Você já deve ter visto “Feitiço do Tempo”. No filme, Bill Murray vai até Punxsutawney cobrir um evento centenário: o Dia da Marmota. Com uma performance ridícula de um parente meu ao sair da toca, é possível antecipar a chegada da primavera. O problema de Bill Murray não está exatamente na pobre marmota: por alguma razão do destino, ele começa a vivenciar o Dia da Marmota todos os dias.
Pois a Copa do Mundo transformou a minha vida no verdadeiro Dia da Marmota. Desde o começo da primeira fase, com jogos diários às dez da manhã, outros dois a uma e às quatro da tarde… Uma seqüência de tarefas burocráticas, mas necessárias… Enfim, uma rotina esperada por muitos aficcionados, e inevitável para quem vive o dia-a-dia da competição profissionalmente. E é o mesmo dia, todos os dias.
Ao menos até o último final de semana, quando eu finalmente pude entender algumas coisas que acontecem no planeta. No dia que o Bussunda morreu, soube que a Varig ainda não foi vendida, nem esta falida. Mas teve vôos cancelados, assustando até quem está na Alemanha. Soube que uma convenção meia boca oficializou Alckmin como candidato na mesma semana que o Ibope indicou uma provável vitória do Lula no primeiro turno. Paralelamente, um bando de desocupados, carregando uma bandeira populista reivindicando reforma agrária, invadiu o congresso nacional e arruinou as instalações, como se fossem saqueadores medievais.
E, pasmem, o senador David Palmer foi assassinado no primeiro episodio da atual temporada de 24 horas! Ok, isso foi em março, mas eu soube apenas esses dias… Agradeçam a Copa do Mundo.
Felizmente, para o bem ou para o mal, até o final da Copa, serão jogos apenas em dois horários. E com a chegada da fase final, as coisas devem voltar ao normal aos poucos. Por enquanto, continuo saboreando o mesmo dia, todo dia.
São Paulo x Austrália – Tive a chance de comemorar o aniversário do meu amigo Ricardo Osiro no domingo, assistindo à pelada entre a seleção do Ronaldo, aquele que foi capaz de uma furada impagável no primeiro tempo, e a parruda seleção da Austrália. A maioria da mesa era são-paulina, exigindo Rogério Ceni no lugar do esforçado Dida, Cicinho ao invés de Cafu, além de Mineiro no meio-campo. O que reforça uma teoria antiga: a maioria dos brasileiros torce pela seleção, mas os fanáticos por futebol preferem mil vezes torcer pelo seu clube. Inclusive, se essa teoria for valida, todo corintiano torce, ao menos um tiquinho, pela Argentina.
Balanção da segunda rodada – Vamos repetir a brincadeira da última quarta, comentando rapidamente os jogos grupo a grupo.
Alemanha 1 x 0 Polônia – Os alemães voltaram ao normal e jogaram de maneira burocrática. O gol saiu no finalzinho, depois de muito sacrifício. E era uma Polônia combalida. Já não sei se chega tão longe assim.
Equador 3 x 0 Costa Rica – Funeral absoluto do meu bolão. A Costa Rica mostrou ser o pior time da Copa, e o Equador, quem diria, está jogando muito, mesmo sem altitude.
Inglaterra 2 x 0 Trinidad e Tobago – Os meus candidatos ao título só fizeram gol no finalzinho, e ainda não convenceram ninguém. E os trinitinos tobaguenses não precisam fazer mais nada: já viraram heróis.
Suécia 1 x 0 Paraguai – Mais um gol que saiu chorado, no fim da partida. Sorte dos suecos, que não mostraram nada demais até aqui. Os paraguaios, praticamente os mesmos de 98, pararam no tempo.
Argentina 6 x 0 Sérvia e Montenegro – Outra vela pro enterro do bolão. Os eslavos já entraram em campo perdendo. E encontraram um time inspirado, cheio de vontade até o fim. Se Deus quiser, jogaram tudo que podiam nesse jogo.
Holanda 2 x 1 Costa do Marfim – Mas que Drogba de grupo. Os marfinenses eram os meus favoritos, mas tiveram duas pedreiras e foram embora. Mas os holandeses me surpreenderam, e merecem minha torcida.
México 0 x 0 Angola – Jogo ruim pra burro, mas Zé Kalanga foi melhor que os mexicanos, que chegaram cabeças-de-chave. E mesmo sendo impossível, ainda dá pra Angola. Quem diria.
Portugal 2 x 0 Irã – Cristiano Ronaldo é um imbecil. Faz malabarismo em campo e olha pro telão pra ver como ficou. Alem dele, só o Deco e o Figo se esforçam mais. Felipão vai ter que fazer milagres.
República Tcheca 0 x 2 Gana – Fui tapeado! Os tchecos entraram como sensação, candidatos a melhores do grupo, e agora podem ficar de fora! E Gana pode salvar a honra da África na Copa.
Itália 1 x 1 EUA – Outra seleção que mostrou muito no primeiro jogo, mas caiu no segundo. Jogo violento demais, com direito a gol contra do zagueiro italiano. No fim das contas, esse é o grupo da morte.
Croácia 0 x 0 Japão – Tremenda perda de tempo. O melhor em campo foi o Kawagushi, que pegou pênalti mas quase frangou. Outro palpite furado: japoneses e croatas não valem nada.
Brasil 2 x 0 Austrália – Que sufoco, amigo. Haja coração. Eles estão gostando do jogo! Quem é que sobe? Pra cima deles, Ronaldinho! Enfim, ninguém gostou.
