Não há dúvidas que o jogo desta sexta-feira, entre brasileiros e holandeses, terá como pano de fundo principal a disputa por uma vaga entre os semifinalistas da Copa do Mundo. Como até aqui as duas seleções mostraram características parecidas (eficiência na defesa e agilidade no ataque), certamente será a partida mais difícil para os brasileiros.
Mesmo vencendo os confrontos de 1994 e 1998, a torcida lembra claramente dos momentos tensos, como o empate de Winter nos EUA ou a cobrança de pênaltis nas semifinais em Marselha. A Holanda, que virá com espírito de revanche, tentará reeditar a surpresa aprontada pela única que pode ser chamada de “Laranja Mecânica”: os 2 a 0 no Westfalenstadion, em Dortmund, pelo Mundial de 1974.
Aliás, tanto o confronto na Alemanha quanto o da França já possuem, antes mesmo da bola rolar, uma coincidência em relação ao jogo desta sexta, em Porto Elizabeth: Brasil e Holanda voltarão a decidir o fictício título não-oficial de futebol mundial.
Já escrevi aqui sobre o UFWC (Unofficial Football World Championship), uma brincadeira levada a sério pelo jornalista britânico Paul Brown que conheci por intermédio do Ubiratan Leal. A lógica é simples: se a faixa de campeão fosse dada aos moldes de um cinturão de boxe, todo confronto oficial da Fifa entre seleções representa uma decisão. Assim, desde o duelo entre Inglaterra e Escócia, em 1872, o título já rodou o planeta, graças a centenas de finais durante todo o ano.
A Holanda está com a posse transitória do título não-oficial desde o dia 19 de novembro de 2008, quando derrotou a Suécia num amistoso em Amsterdã. De lá para cá, foram 19 jogos sem perder – antes, é possível computar outros quatro, resultando numa invencibilidade de 23 partidas. Se lembrarmos que a equipe está com 100% de aproveitamento neste Mundial, veremos que trata-se de um retrospecto e tanto. A seleção de Dunga vem de dez partidas sem derrota – a última foram os anormais 2 a 1 da Bolívia, na altitude de La Paz.
Se o título da UFWC servir de parâmetro para algum tipo de preságio, os holandeses também entraram campeões não-oficiais em uma Copa do Mundo em 1974 e 1978. Perderam o título exatamente na decisão destas Copas. Em 1998, os holandeses também ficaram com a faixa temporária, mas por apenas um jogo: os detentores do título eram os argentinos, eliminados nas quartas-de-final. Perderam na semifinal para o Brasil, que vieram a perder as duas taças para os franceses.
Enfim, se já tínhamos motivos para torcer por uma vitória brasileira nesta sexta, não custa nada acrescentarmos mais este. É o Brasil rumo ao título da UFWC!
É, parece que a Holanda não tava disposta a abrir mão do cinturão mesmo…