– Há pouco mais de um ano, o intrépido Lello Lopes soltou a frase: “fazer o quê lá?”, assim que observei uma placa apontando para Porto Alegre e perguntei “vamos?”, no quarto episódio de Na Ilha da Magia. Pois logo no prmeiro fim de semana de 2004, o estúpido aceitou o convite, protagonizando, ao lado da “porto-alegrense” Joanna, momentos que ficarão na memória pelo resto da minha vida!
– Combinei de me encontrar com a dupla logo nas primeiras horas da manhã do dia três de janeiro, na rodoviária de Porto Alegre. Um pouco antes, disse “até breve” para os meus pais e meu irmão, que voltaram para São Paulo mais cedo. Com isso, além do demorado traslado entre meu QG em Cachoeirinha e a capital gaúcha, me atrasei.
– Menos mal: Joanna já conhecia a “celebridade” Lello, deu tempo até de tomarem um merecido café da manhã em uma das inúmeras lanchonetes da rodoviária. Em poucos minutos, estávamos no ônibus Otto/HPS (linha 280), que nos levaria a Rua Campos Velho – onde fica o famoso “ponto de apoio” aos amigos da Joanna. No trajeto, alguns gestos obscenos diante do estádio Olímpico, e algumas canções do Nenhum de Nós.
– Não tínhamos mesmo tempo a perder: foi só largar as malas no ponto de apoio para voltarmos ao centro, via linha 165 (Cohab) – essa sim vale a viagem, pois passa diante do Gigante da Beira Rio! E tome caminhada: Praça da Matriz, onde fica a Catedral, o Palácio Piratini e a Assembléia, além do Teatro São Pedro; Rua Riachuelo, nos imperdíveis sebos; Rua da Praia (que não tem praia alguma), onde almoçamos. Comida chinesa, num lugar chamado Muralha da China.
– Porto Alegre é uma cidade curiosa: toda construção antiga que está prestes a ficar abandonada tende a virar centro cultural. Foi assim com o belíssimo Hotel Majestic, que virou Casa de Cultura Mário Quintana. Vale a sua visita (eu preciso voltar para tomar o tal Café Fraquê). O mesmo fenômeno ocorreu com a Usina do Gasômetro, na beira do Guaíba.
– Isso mesmo: percorremos tudo isso a pé. Nada como um descanso merecido em frente ao rio. Suas águas não são poluídas como as do Tietê, mas mesmo assim, não dá pra chamar de praia. No entanto, algumas figuraças exibem seus tecidos adiposos como se estivessem em Jericoacoara. Pessoas de coragem.
– Por ali, mais um momento piada fraca detected. Enquanto comprávamos água de coco, Lello atentou para os preços do cachorro quente, no carrinho do lado. Uma salsicha, um real. Duas salsichas, um e cinquenta. “Três salsichas: não tem preço”, complementou Lello, numa genial justaposição semântica ao desgastado anúncio de cartão de crédito.
– Precisávamos voltar ao ponto de apoio e descansar um pouquinho, afinal, ainda tínhamos que aproveitar a noite. Antes mesmo da noite chegar, já estávamos em outro ônibus, em direção a Avenida Ipiranga. A propósito, cada viagem dessas era uma verdadeira aventura: a qualquer momento, quando menos se esperava, Joanna esperava o coletivo parar, levantava e gritava: “é agora, vamos descer!!!”. Não demorou para pegarmos o jeito e permanecer ligados durante todo o trajeto.
– Dessa vez, porém, descemos um pouco antes: caminhamos mais um bocado até a churrascaria CTG 35, onde além de comer churrasco, os visitantes assistem a shows de dança típicos. Quer dizer, em termos: são espetáculos bem produzidos, mas que quebram algumas “regras tradicionalistas gaúchas”. Lenços e camisas pretas ao invés da camisa branca e o lenço vermelho, por exemplo. Mas o show foi muito bom. A carne também.
– Ainda sobre o show, destaque para o doidivanas da boleadeira: ele fazia aquelas estripulias circenses que normalmente é feita com um laço ou chicote (brincar com fogo ou tirar cigarro da boca de um espectador inocente). Na performance mais audaciosa, agitou os longos cabelos de uma garotinha, como se quisesse arrancar-lhe o escalpo.
– A noite ainda era uma criança: pegamos um táxi no Hipermercado Bourbon (ao lado da churrascaria) e partimos em direção ao Dr. Jekyll, um discreto bar de rock, porém muito bom. Pedi um drink de “kisuco” e curti a boa música ambiente, ao lado da companhia. Mas logo o sono bateu: ainda estávamos nas primeiras horas da madrugada quando decidimos nos recolher.
– Permanecíamos vivos pela manhã… Ótimo! Aproveitamos o belo domingo tomando chimarrão no Parque Farroupilha. Bem mais vazio em relação a minha última visita – os porto-alegrenses deviam estar curtino a ressaca do fim de ano em Tramandaí ou Capão da Canoa. Antes de saborear um “pf” ao lado das abelhas do parque, rápida passada no “brique”, a feirinha de artesanato. Num relance, jurei ter visto o Milton, aquele cara da bilheteria da rodoviária que me sacaneou outro dia…
– O domingo já estava no final. Lello Lopes tinha que estar no aeroporto antes das oito horas, e Joanna tinha que pegar o ônibus as sete. Última passada no “ponto de apoio” antes de tomar o Otto/HPS em meio a uma enxurrada de piadas fracas e canções batidas. E lá estávamos, de novo, onde tudo começou.
– Ao me despedir de Lello Lopes, decidi pegar uma “carona” com Joanna até Pelotas – para ter certeza de que não sentaria ao lado de nenhum tiozinho chato ou sujeito mal-encarado durante três horas de viagem. Palavras e cochilos até descer na beira da estrada, no trevo do Fragata, às dez da noite.
– A noite de domingo terminou com uma caminhada rápida até a minha vó, na Cohab, onde todos me aguardavam ainda acordados. Inventei histórias para meus primos e traçamos planos para os próximos dias de férias, todos devidamente não cumpridos. Mas depois eu prometo contar o resto.
Viagens do Marmota?
Saudades de Porto Alegre…
O ponto de apoio estará sempre de portas abertas para vocês!!! Prometo que da próxima vez, aviso com antecedência quando for para desembarcar. Sério.
Bem, meu caro, só para te falar de uma Porto Alegre + antiga.
A Rua da Praia, já teve praia sim, só que os prédios tomaram conta.
Lembro de um tempo em que em frente ao Gremio Nautico Gaucho, na av. Praia de Belas já era a beira do Guaiba.
Um abraço.