França 1 x 1 Coréia – Definitivamente, 180 milhões de pessoas assistiram a Brasil e França em 1998 e disseram, ao mesmo tempo, “agora essa porcaria de seleção nunca mais vai ganhar nada na vida”. Está dando certo.
Suíça 2 x 0 Togo – Alguém viu esse jogo? A única coisa que eu lamento é saber que o único time que teve ex-desistente técnico, teve feiticeiro, teve a honra de ser o primeiro a chegar na Alemanha… Já vai.
Ucrânia x Arábia Saudita – A normalidade se reestabelece. Os ex-soviéticos finalmente jogaram futebol e não fizeram mais que a obrigação, ao vencer os árabes.
Espanha 3 x 1 Tunísia – Os espanhóis começaram o jogo com o rótulo de favorita, depois de ter goleado na estréia. Levaram um gol e só reagiram no segundo tempo. Por enquanto, não amarelaram.
Robozinho no MSN – Dado Spize é o nome do personagem criado para a Bavária. Adicione dado@bavariapremium.com.br no seu MSN e converse com um protótipo de inteligência artificial, capaz de falar em cerveja, baladas e Copa do Mundo. Tudo bem, metade das respostas começa com “não sei, sou uma versão beta”. Mas é uma tremenda ferramenta de comunicação, sacada genial de olho num mercado publicitário bastante interessante: os usuários de Messenger, algo em torno de 15 milhões de pessoas no Brasil. Dica do Ian.
Matemática estúpida – Um cururu descobriu o seguinte: 1970 + 1994, anos que o Brasil foi campeão mundial, dá 3964. Assim como 1978 + 1986, quando a Argentina venceu. 1990 + 1974, referentes aos títulos da Alemanha, também dá 3964. A descoberta foi feita em 2002, quando o cururu fez o seguinte cálculo: 3964 – 2002 dá 1962, quando o Brasil também ganhou. Logo, já que temos 3964 – 2006 = 1958, quando o Brasil também ganhou… Significa que isso não quer dizer nada, já que 3964 – 1998 dá 1966, e a Inglaterra não ganhou.
Marmota, eu vi Suica X Togo. E complemento seu post: “Ja vai… tarde.” Togo eh ruim demais, soh!
É, talvez todo corinthiano torça mesmo um pouquinho para a Argentina, reparei isso conversando com meu primo que, assim como eu, também é corinthiano e achou que a Argentina está mandando muito bem até então (e agora me escondi das pedradas).
Mas a nossa seleção tá mesmo ruim. Tem que achar outra para torcer, só por desencargo de consciência…
Meus favoritos já estão todos indo embora e ferrando meu bolão absurdamente.
Esses dias eu revi esse filme. Divertidíssimo!!!
Olho na Holanda. Continuo com meu palpite.
E essas teorias conspiratórias só servem para uma coisa: arrumar uma desculpa por ter jogado mal.
Um abraço!
Alguém viu Alemanha x Equador hoje?
Ai, ai, viu…Infelizmente, infelizmente mesmo, estou cada vez mais convicto de que vou acertar o campeão mundial de 2006…
Tomara que não!
Abraço!
André, postei nossa última aventura lá no blog. abraços.
falando em matemática estúpida, me lembrei da teoria do alemão, que sua seleção vai ganhar de 0,5
olha só o que eu vi no prospecto,
3/07/2006 – 20hs
Palestra de Hans Ulrich Gumbrecht: “Futebol: fascinação estética e estilos nacionais”, SESC Consolação, Sala Ômega, Grátis
O Professor Hans… é professor da Universidade de Stanford e colunista do Folha Mais
Eu estou sendo forçada a assistir os jogos… Simplesmente ligam a TV e eu não tenho como fugir, meu pc fica no mesmo cômodo (na sala). Não curto muito assistir jogo porque qdo. eu torço, EU TORÇO. TIpo, eu converso com a Tv, mando nos jogadores, xingo, enfim, SOU UMA CHATA. (risos) Pior que isso é assistir filme de terror comigo, até gritar no cinema eu gritei… (tsc tsc tsc) Difícil separar a ficção da realidade.
Ahh, eu assisti “Feitiço no Tempo”.
Para terminar, acho que a Inglarra vence essa Copa. 🙂
Vc já mandou torpedo para o Bolão do Faustão? (hihihihihihihihihi)
Beijossssssssssssss…
Um dos comentários seus leva o bolão se dependesse de mim. Sou apaixonada por futebol. Nos tempos da FAU-UFRJ, íamos dois amigos e eu para a geral três vêzes por semana. Um é Framengo, o outro é Fluminense e eu sou Botafogo.
Há vinte anos moro na minha terra natal, os EUA. Perdi muito o interesse pelo futebol e pior: vi a seleção ao vivo em Pasadena contra a Suécia; foi um purgante de jalapa aquele jogo.
Recentemente colocamos a Rede Bobo pra dentro da casa. Dá pra ver o futebol do Brasil. Chego no ponto do bolão já-já.
O futebol jogado no Brasil mudou. Não ligo pra campeonato nacional. Você venceu: torço é pro Botafogo; ainda mais, o quê me interessa é o campeonato carioca.
O escrete canarinho, dizer o quê? Vi uns poucos jogos do Gaúcho, vi aquela vergonha contra a França, não gosto desde então do Ronaldo Fenômeno. João Saldanha dizia que a camisa pesa.
Cheguei aqui através do blog Pensar Enlouquece.
Itália e EUA fizeram o confronto das figurinhas difíceis!