Vamos começar, finalmente, nossos relatos estruturados sobre minhas novas aventuras em terras germânicas! Começando por uma cidade diferente, com muita história para contar, gente bastante simpática – e melhor, que nos entende! Sim, senhoras e senhores, nossa viagem pela Alemanha começa por… LISBOA!!!
Ora pois, não estou a errar de país, o pá. Foi melhor encarar uma alfândega em português ao invés de entrar na Europa pela Alemanha, e ser obrigado a falar em bratwurst mit kartoffeln com a imigração. Não fosse nossa proximidade cultural, jamais teria a chance de bater um papo com o guardinha, que pediu para abrir a mala logo na entrada.
– Tu és brasileiro?
– Sim, sim, e adoro Portugal. Pena que vou passar a maior parte do tempo na Alemanha, fazendo um curso de jornalismo esportivo.
– Sport o que? Mas não sabia que o Sporting ia para a Alemanha…
– Ah, perdão. Quis dizer “desportivo”, é que no Brasil usamos “esporte” ao invés de “desporto”. E não sou muito fã do Sporting, prefiro o Benfica, que é mais popular…
– O quê??? Tu és benfiquista??? Ah, siga, siga – disse o guarda, sem que eu tivesse aberto o cadeado da mala. Então tá.
Outra vantagem do aeroporto de Lisboa é a sua proximidade com o centro – em poucos minutos, e com no máximo 15 euros, é possível chegar à região central. Nas poucas horas que tinha disponível na ida, deu tempo de sobra para me divertir na Fnac dos Armazéns do Chiado, além de uma nova circulada pelos arredores da Rua Augusta e da Praça do Comércio – onde fui abordado pelo menos cinco vezes por um bando de pesquisadores-empurradores-de-empréstimo-ou-curso-de-inglês. Dos mais grudentos: num relance, observei o esforço de uma Dona Maria ao tentar afastar, irritadíssima e sem sucesso, um dos cidadãos. Nas últimas, não deixei o sujeito se apresentar: “oi, não sou português, e já me fizeram essa pergunta cinquenta vezes hoje”.
Mas foi na viagem de volta, quando tive a feliz idéia de trocar a passagem e aproveitar um dia inteiro na capital portuguesa, que finalmente corrigi uma das maiores frustrações do passeio anterior: como diria Jardel, conhecer Belém, a terra onde Jesus nasceu. Finalmente pude ver bem de perto a famosa torre, o Padrão dos Descobrimentos (ou “achamentos”, como foi com Pedro Álvares Cabral) e o imponente Mosteiro dos Jerônimos. Outras duas atrações complementam o passeio: o Centro Cultural e o Museu da Marinha.
No fundo, nada disso importava. O mais importante era saborear o famoso pastel de Belém – o único que pode ser chamado assim em todo o globo terrestre. Com algumas moedinhas, pedi três dessas iguarias e um frisumo de ananás (refrigerante de abacaxi), antes de pegar o elétrico número 15 e voltar ao centro de Lisboa.
Enfim, fazer tudo isso sozinho é estranho, mas ao mesmo tempo relaxante. Precisava mesmo de um dia inteiro comigo mesmo, longe de qualquer coisa que pudesse lembrar minha rotina diária. E ao sair de Belém, fiz de tudo para seguir nessa linha: caminhei como nunca pelo centro de Lisboa, até chegar a um rico mirante, o Miradouro de São Pedro de Alcântara. Como a noite chega mais cedo no hemisfério norte nessa época do ano, corri para o parque próximo à Marquês de Pombal para contemplar o pôr-do-sol.
Já no escuro, decidi passear num shopping – ou Centro Comercial. O Colombo, que fica ao lado do Estádio da Luz, é um dos maiores – e certamente um dos mais bacanas. Deu tempo de passear por todas as lojas, jantar e pegar um cineminha: Na Sua Pele, com Cameron Diaz, Toni Collette e Shirley McLane – filme que estréia nessa semana por aqui com o nome “Em Seu Lugar”. Depois de uma última caminhada, ainda tive que reorganizar a bagagem enquanto assistia à Globo portuguesa para, finalmente, chegar em casa. E com o mesmo discurso: Belém Belém, quem sabe eu volte na viagem que vem.
Andei pouco de taxi na capital portuguesa. Mas em uma das ocasições, o motorista perguntou: “e o Lula, safa-se?”. Disse a ele que dificilmente seria reeleito, pois o povo andava meio descontente com a política em geral, já que a esquerda mostrou ser exatamente como a direita. “Pois aqui é a mesma coisa, e há muito tempo”, reclamava o motorista, indeciso quanto as eleições presidenciais em Portugal – que acontecem em 22 de janeiro.
Um episódio inusitado pouco antes do embarque para a Alemanha: ao sair de casa, me dei conta que não tinha pego um acessório importantíssimo: meu cinto. E estava fazendo falta. Dentro das poucas horas que dispunha, tratei de comprar um – sem sequer me preocupar com o preço. Minutos antes do embarque, entro num banheiro do aeroporto, tiro o cinto da embalagem, visto, jogo a embalagem fora… Sem descuidar a bagagem de mão. Ao passar pelo detector de metais, o inspetor emendou: “tire o cinto, por favor”. Fiadaputa!
No próximo episódio, finalmente um pouco de Alemanha: um passeio pelos arredores de Bonn, praticamente a “minha casa” durante um mês. Aguarrdemm!
Se tem um país que quero visitar algum dia, esse país é Portugal.
Mas sabe que últimamente tenho visitado um blog português (o nome é Falar da Gente, mas não me recordo do endereço) e o cara versa sobre política e afins. Parece que ele fala do Brasil! Lá, quem é adepto da Lei de Gérson é chamado de Xicoesperto…
André;
Sempre me disseram que a porta de entrada da Europa era Portugal! Realmente, nada como encontrar nossos antigos colonizadores e nos comunicarmos na mesma língua ô pá!
Caro Marmota, gostaria apenas de avisá-lo que o Balípodo está temporariamente com endereço novo: http://www.balipodo.blogspot.com
Abraços
Comigo ocorreu o contrário: fiz uma viagem de 4 dias pela Europa terminando por Portugal. Foi como se tivesse voltando pra casa, principalmente por causa da arquitetura (além do idioma, claro). Por outro lado, o que mais estranhei em Portugal foram os nomes dos lugares (cidades, ruas, bairros).
Estou com uma vontade idescritível e inesperada de conhecer o Luso país.
Principalmente depois de ler dois livros do Saramago que transformam as cidades portuguesas em verdadeiros personagens.
Enfim, um dias ainda vou pra lá.
Ah, e obrigado por matar um poquinho da minha vontade com seus textos e fotos.
Um abraço!
Bwa-hahahaha! Essa, do cinto, foi engraçada! ^_^
Ah, que saudades imensas de Lisboa que seu texto me deu!
Todos os lugares que você citou são mesmo muito bonitos. E os pastéis de Belém, inesquecíveis. Devo ter engordado uns cinco quilos nos poucos meses em que fiquei em Lisboa, só por causa deles! 😛
Sou português e tropecei por acaso no teu blog, posso te dizer que gostei muito e que prometo voltar. Em relação a este post, tomei a liberdade de o citar no meu blog, espero que não te importes. Boa viagem pelas terras germânicas.
Gostaria de saber a onde eu encontro o pastel que vende ai em belém aqui em são paulo.
Atenciosamnete,
Celso Soares