Já não suporto mais tamanha insistência: querem de todo jeito que eu compre um maldito telefone celular para a minha mãe. Pessoalmente, não faria essa sacanagem com alguém que eu amo tanto – ninguém merece uma “algema eletrônica” como presente. Ainda assim, meus amigos publicitários não se cansam. Como diria Narazaki, paunuku dessa gente.
Evidentemente, não quero influenciar a sua decisão. Por isso, preparei um guia especial para você diferenciar as três principais marcas do país – por pura falta de subsídios, estão de fora Amazônia Celular (Amazonas), Telemig Celular (Minas Gerais), Sercomtel (norte paranaense), CTBC (Brasil central) e Oi (para as regiões atendidas pela Telemar). Vamos lá:
Tim: A Telecom Italia Mobile começou tímida: apenas Santa Catarina, Alagoas, Ceará, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Minas Gerais, Bahia e parte do Paraná e Rio Grande do Sul a conheciam. Isso porque a empresa venceu apenas nestas regiões na primeira licitação do gênero do país, época em que surgiram os termos “Banda A” e “Banda B”. No caso, a TIM operava apenas na tecnologia TDMA – sigla de Time Division Multiple Access, um dos sistemas digitais de segunda geração (a primeira remete aos velhos celulares analógicos AMPS – Advanced Mobile Phone Service).
Mas sem mais delongas. A TIM se expandiu por todo o país graças a adoção da tecnologia GSM (Global System for Mobil communication), padrão europeu de baixo custo de instalação e manutenção – e portanto o mais popular em todo o mundo. A partir daí, os italianos passaram a convencer você de que seus aparelhos com chip funcionariam perfeitamente em todo o país – apesar do GSM permanecer em fase de implantação.
Em São Paulo, aconteceu algo curioso. Ano passado, a cidade possuía apenas duas centrais de grande porte, que centralizavam todos os usuários da capital. Parte de uma destas centrais era usada para a Baixada Santista. Pouco antes do mês de dezembro, a Tim inaugurou às pressas uma terceira central, prevendo o movimento dos paulistanos para o litoral – se a operação não funcionasse, a pane era dada como certa.
Se bem que, ainda hoje, conheço muita gente que está desistindo do pequeno Tim, decepcionados com a cobertura. A tendência é melhorar – só não se sabe quando.
Vivo: No Século XVI, portugueses e espanhóis explor… ops, colonizaram a América. E agora estão voltando com toda força: as antigas Telesp Celular, Global Telecom, Telerj Celular, Telest Celular, Celular CRT, Telebahia Celular, Telergipe Celular, TCO, Telegoiás, Telemat, Telems, Telerom, Teleacre e NBT, todas ligadas a Portugal Telecom e Telefónica da Espanha, se transformaram na maior operadora de celulares do país – a Vivo.
São eles os grandes dominadores: todas as operadoras utilizam a tecnologia CDMA – Code Division Multiple Access, plataforma que está praticamente preparada para receber os novíssimos modelos de terceira geração e alta taxa de transferência de dados. Será o grande concorrente do GSM, mas por hora, o que eles conseguem mesmo é deixar todo mundo maluco: boa parte das antigas operadoras que hoje formam a Vivo ainda mantém sua cobertura analógica. Quem se complica é a bateria do seu celular, que fica dizimada quando você está fora da sua área.
Sem falar que as mensagens de texto – os famigerados “torpedos”, alegria da moçada, são possíveis apenas entre celulares Vivo. “Quase todo mundo”, diria o cururu da propaganda. Balela: como é possível Claro e TIM conversarem numa boa e os colonizadores permanecerem de fora? Ah, façam-me o favor. Mas enfim, a tendência é melhorar – só não se sabe quando.
Claro: Até o ano passado, apenas os gaúchos conheciam a Claro Digital (nome fantasia da Telet) e o seu lendário papagaio verde como mascote. Até que os mexicanos da Telecom Americas arremataram ainda a ATL, Americel, BCP e Tess. Conseguiram ainda autorização para atuar em Santa Catarina, Paraná, Bahia e Sergipe. É claro que, para fixar a marca de maneira bem clara, optaram pelo nome Claro.
Assim como nas primeiras investidas da Tim, todas essas operadoras funcionam com TDMA – e embora seja o padrão usado por boa parte dos celulares do Brasil, é a tecnologia mais obsoleta entre as três de segunda geração. Tanto que a Claro já tratou de estabelecer o GSM para os seus usuários.
Ou quase. Muitos que tentaram migrar o mesmo número do TDMA para o GSM da Claro descobriram incompatibilidades surreais. Quem não foi atrás para saber qual é a deles ficou a ver navios. O fato é que nem todos os números que funcionam hoje no TDMA podem funcionar no GSM – mas a Claro não sabe disso.
Ou não quer avisar seus clientes, que não descobrem a origem do problema. Aliás, problema constante nas três operadoras: quem busca por esclarecimentos tem um retorno, com perdão pela ironia, pouco claro.
O assunto poderia se estender para o advento das novas tecnologias, ou mesmo nas vantagens e desvantagens entre o pré-pago e o com conta. Mas antes disso, vamos esperar sentados até que as malditas operadoras gastem menos em propaganda e invistam no atendimento e na qualidade dos seus serviços – até porque, tenho certeza que você tem alguma queixa, independente da sua operadora. Mas a tendência, sabemos, é que tudo vai melhorar. Só não se sabe quando.
Até lá, não faça a maldade de comprar um celular para a sua mãe: dê algo que não lhe dê dor de cabeça. Ela merece.
Odeio Celular! (Aliás todo cinéfilo odeia, porque sera?), mas tenho uma razão em particular: Vou ficar de DP em Sistemas de Comunicação 2, justamente por causa do bendito celular!
Concordo plenamente.
Dar celular para mãe é coisa de filho desnaturado.
bom, eu amo minha mãe e não daria pra ela um telefone celular. nenhum deles funciona direito, ou seja, já basta a dor de cabeça q dou pra ela, ela não precisa de mais nenhuma.
Bom, eu sou cliente da TIM e já até tive alguns problemas, porém não sou de odiar celulares. Minha mãe usa a Vivo e também não sente ódio por celulares.
Como é bom viajar no tempo, ver vocês em 2004/2005 onde um celular só bastava ligar e receber chamadas e sms