Eu (e muitos outros) dançando Dirty Dancing no casório. Ou não.

Num dos poucos momentos de relax que tive esta semana, recebi uma mensagem perigosa.

“Ei, precisamos fazer isso em nosso casamento”.

Seguiu um link para a clássica cena final de Dirty Dancing, onde a ex-irmã de Ferris Bueller Jennifer Gray, no papel de garota comum, dança com o bailarino e então futuro fantasma Patrick Swayze, no papel de Patrick Swayze. O filme, de 1987, popularizou não apenas a musiquinha The Time of My Life (de Bill Medley e Jennifer Warnes, que levou o Oscar de melhor canção), mas também a carreira do ator, falecido esta semana após uma dura luta contra um câncer de pâncreas.

Logo caiu a ficha: eu, que não sou exatamente um Fred Astaire, jamais acumularia coordenação suficiente para engedrar todos esses passos na sequência, incluindo o poético vôo da dama após uma interminável coreografia solo. A pergunta, aparentemente óbvia, era obrigatória: “de onde veio essa idéia genial?”. Era pra ter dito “ameaçadora”, mas pra continuar o diálogo, preferi “genial” mesmo.

Veio um novo link, desta vez para uma nota do G1. Trata-se do depoimento da norte-americana Julia Boggio. Ao casar-se com o britânico James Derbyshire em 2005, decidiram usar The Time of My Life na dança dos noivos. Os amigos, que fizeram o registro, puseram o vídeo no YouTube. Virou hit, com mais de seis milhões de acessos! A fama levou o casal ao programa da Oprah, onde Julia teve a oportunidade de dançar com o próprio Swayze!

A notinha traz ainda um assustador “se você já dançou ao som de Dirty Dancing, envie seu vídeo!”, presumindo não apenas que alguém tenha feito o mesmo, mas estimulando noivos Brasil afora a fazerem o mesmo. Uma busca rápida no YouTube revela famigeradas gravações de casamento com a não menos famigerada dancinha – a maioria na Gringolândia, onde a influência do vídeo foi além. Mas já existe ao menos uma versão brasileira. Repare num dos comentários: “quero fazer o mesmo no meu casamento!”.

Pronto. Prepare-se para a modinha.

É lógico que, até a distante hora do sim, serei convidado a “ensaiar” ao som de The Time of My Life. Minha esperança é a de que, nesses anos todos de espera, apareçam incontáveis casais repetindo os passos de Baby e seu professor Johnny, tornando-a manjada, repetitiva e, portanto, sem qualquer propósito. Tenho fé que a provável overdose de vídeos do gênero na web farão minha partner desistir.

Ou, se isso não ajudar, talvez apele para o velho discurso: “esse negócio de espetacularizar relacionamentos não é a nossa praia, lembra?”.

Comentários em blogs: ainda existem? (10)

  1. Acho muito legal, dá um toque diferente à normalidade do casamento, mas é muito trabalhoso, tem que ter muita força de vontade e muitos ensaios…..
    Mas valeu a pena, né….

  2. É claaaaarooooo que estarei lá para ver você erguendo tão graciosamente a Lu acima de sua cabeça. E me ofereço pra, no interminável solo do noivo, ser uma das que fica estalando os dedos e dando rodopios ao lado. Eu e Pogodom, hahahahahahaha…
    Agora, sou obrigada a fazer algumas observações:
    1 – duvido muito que a “hora do sim” esteja tão distante como você quer nos fazer crer.
    2 – a dancinha final do dirt dancing jamais ficará “manjada, repetitiva e, portanto, sem qualquer propósito”.
    3 – sua fé em que sua partner desistirá da idéia vai contra todo o senso comum (quem a conhece pode atestar isso, hahahahaha…).

    Marmota, relaxa, porque a ‘espetacularização do relacionamento’ – principalmente a parte em que você pulará do palco e seguirá rebolando em direção aos convidados, convidados estes que estarão batendo palmas pra você – vai cair no youtube, hahahahahahaha…

  3. Espera ai cara pálida ela vai ser sempre a Irmã do Ferris…
    Ever! heheheheh
    Ainda bem que não tive que fazer nada disso quando casei…
    Mas se fosse preferia ter dançado triller…
    Não gosto destas danças ensaiadas, passo por passo sabe…
    acho que vc saber alguns passos ajuda, mas a ordem e o momento tem que ser únicos, não ensaiados…

  4. Ah…. que lindoooo!!
    Uma graça vocês dançando essa música, hein? 😀

    ps: me empolguei e fiquei vendo vários trechos do filme no youtube e o marido aqui tá querendo me matar! risos…

  5. “a dancinha final do dirt dancing jamais ficará “manjada, repetitiva e, portanto, sem qualquer propósito” [2]

    Como assim, a coreografia final do Dirty Dancing é conhecida como uma das cenas mais “causadoras de arrepios” do cinema! O que é aquela música incrível? A luz? A câmera? O que é legal no filme é o sorriso da Baby, a cara de rebelde do Menino Swayze, a cara de “estamos arrasando” do povo da dança, a vibração se espalhando pelas pessoas. (E eu acho o filme BEM ruinzinho, só se salvando a dita cena.)

    Eu vi um vídeo do casal-noivo dançando no Fantástico. AQUILO foi pavoroso. Se a pessoa quer dançar no casamento, tem que dançar BEM, né? O que é aquilo, todos os participantes com cara de cagarunumundo?!?!?

    Mas quer saber? Se eles puseram significado naquilo, se os preparativos pro casamento com ensaios e tudo foram divertidos, você não acha que valeu a pena?

    (Vem cá no cantinho: pra convencer a Dona Marmota a mudar de idéia, só você prometendo dançar uma música do Rei. Aí ela pode reconsiderar o Dirty Dancing.)

  6. Talvez você não saiba, mas eu casei em setembro agora. Pensei em fazer uma dancinha, mas desisti de algo muito complexo e ficamos no dois pra lá e dois pra cá. Não, não rolou “Asa Branca” no casório.

    🙂

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