Por Luciana Monte
Acontece com muita gente: o sujeito idealiza as férias, poupa dinheiro, faz um roteiro fantástico – e exaustivo, por vezes – e pensa: “agora sim, terei as férias dos meus sonhos!”. Bagagem feita, passagem na mão, câmera em punho, ele é todo sorrisos no aeroporto.
Duas semanas depois, você encontra o cara e pergunta: “E aí, como foi a sua viagem?”. Ao invés de exclamações empolgadas, escuta um “É… foi legal” assim mesmo, meio sem graça.
O que saiu errado? O lugar era ruim? O hotel não tinha nada a ver com as fotos da internet? Pegou turbulência no vôo? “Não, não. Tudo foi… legal.”
O cara prepara as férias dos sonhos e seu único adjetivo na volta é “legal”?!

Petrópolis – mas podia ser o jardim do prédio ao lado.
Tem o outro extremo: aquele colega que está pulando o almoço pra comer na janta e nem nos maiores delírios planeja uma viagem de férias. Trinta dias todinhos pra ele, e vai ficar na mesma cidade de sempre, na mesma vidinha de sempre. Você fica até com pena do cara.
Na volta ao trabalho, o tal colega está feliz e sorridente, cheio de assunto, animado.
É que o viajante saiu de casa com uma bagagem cheia de expectativas e planos e idéias e mapas. O outro passou trinta dias sem bagagem nenhuma. Livre, leve e solto.
A noção de um dia perfeito de férias para o primeiro incluía acordar às sete da manhã, tomar café-da-manhã correndo, melecar as crianças de sundown, mandar a esposa se informar na recepção do hotel, pegar o carro alugado, brigar por um lugar na rua, depois no estacionamento, depois na areia, comer qualquer coisa de camelô, voltar depressa pro hotel, “todo mundo pro banho já!”, estressar com a mulher que não sabe o que vestir, anda-logo-a-reserva-vai-cair, correr pro restaurante, comer pouco, pagar caro, dormir com fome, “puxa, que dia ótimo, amanhã tem mais”.
Já o que ficou na própria cidade dormiu até a hora que quis, falou pra esposa “vamos no self service da esquina?”, levou os filhos ao parque, tomou sorvete de máquina, passou na locadora, levou pipoca e três devedês, jogou buraco até duas da manhã, “puxa, que dia ótimo, amanhã tem mais”.
Quem aproveitou, realmente, o dia? Posso apostar que foi o segundo.
Não quero soar como propaganda de margarina, mas o lance é que esse tal de “dia perfeito” é você que faz. Com ou sem dinheiro, na sua cidade ou no outro lado do mundo, sozinho ou acompanhado, de férias ou num feriadinho – não importa. Não adianta bolar mil roteiros, comprar os guias mais caros e passar horas pesquisando na internet se, no fim das contas, seus dias de férias serão tão burocráticos, corridos e estressantes quanto seus dias de trabalho.
Claro, pode ser que o primeiro modelo seja mesmo o seu conceito de dia perfeito. Se é assim, ótimo. Só não vale copiar as férias das revistas e agências de turismo só porque “se eles falam, então deve ser bom”. Afinal, de quem são as férias?
Enquanto Marmota passa por dias perfeitos descansando e viajando, a série Colônia de Férias apresenta textos gentilmente preparados por seus amigos.
Falou e disse,como se dizia no meu tempo,rs.
Normalmente fico entre as duas opções…
E não condeno nenhuma…
É isso aí!
Curtir os momentos sem pressão!
É a velha expectativa! Quanto mais baixa melhor, isso serve pra tudo.
Bem legal esse texto! 🙂