Vamos começar esse princípio de feriado prolongado (ao menos para a maioria das pessoas) com um post especial: apenas a luz do luar irá iluminá-lo. Não apenas pela referência ao nosso satélite natural, mas por que não, comemorando o retorno do nosso amigo Eric Draven, uma das criaturas que mais a veneram.
Se você entrou aqui pela primeira vez, começou a ler esse texto, interpretou da maneira que lhe pareceu mais adequada… Pronto, está formada em sua mente uma idéia, ainda que vaga, sobre quem é esse sujeito. Normalmente, o primeiro adjetivo que as pessoas adotam quando me conhecem é "engraçado". Mas nem sempre é assim. Vejam só o comentário da Cora, no blog da Cacau, a respeito do post que fiz recentemente sobre o dia do beijo:
"Uai… Num entendi… O Marmota falou que se negava a falar sobre o dia do beijo e fez um post enorme sobre o beijo, até com pesquisa histórica e científica… Sei lá… Achei um pouco amargo"
Amargo… Logo eu, um sujeito que não cansa de fazer piada do mundo. Evidentemente, essa reação pode ser encarada de maneira simples: ela não entendeu a brincadeira, levou minha ironia a sério e ficou com uma impressão negativa. O mesmo aconteceu com o Ulisses, ao esbarrar com um comentário da Cynthia sobre a Miss Brasil 2003. Tenho certeza de que, se o Ulisses conhecesse esta minha colega de trabalho, seria acometido pelo mesmo sentimento que ela provoca na maioria dos homens e a pediria em casamento.
Mas enfim. As duas situações poderiam ser evitadas, não é mesmo? Talvez. Mas é possível prever se o nosso comportamento vai agradar alguém de bate-pronto? Impossível.
A razão é simples: nós nunca observamos a personalidade do outro diretamente, de uma maneira isenta. Inevitavelmente, nós teimamos em comparar as pessoas com as nossas referências pessoais, nossa experiência de vida. Conhecemos a pessoa pelo que nós temos, e não pelo que ela tem.
Se já é difícil se ver livre desse olhar distorcido em nosso cotidiano, não tem como não "metralharmos no escuro" nos famigerados primeiros encontros…
Lembro como se fosse ontem. Ela morava na Zona Sul e trabalhava num escritório na região da Paulista. Num final de semana, entrou numa sala de bate-papo com o nick Lua. Resolveu conversar com o simpático marmota24sp – aos engraçadinhos, o número 24 correspondia a minha idade, época batizada por alguns como "a fase da decisão"…
Sem mais divagações. Além dos dados preliminares, descobri que ela era capricorniana – meu signo preferido! Trocamos e-mails, ICQ, mensagens, telefone… Combinamos um almoço numa terça-feira qualquer do inverno paulistano. Treze horas em frente ao Viena, na praça de alimentação do Shopping Paulista. Esbaforido depois de caminhar os 900m que separam a redação do ponto de encontro, subo dois lances de escadas rolantes. E lá estava ela. Com a blusa vermelha e a bolsa de couro a tiracolo, como havia me informado naquela manhã.
Caminhava devagar enquanto olhava atentamente para Lua. Aliás, lua cheia: ela estava um pouquinho acima do peso. Até aí, somos dois, nada contra. Dou mais alguns passos, e o celular dela toca. Diminuo o ritmo, ela atende. Devia ser algum colega de trabalho. Não, colega não era, a julgar pela cara feia que ela fez. Deu para identificar alguns impropérios naqueles lábios mal-humorados.
E era com ela que, em alguns segundos, tentaria promover um almoço agradável…
Juro que pensei em dar meia volta, afinal de contas, "o Diabo mora nos detalhes", como diz o outro. Mas fui até o fim. Esperei ela terminar o esporro e desligar o telefone antes de me apresentar. Beijinho no rosto. Comemos e conversamos um bocado. E ela sorria o tempo todo e se mostrava muito simpática. Mas nada era capaz de tirar da minha cabeça aquela carranca assustadora, com todo respeito que a Lua merece. Poderia ter aproveitado mais essa oportunidade para desencalhar. Mas no fim, aquela tarde de terça-feira foi a primeira e última vez que nos vimos.
E eu, uma pedra. Graças a tal da primeira impressão, capaz de provocar este e outros "foras". Além de aumentar a minha fama de exigente, daqueles que enxergam defeitos onde não existe, talvez essa atitude ainda me mantenha solteiro por mais cinco anos.
Tudo bem, aos poucos a gente aprende. Eu, a Cora, o Ulisses, a Cynthia e todos nós.
Este post fica melhor ao som de Tendo a lua, com os Paralamas.
Até leria esse texto, mas o tamanho é demasiado que minha consciência não permite.
Sim, eu disse o que pensei…O que me bateu, ao ler no comentário da cacau, que disse NÃO QUERER SEQUER PENSAR que aquele era o dia do beijo, que essas datas eram muitos dirigidas e que não era à toa que vc havia postado sobre isso… Vim aqui e li seu desabafo-crítica, e pra falar a verdade, não fiz não um julgamento de COMO É VOCÊ por aquele post porque já tinha vindo antes e gostado de várias coisas que vc tinha escrito e de alguma forma até me identificado com elas. É que naquele dia eu estava mesmo feliz. Estava a fim de beijar e comemorar isso: o fato de TER quem beijar, então achei esses posts “anti-dia-do-beijo” todos um pouco amargos, prá falar a verdade…rs… achei que era falta de muitos beijos! Mas eu já gostava de vc Marmotinha e continuo gostando, beijos, CoRa.
Marmota!Eu tinha feito um comentário bem grandão… refletindo sobre seu post e perdi! :(Depois escrevo outro, tá?beijinho p/ vc!
…se o Ulisses conhecesse esta minha colega de trabalho, seria acometido pelo mesmo sentimento que ela provoca na maioria dos homens e a pediria em casamento.Fico lisonjeada com o elogio, apesar de discordar, fico feliz pela consideração. bjoscy
Eu sei a impressão que passo aos outros. O povo deve me achar séria e chata (sou sim, mas nem tanto assim, vai). Dá até pra tirar proveito disso… se eu não gostei do(a) dito(a) cujo(a), dane-se… mas se quero conhecer mesmo a pessoa, insisto, e geralmente a conquisto com meu (cof, cof) charme irresistível. Sem falar da minha modéstia, claro.