Chuck Norris, Obina… Qual será o próximo “facts”?

Uma das modas mais recorrentes em blogs atende erroneamente pelo nome de “meme”. Não costumo negar minha participação em brincadeiras do gênero “escrevi algumas coisas sobre mim e agora estou convidando você”. Muitas delas fizeram sucesso absurdo, mas acho que logo mais nem isso vai rolar mais, já que cedo ou tarde esse tipo de ação vai saturar.

Mas enfim. O erro em chamar essas ações de “meme” está na liberdade. Assim que você faz o pedido para cinco pessoas repetirem os mesmos passos, a brincadeira pode receber o nome (entre outros) de corrente. O meme, segundo o conceito de Richard Dawkins, é uma unidade de informação cultural que se multiplica e prolifera entre mentes livremente. É como um vírus que se espalha pela sociedade – desde frases feitas e chavões até trechos “chiclete” de músicas.

Eu me arrisco a dizer que, em uma terra repleta de ruths lemos e garys numa numa brolsmas, o meme de maior sucesso dos últimos tempos na Internet atende pelo nome de Chuck Norris.

Um sujeito que treinava artes marciais no exército e virou campeão mundial até se transformar em ex-ator. Em 2005, um grupo de norte-americanos desocupados inventaram os Chuck Norris Facts. Essa bomba virou site, foi traduzida, se espalhou como rastilho de pólvora e se transformou em um dos maiores fenômenos da rede. O post dedicado ao tema ele neste blog é o campeão de comentários.

Mini-Top 5

Cinco melhores Chuck Norris Facts:
– As lágrimas de Chuck Norris curam o câncer. Infelizmente ele nunca chora. Nunca.
– Chuck Norris tem duas velocidades. Andar e matar.
– Durante o vestibular, escreva “Chuck Norris” em todas as respostas. Você vai passar em primeiro lugar.
– Se você perguntar a Chuck Norris que horas são, ele dirá “dois segundos até”. Depois que você perguntar “dois segundos até o quê”, ele dará um chute na sua cara.
– Quando Deus disse “faça-se a Luz”, Chuck Norris gritou: “diga por favor”.

Cinco melhores Jack Bauer Facts:
– Jack Bauer conseguiria sair da ilha de Lost em 24 horas.
– Há três causas de morte entre os malfeitores. As duas primeiras são Jack Bauer. A terceira é ataque cardíaco fulminante quando eles sabem que Jack Bauer está chegando.
– Algumas pessoas encaram o copo como meio-cheio. Outros, meio-vazio. Jack Bauer vê o copo como uma arma mortal.
– Quando Kim Bauer perdeu a virgindade, Jack Bauer tratou de recuperá-la e colocá-la de volta.
– O calendário de Jack Bauer não tem o dia primeiro de abril. Ninguém o engana.

Cinco merlhores Silvio Santos Facts:
– Silvio Santos inventou o Natal, pois não sabia que nome dar para a Telesena de Dezembro.
– Jesus transforma água em vinho. Silvio Santos transforma qualquer porcaria em dinheiro.
– Se você repetir “Silvio Santos” três vezes diante do espelho, um aviãozinho feito com uma nota de R$ 100 voa pra dentro de sua casa.
– Silvio Santos joga banco imobiliário com dinheiro de verdade.
– Seu Barriga deve 11 meses de aluguel para Silvio Santos.

Cinco melhores Obina Facts:
– “Ser ou não ser?” Eis a questão. “Obina.” Eis a resposta.
– Entre Pelé e Maradona, Obina.
– Se Obina fosse Zidane, Materazzi não estaria vivo.
– Quando Obina deu uma bicicleta, a volta da França perdeu a graça.
– Obina não faz aniversário, faz história.

A onda provocada pelas verdades sobre Chuck Norris provocou séries dedicadas a outros personagens. Um dos maiores rivais de Chuck Norris na defesa do Império de todos os inimigos da Terra, Jack Bauer também ganhou seus “facts” circulando pela web. No Brasil, esse fenômeno havia atingido apenas Sílvio Santos (que provavelmente ganhou sua série de fatos absolutamente verídicos após a febre Chuck Norris). Mas a exclusividade acabou graças a maior torcida de futebol do Brasil.

Em 2006, o Flamengo conquistou a Copa do Brasil com um gol do atacante Obina, que antes de chegar ao Rio, teve uma passagem marcante pelo Vitória da Bahia. Tecnicamente, para não provocar injustiças, o atacante alterna bons e maus momentos em campo. Mas sempre demonstrou humildade e muita raça, conquistando o carinho dos rubro-negros. Os gritos de “ô ô, ô ô, Obina é melhor que Eto’o!” nas arquibancadas foi a menor das homenagens: os torcedores trataram de espalhar pela rede. O site Globoesporte.com pegou carona no carisma de Obina e normalmente o coloca entre os destaques do dia.

No mundo da publicidade, o “efeito Chuck Norris” é chamado de “marketing viral”. Pessoas criativas queimam neurônios todos os dias em busca do “meme perfeito”, aquela peça publicitária que você ou qualquer consumidor potencial vê, acha bacana e encaminha para os amigos. Se ela virou milhões de posts e assunto em muitas rodinhas, parabéns. Toda hora surge uma onda dessas: os mais atentos surfam nessa brincadeira e faturam alguns trocados.

