Marmota em Búzios

– De hoje não passa: nesta segunda-feira, encerramos esta série especial de férias, trazendo os dois últimos episódios: este pela manhã, e o outro logo mais. E o nosso último destino antes de pegar a Dutra de volta para casa é a badalada Búzios, no litoral fluminense. Passeio que ocupou todo o último sábado do mês de janeiro, dia 31.

– A verdade é que, nesse dia, me senti um verdadeiro Jack Bouer – personagem central da série 24 Horas, campeã de audiência na Rede Globo durante esse período. Realmente virei o dia, como se fosse uma tentativa desesperada de aproveitar cada instante que me restava de férias. Acordei na sexta, banquei o turista, passei a noite no Hard Rock Café e de lá, junto com os primeiros raios de sol, pegamos ponte Rio-Niterói em direção a estrada Via Lagos.

– Quer dizer… Tentei pegar firme no volante, mas estava prestes a cometer um acidente, de tanto sono. Preferi passar o volante ao Dr. Bruno, acostumado a passar altas horas acordado diante de uma cirurgia. No banco de trás, Márcia e Flávia também dormiam, aproveitando as duas horas de viagem para recuperar energias, ainda que rapidamente.

– Seja dirigindo ou como um sonolento co-piloto, as chances de nos perdermos a bordo do Marmoturbo são sempre enormes. Foi o que aconteceu perto de Cabo Frio: quando nos demos conta, já estávamos cometendo uma paulistada no meio da estrada, para encontrarmos o caminho da roça novamente. Depois de algumas voltas por Geribá, paramos o carro perto do centro comercial da cidade, por volta das onze da manhã, a umas duas quadras da famosa Rua das Pedras.

– A vinda de Brigitte Bardot nos anos 60 representou uma espécie de “colonização francesa”: praticamente todos os bares, restaurantes, lojas e pousadas trazem alguma referência a passagem da famosa atriz, ou ao menos um aviso: falamos francês. Foi num destes restaurantes (o agradável Boom, na rua Manoel Turíbio de Farias) que decidimos almoçar. No meu caso, praticamente dormir depois de caminhar.

– Nova caminhada, pela praia do canto, até avistarmos o cais. Chamou atenção a presença do gigantesco Island Escape, que faz um bate-e-volta de Santos a Búzios por umas trezentas doletas. Tanto os viajantes do cruzeiro quanto os turistas pé-de-chinelo eram abordados pela máfia da escuna: todos ofereciam basicamente o mesmo passeio, ao redor das praias da cidade. A diferença de preço estava na infra-estrutura do barco. Quebrei minha promessa sem saber e embarquei, ao lado do trio, para uma navegada de três horas.

– Minutos depois, me dei conta de que estava a bordo de uma roubada: a escuna se aproximava das praias, um guia mal-informado dizia algo como “aqui é a praia tal”; o barco parava e, quem quisesse, mergulhava (ou dormia, como era o meu caso). E assim foi. Fiquei sem saber porque deram nomes a praia dos amores, da tartaruga, dos ossos… “Ah, é ali que mora o esqueleto, do He Man, meu queriiido?”, perguntou o Bruno, notadamente o mais incrédulo com tamanha falta de consideração ao turista. Sem falar na pobre Flávia, enjoada, e no joelho da Márcia, ralado durante um mergulho desses.

– Enfim. Minutos depois, o barquinho conseguiu “estacionar” no agitado cais. Ao desembarcarmos, percebemos o óbvio: a cidade era mais preguiçosa que a gente. Chegamos cedo para os padrões de Búzios, estavam todos dormindo. A partir das cinco, seis horas, as pessoas começavam a circular pelas estreitas ruas desta “Campos do Jordão” à beira mar. Já cogitávamos a hipótese de virar outra noite e agitar no charmoso Guapo Loco… Mas foi enquanto comíamos um crepe, com jeito tão cansado e exausto quanto nós, que decidimos voltar para o Rio. Sem arrependimentos. Acho…

– Desta vez, mesmo sem a luz do dia, já estava disposto para guiar com segurança até o Rio de Janeiro. Ao menos consegui chegar, sem piscar, ao Shopping Nova América, ao lado da Linha Amarela onde a noite terminou. Foi numa mesa do Boteco do Manolo, bebendo uma “pepsi turista” – como disse o garçom, que eu pude ver como valeu a viagem. “Precisamos passar um fim de semana inteiro em Búzios… Depois vamos combinar de ir até Petrópolis…”. Assim, cheio de empolgação e planos para as próximas, o Bruno se despediu de mim e das meninas. Planos, como sempre, nunca faltam. Mas sobre estes, conto depois.

Comentários em blogs: ainda existem? (1)

  1. Búzios é bem charmosa, mas passeio legal de escuna é em Arraial do Cabo. Fiquei numa pousada e eles indicaram o passeio. Dá de 10 a zero no passeio que fiz em Búzios (além do último ser mais caro e cheio de turistas).
    Aquele monte de tiozinhos entregando panfleto pra passeio de banco em Búzios ninguém merece!

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