A pedra polida da era wireless

Homem descobre o fogo (casualmente). Homem tenta entender o fogo. Homem domina a técnica do fogo. Homem muda seu estilo de vida: deixa de ser nômade e passa a morar nas cavernas. Homem percebe que, com fogo, ganhava mobilidade – já que os predadores se afastavam. Homem desenvolve coisas relacionadas à luz e ao calor. Homem começa a viver em comunidades e faz intercâmbio com elas. Homem consegue produzir coisas com mais facilidade e qualidade. E o fogo já faz parte da vida de todos, tornando-se fundamental para a evolução da tecnologia.

Como sabemos, a história da humanidade é cíclica, repleta de fenômenos repetitivos. Logo, estamos no início do século 21… E o homem descobre a conezão de internet sem fio.

Nossa geração já não consegue mais imaginar um mundo sem páginas em HTML, poderosos buscadores, contas de correio eletrônico… Essas coisinhas que praticamente já fazem parte da nossa “idade da pedra lascada”. Era uma tarde qualquer há um ano quando fui convidado pra um encontrinho na casa do Edney. Mal sabia que o primata aqui estava prestes a esbarrar casualmente com o “fogo”.

A “labareda”, na verdade, era formada por um roteador wireless instalado no quarto. Poucas palavras foram suficientes para que um novo mundo surgisse diante dos meus olhos: “posso levar meu laptop para a cama e fazer tudo que preciso antes de dormir”. Não demorou para que eu imaginasse um momento único e sagrado: eu, no assento sanitário, dando um upgrade na velha expressão “passar um fax”.

Mas para sair da ignorante caverna e seguir em direção à luz, era preciso acumular algum conhecimento para superar algumas barreiras. Mergulhei em um mundo de ADSL, provedores, modem, IEEE 802.11, gateway, roteador, codificação WEP, NAT, VC, LLC, PPPoE, RIP, DDNS, LAN, WAN, entre outras informações básicas e alguns cabos – a parte “wireless” é só entre o computador e essa maçaroca.

Não é uma tarefa das mais simples, mas decifrar essas letrinhas todas podem resultar em economia de tempo, paciência e dinheiro – estamos falando do suporte técnico especializado, que na maioria dos casos conhece as mesmas gambiarras que você. Ou pior: ao primeiro sinal de problemas, pede para abrir o Outlook ou trocar de modem. Tanto a glória quanto o fracasso são mais saborosos quando saem das nossas mãos, e não nas de um picareta.

Em poucas semanas, todos os leds verdes do brinquedinho estavam acesos e piscando. Como se quisessem dizer “você conseguiu”. A família, agora sem fio, faz a festa com urros, saltos e socos no peito. Sempre que o homem passa por uma revolução dessas, a pergunta aparece: como eu consegui viver tanto tempo sem isso?

Essa semana concluí a minha etapa “intercâmbio” em minha caminhada pela idade da pedra polida. Uma amiga, que mora em um apartamento acanhado, não aguentava mais trabalhar com seu laptop na sala, perto do telefone mas ao lado da estante e na frente da TV. Felizmente, seu equipamento tem suporte a wireless: bastava um router, alguns cliques no programa de instalação e acerto nas configurações internas.

Foram algumas horas de intensa labuta, mas agora essa amiga, avessa a novas tecnologias (não usa microondas nem tem conta no orkut) já consegue navegar por aí em qualquer canto do seu lar. Informação que merece um registro para as futuras gerações lembrarem como nossa vida era dura… Um dia, qualquer cururu portando algum dispositivo compatível estará mergulhado em uma gigantesca rede sem fio de altíssima taxa de transmissão de dados.

Vai ser o início da “idade dos metais” da era wireless. Se bem que há quem arrisque e a defina simplesmente como WGSM.

Comentários em blogs: ainda existem? (4)

  1. Só fica esperto com a questão da segurança … na atual idade das pedras da internet ladrões e salteadores fazem a festa de um modo mais eficiente do que na idade da pedra da pedra, porque podem agir escondidos e porque, ao contrário daquela época, os homens se acham muito confiantes ao mexer com o que não dominam direito.
    Então cuidado para não servir internet gratuitamente para sabe-se lá quantas outras pessoas por ai.
    Grande abraço!
    Marlon

  2. “A família, agora sem fio, faz a festa com urros, saltos e socos no peito.”

    Ninguém tem um fêmur para lançar aos ares?

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