Na semana passada, veio a notícia de que o gênero “facts” foi usado ao pé da letra pela agência AlmapBBDO: revistas estamparam um anúncio com a frase “alguns extraterrestres juram que foram abduzidos pelo Gol”. Na TV, uma propaganda bem feitinha diz “O Gol não passa em lombada, a lombada foge antes”. Que tal, hein?

Eu acho que dá para fazer algo muito mais bacana, usando personalidades de destaque. Pessoalmente, adoraria encontrar na rede qualquer hora dessas um “Emerson Leão Facts”, ressaltando sua simpatia e cordialidade, além de seu estilo inconfundível (“O penteado de Emerson Leão foi projetado por Oscar Niemeyer”). Ou, por que não, um Interney Facts, já que esse negócio com blogs está ganhando proporções fora do comum (“Deus fez a Terra em sete dias. Se tivesse um laptop, wireless e Interney, levaria sete segundos”). Criativos do Brasil, uni-vos.

Comentários em blogs: ainda existem? (16)

  1. Eu gosto do Al Pacino Facts. Os melhores são:

    1 – Depois de dispensar as lentes especiais em “Perfume de Mulher”, quando fez papel de cego e controlou os olhos para simular cegueira, Pacino também dispensou a maquiagem num filme em que fez papel de negro. Ele controlou sua melanina e se tornou um legítimo afro-descendente.

    2 – Certa vez, Al Pacino fez 832 personagens num mesmo filme. Ele era exatamente TODO MUNDO: herói, vilão, mocinha, coadjuvantes, figurantes e até pontas. E dispensou efeitos especiais. Bastava fazer o que ele denominou de “semblante de multidão”.

    3 – Pouca gente sabe, mas Al Pacino usa outro nome em vários filmes. Ele faz cara de ranzinza, coloca uma pinta no meio da cara, corta o cabelo e pronto. Está feito. O nome que ele usa nessas produções é Robert de Niro. Em “Fogo Contra Fogo”, portanto, ele fez dois papéis.

    4 – Por falar nisso, Al Pacino representou TODOS os Corleones em “O poderoso Chefão” (I, II e III), mas não quis levar o crédito, pois achava que era muito novo pra ganhar um Oscar. Por isso, usou pseudônimos como Marlon Brando e Robert De Niro (este último, como sabemos, é usado em várias outras ocasiões).

    5 – No início da carreira, Al Pacino fez um filme pornô para ganhar uns trocados. Além dos diálogos improvisados e das mudanças geniais de roteiro, ele usou seu talento dramático para realmente levar todo o estúdio – inclusive os câmeras, o pessoal da parte técnica e até a turma da limpeza – a orgasmos múltiplos intensos.

  2. hehe, eu ví essa propaganda do Gol essa semana e dei muita risada. o pessoal de casa que não conhece o Chuck Norris Facts não entendeu porque eu estava rindo tanto. Achei interessante o que a agência fez nessa propaganda.Claro que pega uma idéia já muito batida na net, mas consequentemente, atrai a simpatia de quem já conhece a brincadeira.

  3. Nunca havia visto ninguem chamar um “facts” de “meme”. O conceito de meme não é algum certo para mim, primeiro porque não tem pesquisa corroborando.

    Segundo porque se baseia no conceito de mente que, a cada dia, firma mais sua posição como ficção explanatória.

    De resto… esses facts são mesmo divertidos! rs

    Nunca havia atentado para o fenomeno da forma como descrevestes…

    beijos

  4. Olha, eu sempre achei que MEME é sobre idéias que passam da mente de uma pessoa para outra sem que elas tenham se comunicado. No caso de estudo de animais, os cientistas acreditam que as idéias são passadas geneticamente de uma geração para outra. Isso é o meme. Numa interpretação mais “poética” falamos que é pela ação do meme quando alguém teve a mesma idéia que nós. Exemplo: Um sujeito aparece na televisão anunciando que escreveu um livro sobre “Tatus homossexuais do zoológico de Lima”. Daí você vê aquilo e diz: “Putz! Essa idéia é minha! Há um ano eu tinha pensado em escrever um livro exatamente assim!”

    Agora, esse papo de “facts” é bem legal, mas acho que não pode ser chamado de meme. É só uma “modinha” que as pessoas viram em algum lugar, gostaram e deram continuidade. Não houve “idéias circulando misteriosamente entre as mentes”.

  5. Bom, o livro do Dawkins ainda está na mochilha esperando ser lido, mas eu acho que meme é um termo bem genérico e pode ser aplicado a contaminações voluntárias, involuntárias, enfiadas goela-a-baixo, etc. E há quem defenda que existem memes bons e ruins assim como existem microorganismos parasitas e outros que nos ajudam (mitocôndrias, por exemplo).

    Tanto é que o Dawkins acha a religião um meme altamente nocivo e não há nada de “espontâneo” na religião. É raro uma pessoa adotar uma religião espontâneamente. No mínimo ela recebe a educação religiosa da família e há sempre alguma coisa de influência externa na propagação da fé. A religião tem ótimos mecanismos de replicação aprimorados esses anos todos pelos mesmos princípios de seleção natural que os genes têm. Religião que não está nem aí para arrebanhar novos devotos acaba morrendo por inanição.

  6. Se deus tivesse acesso ao Interney Blogs não terminaria o mundo tão cedo. Ia ficar dias e dias lendo os blogs, cada um mais interessante que outro.

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