Prenda-me se for capaz

A palavra hacker é mesmo instigante, ainda mais em uma sociedade onde a informação é o bem mais precioso. Aproveitando a dica do nosso assíduo visitante Coragem, vamos esticar o assunto trazendo a entrevista com Kevin Mitnick ao repórter Marcelo Nóbrega – colega do meu amigo Cal, do JB.

Antes que algum desavisado pergunte “whosthisfuckinguy”, a notícia embutida na entrevista: Kevin Mitnick esteve no Brasil para falar sobre a teoria da engenharia social. Segundo ele, é possível usar técnicas para persuadir empresários e outros envolvidos em negócios para conseguir informações secretas ou facilitar o acesso a elas. Trocando em toscos miúdos: “hackear pessoas”.

Agora, a resposta para “whosthisfuckinguy”: quando falamos em hackers, inevitavelmente falamos em Kevin Mitnick, o mais famoso deles. Quando descobriu que tinha facilidade para burlar sistemas de controle e segurança, ficou fascinado. Trocou de identidade e passou a viver em função do prazer em superar os limites – sem nunca roubar um único número de cartão de crédito, diz ele.

Tá certo, podemos até imaginar que a definição de Mitnick é parecida com a do Hernani Dimantas: um hacker é aquele que quebra conceitos e adota uma postura colaborativa. Descobre informações preciosas e reparte democraticamente – cá entre nós, uma idéia que poderia ser ingerida de uma vez por todas por muitos que se dizem “pensadores do mundo virtual”.

Mesmo assim, os americanos não acreditaram na benevolência de Mitnick. Dois deles em especial: John Markoff, jornalista do The New York Times, e Tsutomu Shimomura, hacker que foi “atacado” por Mitnick. Os dois começaram uma caçada digna de um roteiro de Hollywood – guardadas as devidas proporções, seria uma versão anos 90 para Prenda-me se for capaz. Evidentemente, a história da prisão de Mitnick já virou livro – Takedown e filme, traduzido em português como Caçada Virtual.

Mais do que isso, a caçada rendeu polêmicas tanto a favor quanto contra, como encontramos nestes artigos assinados por Derneval Cunha e Renato Aguiar. Depois de ter cumprido pena e ter seu acesso à Internet negado por anos, Kevin Mitnick é um bem sucedido empresário do ramo. Além de continuar ostentando o mito e alimentando paixões e ódios por hackers Internet afora.

André Marmota acredita em um futuro com blogs atualizados, livros impressos, videolocadoras, amores sinceros, entre outros anacronismos. Quer saber mais?

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