Um dos meus presentes de aniversário foi uma caixa Looney Tunes, com dezenas de consagrados desenhos da Warner Bros. Um dos discos já rodou algumas vezes em casa: o do Papa Léguas, há anos na minha top 5 como um dos melhores desenhos animados de todos os tempos.
A razão é simples: nenhuma criança em todo o planeta precisa ver o desenho dublado. Basta acompanhar o pássaro veloz metido a besta fugindo como quem não quer nada das artimanhas do Coiote – um dos mais injustiçados personagens da história. Inteligente, mas faminto e muito azarado.
Toda a batelada de rochas, penhascos, cordas, bigornas, dinamites e engenhocas proporcionadas pelos produtos Acme voltaram à minha mente graças ao comentário reproduzido abaixo – feito por um sujeito que, sendo de Porto Alegre, não deve ser só mais Um Cara.
Não sei se era só eu... Mas quando criança sempre sonhei com um desenho em que o vilão destruisse o pica pau (melhor ainda se fosse o Zeca Urubu!!!), ou que o Tom conseguisse devorar o Jerry, ou que o Coiote conseguisse esmagar com uma pedra o papa-léguas... Mas ôoo injustiça! Isso nunca aconteceu! Que coisa, não?
O Ismael Grilo emendou com outra consideração, que eu assino embaixo:
O que eu queria mesmo era que o Coração Gelado acabasse com aquela peste de Ursinhos Carinhosos...
As duas considerações podem levar a três observações, digamos, pertinentes dentro desse universo. O primeiro, que normalmente traz alguma polêmica, diz respeito a violência, ainda que “inofensiva”, embutida nos desenhos. Muitos especialistas enchem o saco dos pais, alertando o perigo desse tipo de programa – postura nitidamente criticada com Comichão e Coçadinha, que provoca espasmos em Bart e Lisa Simpson.
A segunda tem a ver com um antigo post do Inagaki, sobre o Papa Léguas: o deserto simula o nosso universo conhecido, enquanto a interminável corrida representa a nossa busca pela felicidade – seja pessoal ou profissional. A cara triste do Coiote ao final de cada episódio representa uma verdadeira lição de vida: infelizmente nem sempre podemos ter aquilo que sonhamos. O melhor a fazer, portanto, é dar risada e seguir para o próximo desenho.
A terceira eu pincei dos extras do DVD do Papa Léguas – que explica inclusive porque diabos o Coiote perde tempo atrás de uma ave magricela para se alimentar. Diante de mais uma caça de gato e rato no deserto na TV, duas crianças conversam – o mais novo começa o diálogo:
– Puxa vida, tenho pena do Coiote. Até gostaria que um dia ele conseguisse pegar o Papa Léguas.
– Ah, mas pensa bem: se um dia ele comer o Papa Léguas, não vai ter mais desenho.
– É, tem razão…
E isso vale para aqueles quase casais famosos em seriados de TV, como Mulder e Scully.
Criadores de desenhos dessa época eram todos uns sádicos e/ou masoquistas.
Hoje ainda são, mas disfarçam.
Todos esses desenhos mímicos são sensacionais! Tom & Jerry, Pantera Cor-de-Rosa… é pena que não se façam mais desenhos mudos.
Pois é “Seu Marmota”…realmente concordo contigo, mas acrescento mais três pontos:
*Hipervalorização do individualismo,
*Incitação à predação entre as espécies
*Legitimidade da violência em se tratando de casos de legítima defesa.
Báh!…e tudo isso dentro de um desenho!!! Volto a dizer…que coisa não?!
Sobre o diálogo das crianças, no final do post: torcer pelo Coração Gelado era o único motivo que eu tunha pra assistir a Ursinhos Carinhosos. Acabar com o desenho, pois, não é preucupação pra mim. Nos outros casos não, eu quero que continuem, embora não goste tanto de Tom&Jerry. Mas, assim, como o Ina, como eu queria que o final desses desenhos fosse diferente, pelo menos uma vez!
PS: Marmota, você não respondeu à curiosidade boba que me aflige: sabes se o cachorrinho do Pica-Pau tem nome?
Não tô conseguindo me lembrar…
Sabe que eu jamais havia pensado no lance da Scully?
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