Bloguinho, o personagem que fala axim!

Os dados são da empresa norte-americana Perseus Development: independente do ritmo de atualizações, existem pelo menos cinco milhões de blogs no mundo. Incluindo aqueles que foram autorizados a cobrir as eleições norte-americanas, por exemplo, empurrando a ferramenta a um patamar bastante elevado. Só que destes todos, mais da metade são concebidos por uma turma de 13 a 19 anos. Uma galera que desistiu do português – MAx kI FaLa aXiM, ki nEm tÁ aki, TuDu iSqUIsITiNHu, I nUm ké XaBê naum! kkkkkkkkk!!!

Essa galera, fluente em “internetês”, ganhou um novo membro: Bloguinho, personagem da Turma da Mônica que surgiu (ou melhor, “entrou na sala”), na edição deste mês da revista do Cebolinha (número 221), em uma história bolada por Flávio Teixeira, como apontou o cumpadi Inagaki. O personagem se junta cerca de 7 milhões de usuários, segundo dados dos estúdios Maurício de Souza. É muita gente iXcReVendU aXim, naum eh msm?

A questão pode ser observada por duas maneiras. Uma delas fica clara nessa matéria do Jornal do Brasil, onde Maurício de Souza diz ter ficado fascinado com o “internetês” assim que viu bilhetes de seus filhos – daí a incorporar a tendência nas revistinhas foi um pulo. Diz ainda que as crianças não terão problemas para separar a língua portuguesa desse dialeto cifrado, lembrando ainda os erros cometidos pelo próprio Cebolinha, além do “caipirês” do Chico Bento.

Opinião que é repartida pelo jornalista Paulo Bicarato: “Lembro-me muito bem que, há alguns anos, o Mauricio de Sousa foi criticado, apedrejado, quase crucificado, quando começou a explorar o linguajar caipira do Chico Bento. A grafia dos balões do Chico Bento seguia o padrão oral, com todas as particularidades a que tem direito. Foi o que bastou para que os puristas, acadêmicos e afins acusassem o Mauricio de emburrecer os leitores infantis, entre outras coisas. Muito provavelmente, o Mauricio terá que aturar críticas desse naipe com a nova personagem, Bloguinho. De minha parte, quero mais que todas as novas formas de expressão sejam exercitadas, ampliando nosso vocabulário, mantedo viva a dinâmica da Língua que acrescenta e incorpora novos termos”, conclui.

O outro lado da história é, na verdade, fruto de uma curiosidade: será que apenas o dinamismo latente da web é capaz de explicar o porquê de tanta gente ignorar a gramática e partir para essa sequência de agressões ao bom senso? Ainda se fosse mais fácil abreviar tudo… Mas dá muito trabalho digitar tantos caracteres, alternar maiúsculas e minúsculas, além de emendar coisinhas fofuxas como »-(¯`v´¯)-», ×÷·.·´¯`·)», ;)°¨¨°º”°¨¨°(*), (_.·´¯`·«¤°…

Sem uma conclusão definitiva, compartilho a idéia do Alexandre Cruz Almeida: os jovens de hoje precisam “articular duas línguas em sua cabeça ao mesmo tempo, como qualquer boa bilíngüe”. É bem por aí.

André Marmota dialoga muito com o passado, cria futuros inverossímeis e, atrapalhado, deixa passar algumas sutilezas do presente. Quer saber mais?

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Comentários em blogs: ainda existem? (11)

  1. Pois eu sou purista e me junto ao povo que critica o Mauricio de Souza. Aliás, essa nem seria minha única crítica ao cara. Acho os quadrinhos da Turma da Mönica muito fracos. Não é o tipo de coisa que incentivarei meus rebentos a ler.

  2. Nada contra o Maurício de Souza! E apesar do jeito de falar do Cebolinha e do Chico Bento, não vemos por aí crianças os imitando.

    Mas esse “internetês” é muito exagerado e chega ao cúmulo de tornar-se muitas vezes incompreensível para pessoas fora de um grupo restrito. Este tipo de coisa me preocupa…

    T+

  3. Concordo plenamente com o Muta, principalmente no que diz respeito aos desvios gramaticais de Cebolinha e Chico Bento – e acrescento que esse tipo de “internetês” é mais uma das coisas que vieram para emburrecer as próximas gerações.

