Redenção? Aqui, farroupilha!

Pois é, minha gente. Esta série especial ainda não acabou. Mais um pouco de paciência, este é o penúltimo episódio. E com certeza o mais agitado e arborizado! Ou existe ambiente melhor para caminhar numa ensolarada tarde de domingo? O lugar em questão chamava-se Várzea do Portão no século XIX, época que teve seu nome alterado para Campos da Redenção, logo após a libertação dos escravos.

Hoje, o Parque Farroupilha – o maior da cidade – também é chamado carinhosamente de “Redença” pela mocidade portoalegrense.

Acostumado ao inverno do sul, fico surpreso com o sol e a temperatura – calor de 25 graus. Não foi só eu. Tanto que a gauchada resolveu sair de casa para transformar o meu passeio no parque num tremendo programa de paulista: nunca vi lugar tão cheio.

Nessas horas, esqueço que é melhor deixar o carro bem longe. Com a avenida José Bonifácio interditada aos domingos, a busca por uma vaguinha limita-se à João Pessoa e a Oswaldo Aranha, além dos arredores da UFRGS.

Este é o paraíso dos flanelinhas, que agradeceram a contribuição de São Pedro para o aumento da oferta de clientes. Até parar o “poisé” nas redondezas do Instituto, fui abordado por uns dez. O último, que nos indicou a vaga, era um legítimo paraguaio: la garantia soy yo.

Não foram apenas os flanelinhas que comemoraram. “Acabaram todos os de fruta, se soubesse tinha trazido mais”, lamentou uma vendedora de picolés.

“Isso não é normal”, garantiu minha namorada, tão surpresa com a intensa movimentação de pedestres, bicicletas, cachorros e afins quanto eu. “Nem no verão é assim, quando todo mundo prefere ir à praia”. Até o tradicional Café do Lago, à beira do mesmo, tinha fila para entrar.

Tudo bem, o parque é grande – são 50 mil metros quadrados. E a grande atração de domingo é o Brique da Redenção, uma feirinha de antiguidades e artesanato (uma espécie de Benedito Calixto em uma escala menor). Não é o melhor lugar para comprar souvenirs: certamente você vai encontrar objetos diferentes, mas a preços bem salgados.

Ainda no brique, criaturas peculiares convivem com as barraquinhas. São os famigerados artistas de rua, desde as manjadas estátuas vivas ou mesmo palhaços tarados (à esquerda), até pintores expressionistas que usam apenas giz, carvão e asfalto (o da direita).

Entre os pequenos espetáculos, o campeão de audiência há anos atende pelo nome de “gato no saco”. Um tiozinho bem loco usa sua desenvoltura e técnicas rudimentares de ventriloquismo para vender pequenos “apitos”, feito com bambu e tiras de balões de ar. Daqueles que se colocam sobre a língua e, ao soprar, emitem um som parecido com o ronronar de um bichano. O performático usa um linguajar popular para interagir com o “gato” e com a platéia, garantindo boas risadas por longos minutos.

Depois de rodar por todo o parque, as chances de se perder são enormes. Portanto, antes de circular todo pimpão e serelepe, marque com seus amigos no Monumento aos Expedicionários, um duplo arco do triunfo que serve como ponto de encontro. Mas vá em um dia mais tranquilo: até ali era possível ficar perdido entre a multidão naquele domingo…

Bah, que fiasqueira…

– Lembram-se do Magro do Bonfa, personagem criado pelo comediante André Damasceno que fez parte da Escolinha do Professor Raimundo? A origem daquele tipo é o bairro do Bom Fim, onde fica o Parque Farroupilha. Aliás, vale uma visita ao Mercado do Bom Fim, ao auditório Araújo Vianna e ao famoso Bar do João, com suas inúmeras variedades de pinga. E não me faz te pegar nojo!

– O Farroupilha não é o único parque da cidade. Outra opção é o Moinhos de Vento, cortado pela Avenida Goethe. Por estar dentro de um bairro de classe alta, o lugar, conhecido como “parcão”, é um point mais elitizado. Foi em suas quadras de tênis que Porto Alegre sediou algumas etapas da Copa Davis no país.

– Ah, sim. Existe outro lugar tão bom quanto para caminhar, correr ou andar de bicicleta: a calçada da avenida Edvaldo Pereira Paiva, a Beira Rio. Com direito a um maravilhoso pôr-do-sol no final da tarde.

– Domingo é dia de ler a edição dominical do principal jornal da cidade. Naquele final de semana, o Zero Hora destacava a iminente greve do judiciário, que no fim, malogrou. E ao invés do resultado de Inter e Figueirense, uma matéria sobre a relação entre goleiros e frangos. Destaque para Clêmer, claro!

– E não deixe de perder: assim que eu conseguir desovar toda a viagem para Porto Alegre, estréia Entrando numa Gelada, com o apoio da prefeitura de Campos do Jordão e da Marmota Television…

Comentários em blogs: ainda existem? (8)

  1. Odelay, Mestre Marmota!Quem disse que ninguémm lê seu painel girante? Eu acho uma boa idéia o lance da festa de 1 anos do teu blog! E essas fotos estão ótimas, hein? Só não gostei dos palhaços (tenho pavor), ainda mais tarados!Abraço!

  2. Incrível fazer um tempo tão bom assim no RS, ainda mais no inverno. Já me falaram que, no verão, a temperatura sobe mais do que nós aqui em Sampa imaginamos. Mas na estação da friaca…E é muito bom poder baixar na web esse documentário, que é muito bom. É incrível que, na “segunda maior democracia do mundo”, haja restrição a um trabalho como esse.

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