Quantas vezes você viu o Brasil ser campeão?

#NED 2 X 1 #BRA (02/07) – Tudo já foi dito sobre o jogo da última sexta-feira. O entusiasmo do primeiro tempo, o nervosismo provocado pelos holandeses, o gol anulado, o lançamento preciso de Felipe Melo, o toque de primeira do Robinho pras redes, a concentração e a anulação do ataque adversário… Enfim, a bobeada do mesmo Felipe Melo ao fazer uma firula nos instantes iniciais de uma etapa complementar absurdamente descontrolada, a subida do camisa cinco à frente do até então melhor goleiro do mundo, a cabeçada do baixinho Sneijder, aquele cartão vermelho…

Muitos que sopraram vuvuzelas e vibraram com o desempenho da seleção após a vitória nas oitavas bandearam pro lado dos que diziam, antes do confronto decisivo, que este seria o jogo mais difícil, o primeiro adversário mais estruturado, invicto há 23 partidas. Nas longas horas que se separaram entre o apito final do árbitro e o desembarque de Dunga em Porto Alegre, seguido por um bilhete azul válido pra toda comissão técnica, meio mundo passou a procurar os culpados. O técnico foi o primeiro. Lembraram sua inexperiência e falta de opções no banco para decidir. Felipe Melo vem em seguida: toda a mediocridade de um time ficou personificada em um único jogador. Por fim, toda a expectativa sobre Kaká, que declaradamente jogou no sacrifício, bem abaixo de seu potencial. Soma-se a isso a leitura labial, a análise dos especialistas, a opinião dos psicólogos e as lágrimas da criança.

O mais irônico deste placar é perceber que, em 2006, um treinador campeão, uma equipe recheada de estrelas, badaladas por um quadrado mágico e marcada por uma preparação carnavalesca em Weggis jogou para o gasto a Copa inteira e perdeu nas quartas-de-final. Desta vez, eram guerreiros concentrados como nunca, comprometidos com a filosofia e a religião de seus comandantes novatos, sem qualquer badalação. Jogou para o gasto a Copa inteira e perdeu nas quartas-de-final! Duas receitas absolutamente distintas, com o mesmo resultado prático.

E querem saber mais? Só comecei a ter noção do que representa uma Copa do Mundo a partir de 1982. De lá para cá, foram dois títulos em oito oportunidades. Acreditamos que vamos ganhar sempre, mas devíamos estar acoostumados a perder. Enfim, rumual équissa em casa, daqui a quatro anos.

#URU 1 (4) X 1 (3) #GHA (02/07) – Os primeiros 119 minutos podem não ter sido lá essas coisas: os africanos tínham mais fôlego, mas os uruguaios tínham a raça ao seu lado. Os minutos finais resumem uma epopéia extraordinária: bate-rebate na pequena área, duas bolas salvas pela zaga celeste, sendo uma com a mão, por Suárez. Enquanto o atacante caminhava para o vestiário, Gyan sentiu a Jabulani pesar e, ao chutá-la, a viu bater no travessão. O previsível resultado dos pênaltis, reforçado com as duas cobrancinhas africanas, teve como cereja do bolo a “cavadinha” de Loco Abreu. Meu feeling de que a África teria seu primeiro semifinalista na história não se confirmou, mas diante do que vimos, foi melhor assim. E de uma vez por todas: por mais que Gana jogasse pela África, não é bem assim.

#ARG 0 X 4 #GER (03/07) – Independente do resultado, da humilhação e do fato dos “hermanos” terem caído exatamente na mesma pegadinha do Brasil (enfrentar uma seleção melhor estruturada pela primeira vez), duas coisas podem ser facilmente observadas após a partida épica entre estes dois gigantes. A primeira é que Maradona saiu deste Mundial com o título de maior personagem da competição. A segunda é que Klose pode até bater o recorde de Ronaldo, mas se isso acontecer, será a constatação de que esse recorde não representa absolutamente nada.

#ESP 1 X 0 #PAR (03/07) – Por que ficamos com a impressão de que o jogo do Brasil foi o menos emocionante desta fase? Este confronto latino foi outro que mexeu com muita gente. Larissa Riquelme e seu celular aconchegado tinham razões para acreditar que os paraguaios poderiam se classificar, graças ao começo de jogo surpreendente, ao gol (anulado) e ao quase gol (Cardoso também sentiu a Jabulani pesar no pé ao bater o pênalti). A Espanha também teve sua chance desperdiçada numa penalidade máxima, graças a falta de critério do árbitro. O resultado veio num lance de pinball e a celebração de David Villa. Enfim, ao menos uma certeza eu preciso garantir: os espanhóis não serão páreo para os alemães. E o outro finalista bem que poderia ser o Uruguai, apesar da tremenda improbabilidade.

E a alardeada “Mini Copa América” acabou antes de começar, né? Ah sim, ainda resta uma esperança de ver o Brasil na final, já que o Carlos Eugênio Simon ainda não foi dispensado.

André Marmota acredita em um futuro com blogs atualizados, livros impressos, videolocadoras, amores sinceros, entre outros anacronismos. Quer saber mais?

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