    Me preocupa pensar que alguém que lê esse tipo de coisa o tempo todo vai achar que “Os Lusíadas” foi escrito em Grego ou em Persa! é deprimente…

    Não à toa, eu já tenho ‘trocentos’ livros infantis guardados para o dia em que eu tiver filhos. E eles que não me “veNhaUm faLanDu aXim” que eu vou colocá-los para escovar os dentes com sapólio!

  4. Tecnicamente, nossa língua tão amada que defendemos contra esse movimento emburrecedor é também fruto de enormes mutações por muitos anos. Ir contra qualquer mudança é rejeitarmos o que temos hoje.

    Além disso, usamos normalmente “você”, por exemplo, mas isso é uma contração e sequer existe na lingua “culta”, onde “tu” deveria ser utilizado no local. Outros exemplos existem e usamos comumente termos e palavras que não estão no Aurelião. Nem por isso vejo movimentos contra o uso destes.

    A verdade é que tememos o que não compreendemos e óbvio que vamos chamar de burros os que não falam nossa lingua. No fim reteremos algumas dessas coisas novas, mas a curto prazo pouca coisa mudará.

    Ah, sim, nos meus tempos de criança era o máximo falar a língua do P. Não vejo ninguém mais fazendo isso e não creio que tenham sido geradas sequelas muito grandes na linguagem da minha geração. Chega um momento em que é necessário se comunicar com o mundo fora dos pequenos grupos da adolescencia.

  5. Ah, sim, eu não sou um fã dessa linguagem. Eu acredito que ela restringe o acesso à informação, o que é sempre ruim, além de, como é usada atualmente, gerar muitas ambiguidades e, como já apontou o Marmota, ser muito difícil de se escrever.

    De qualquer forma, isso é reclamação de enxerido. Quem escreve nessa linguagem nunca está escrevendo para nós. Sequer temos direito de reclamar.

  6. Particularmente eu gosto muito da “Turma da Mônica” e com certeza que através dos quadrinhos, principalmente os personagens Chico Bento e Cebolinha, trabalharei em cima das histórias as regras da gramática, pois é com os erros que agente aprende a enxegar a solução.

  7. A ORIGEM DA PALAVRA VOCÊ:
    A palavra você tem origem na forma de tratamento Vossa Mercê, que se usava quando alguém se dirigia a uma pessoa de alta categoria social ou a um alto dignitário.
    Esta forma, Vossa Mercê, evoluiu para vossemecê > vosmecê > você.
    A par da transformação fonética deu-se uma degradação como forma de tratamento.
    Assim, vossemecê, vosmecê e você passaram a ser formas de tratamento para pessoas de categoria inferior ou do mesmo nível social.
    Não é elegante tratar os pais, as pessoas idosas ou os desconhecidos por você.
    Como você é uma forma de tratamento entre iguais ou de superiores para inferiores, muitas pessoas não gostam de ser tratadas por você e sentem-se desconsideradas ou classificam esta forma de tratamento como falta de educação.
    O tratamento por você é normalmente aceite entre pessoas da mesma categoria social ou quando existe alguma confiança ou intimidade.
    Prof. Roberto Grobman

  8. URGENTE!!
    Estou concluindo um ensaio sobre linguagens e necessito muito de sua gentil e preciosa colaboração, no sentido de enviar-me, com urgência, o texto completo do PAI-NOSSO escrito em internetês.
    Caso não se lembre da oração, aqui vai o texto:

    PAI nosso, que estais no céu,
    santificado seja o vosso nome,
    venha a nós o vosso reino,
    seja feita a vossa vontade
    assim na terra como céu.
    O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
    Perdoai as nossas ofensas
    assim como perdoamos a quem nos tem ofendido.
    E não nos deixeis cair em tentação,
    mas livrai-nos do mal. Assim seja. Amém.

    Publicado o livro, enviar-lhe-ei um exemplar.

    Grato.

    Um abraço.

    Adovaldo

  9. A pesar de eu gostar dos quadrinhos da turma da mônica, eu achei legal o novo personagem o “Bloguinho”, ele parece comigo…+ eu só falo “internetês” quando eu estou na internet e no meu msn!!!!mais eu achei importante esse comentario do Maurício de Souza!!!!

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