Sabe aquele sujeito que lhe diz “bom dia” na portaria do edifício, seja em casa ou no trabalho, cuja função exata não cabe em uma palavra? Ele é porteiro, encarregado, vigia, contra-regra, telefonista, eletricista, encanador, despachante, office-boy, jardineiro, copeiro, zelador… Na antiga TV Colosso, esse era o perfil do Gilmar. Na vida real, conheço um que atende pelo nome de Gildo – outra palavra excelente para definir o faz-tudo. “Aqui, coincidentemente, nosso Gildo se chama Gildo”, dizem. Perfeito.
O ano de 2007, no entanto, viu ao menos dois episódios horripilantes, capazes de manchar a reputação dos Gildos em todo o país. O primeiro deles foi no meio do ano: uma arquiteta foi visitar um prédio quando o Gildo lhe deu uma pancada fatal na cabeça. Roubou seus pertences – chegou a comprar celulares com o cartão da vítima – e escondeu o corpo dela num fosso. A polícia levou um mês para esclarecer o caso. Pudera: nas primeiras horas, Gildo mostrou frieza, negando o crime até a localização da arquiteta.
Esse Gildo foi condenado nesta quinta a 33 anos de cadeia. Mesmo dia no qual a polícia esclareceu outro caso envolvendo um Gildo maligno – coincidentemente no mesmo bairro que o anterior, Vila Mariana. O rapaz acabou se envolvendo com uma diarista, e por razões injustificáveis, acabou estrangulando-a. Depois de se livrar do corpo em uma caçamba, ainda simulou um assalto, para tentar se safar.
Dos males, o menor: são poucos os casos em que o imprescindível Gildo é visto com desconfiança. Vai demorar para acontecer com ele (se é que existe esse risco) a mesma deterioração na imagem de outra categoria valente, mas cada vez mais detestada: os motoboys.
(Aliás, precisamos encontrar um nome que defina os motoboys tão bem quanto o o nome Gildo define o Gildo).
Aqui no prédio não temos um Gildo… mas temos um Porteiro Zé! 😉
André!
Cá em Barra Bonita, conheci um motoboy de nome Vitalino. Ele sempre me recordava a música dos Paralamas… “Vital comprou uma moto…”
Quer nome mais perfeito para motoboy?
É, eu também lembrei do Porteiro Zé e ia fazer uma piadinha, mas nem fiz mais por causa desses acontecimentos tenebrosos.
Mas eu voto no nome Evandro pros motoboy. 😉
Eu sugiro Robson.
Mas tomara que os porteiros não sejam vítimas do mesmo “ranço” dos quais são vítimas os motoboys. Mesmo eu não gostando da segunda categoria.
Sou porteiro-dependente. Converso com os do meu prédio pra tudo. Conto com eles e conto PARA eles quase tudo. Todos são gente muito boa – com os moradores e entre si.
Querido André “Marmota”:
Realmente, vi quando estive no Rio de Janeiro que os moto-boys são parte integrante da sociedade e da economia. Nosso porteiro é um doberman e os vizinhos têm fixação em espiar nossa casa.
Quero agradecer-te pelo bom humor contagiante e desejar-te meus melhores votos caso não volte até 2008, desta vez nas mãos solícitas do Evil Empire: Microsoft Vista, a única possibilidade para reonhecimento de voz de maneira que a teclagem seja coisa do passado e a blogagem mais simples.
Até breve, André Marmota,
Realmente uns gatos pingados acabam manchando a reputação da categoria inteira. Inclusive no nosso caso, os jornalistas…