho de Cachoeirinha, cidade da Grande Porto Alegre, onde moram meus tios Nelson e Dair – esta, uma das dez irmãs do meu pai. Uma semana antes, na noite anterior ao fim de semana na capital gaúcha, meus tios fizeram a proposta: que tal um domingo na região das hortênsias? Convite aceito no ato!

– E lá fomos nós, na bela manhã do dia 11 de janeiro, em direção a serra. Pouco mais de uma hora na estrada, por um caminho pouco procurado: saindo de Cachoeirinha na direção de Gravataí, na estrada que vai até Taquara. Dali segue o caminho da roça, passando por Igrejinha e Três Coroas, até chegar ao famoso pórtico de Gramado.

– Nossa primeira parada, no entanto, foi em Canela – a verdade é que, num cochilo, nem se sabe ao certo quando começa uma e termina outra. Começamos com a catedral, um dos cartões postais da cidade. Bem na hora da missa especial para os turistas – mesmo sendo católicos praticantes, meus tios decidiram não ficar.

– Enquanto isso, no lado de fora, um casal procedente do Rio – percebi pelo sotaque – brigava por causa do tal ato ecumênico. O marido queria acompanhar, mas a mulher preferia aproveitar o tempo. “Se era pra ver missa, tinha ficado em casa”, ralhava. No fim, não soube o que fizeram – ou quanto tempo ficaram nesse dilema.

– Até porque, nós tínhamos mais o que fazer. Parada seguinte: parque do Caracol, onde a famosa cachoeira de mesmo nome é a grande atração. Bom local para chamar os amigos para um churrasco, dava para ficar o dia inteiro só ali (quem sabe assim os oito paus da entrada rendiam mais). Destaque para a escadaria, que dá acesso ao pé da cascata. São quase mil degraus – creio que eles “aumentem” na subida…

– Bem perto dali, outro parque, chamado Pinheiro Grosso. Batizei-o carinhosamente de “parque da piada pronta”. A única atração é uma araucária de 700 anos e corpinho descomunal: 48 metros de altura e oito de diâmetro. A piada era o preço: R$ 2,50.

– No caminho de volta para Gramado, uma constatação: atrativo da região durante as festas de fim de ano, a decoração natalina já havia sido retirada. Nada disso impedia, no entanto, uma visita a aldeia do Papai Noel, um espaço muito bem cuidado – e aberto o ano inteiro. Para nosso azar, o sol da manhã foi dando lugar a nuvens carregadas. Até que a chuva viesse com força, justamente quando estávamos na porta do lugar.

– Sem problemas, vamos conhecer as dependêcias de Papai Noel na chuva mesmo. Além da bela casa, da fábrica de brinquedos, do depósito, entre outras instalações temáticas, chama a atenção do transeunte a árvore dos desejos. Segundo a lenda do local, o bom velhinho atende os desejos de todos os visitantes, basta registrá-los numa tabuinha três por cinco centímetros e pendurá-la por perto.

– Doido por um restante de ano mais feliz, fiquei procurando por uma tabuinha em branco entre as milhares espalhadas por ali. Encontrei, mas a chuva tratou de complicar minha vida: escrever qualquer coisa na superfície molhada da madeira é um ato heróico. “Deus, depois dessa, preciso ser atendido…”, pensava, molhado.

– Tarefa cumprida, tratei de correr para alcançar meus tios. Encontrei-os ao lado de uma funcionária de Papai Noel. Simpática, ela se virou a mim e disse: “seja bem vindo à casa de Papai Noel! Segure este pedaço de madeira: aqui você poderá escrever o seu pedido e, logo depois, deixá-lo na árvore dos desejos…”. Conseguiu enxergar minha cara de “como sou estúpido”?

– A chuva deu uma trégua exatamente quando deixamos a aldeia de Papai Noel… Na verdade, ela deu lugar a uma forte neblina, transformando aquele momento numa típica tarde de inverno. Nosso passeio terminou com uma caminhada pelas ruas centrais, estava encantado com os detalhes da arquitetura, com a cachoeira de chocolates dentro da fábrica, entre tantos detalhes que lhe dão todo o seu potencial turístico.

– “No Inverno mal dá pra andar aqui”, explicou a tia Dair. Não apenas pelo movimento, mas principalmente por conta da temperatura, capaz de congelar as juntas… Quem sabe, em 2005, eu consiga reunir os amigos para rodar “Entrando Numa Gelada 2 – A Missão”?

– A seleção pré-olímpica do Brasil ainda estava jogando com o Uruguai quando chegamos ao ponto de partida – com direito a uma rápida escala na margem do rio dos Sinos. Ainda tinha um dia inteiro para arrumar minhas coisas, dar uma última volta em Porto Alegre e cochilar antes de embarcar no vôo 1753 da Gol, às 21h10 de segunda-feira, 12 de janeiro. Restavam alguns dias de férias, que seriam aproveitados em plena cidade maravilhosa… Mas depois eu conto o resto.

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