Dizem que os trinta dias que antecedem o nosso aniversário são marcados por um período astrológico batizado de “inferno astral”. Os entendidos do ramo acreditam que nossa sensibilidade aumenta a ponto de ficarmos extremamente incomodados com todo tipo de problema. Por essa razão, é comum nesse período redobrarmos o esforço para resolvê-los ou mesmo repensarmos nossas atitudes.
Esse papo pode ser fruto da imaginação ou do inconsciente coletivo, mas prefiro sustentar essa teoria para explicar a vontade inexplicável de chutar bundas e mandar qualquer beócio tomar naquele lugar bem próximo delas. Nem mesmo uma desestressante viagem no último feriado ao lado da Luciana conseguiu aplacar minha revolta com o dito “serumano” “CERUMANO” (obrigado pela pertinente correção, André!).
O primeiro bate-boca desnecessário começou no check-in, em Congonhas. Estranhamente, nosso vôo não aparecia entre os próximos.
– Senhor, como hoje é feriado, esse vôo não está programado.
Mas se não existia, como é que eu consegui comprar a passagem?
– Senhor, aqui sua reserva está marcada para outro vôo.
Eu sei, vou embarcar sem traumas e chegar duas horas depois… Mas se o caráleo do vôo não existia, como é que eu consegui comprar passagens?!?
– Senhor, aqui está seu cartão de embarque e controle de bagagens.
E aqui está o meu celular, com o e-mail de vocês, indicando que eu comprei o caráleo de passagem para um vôo que não existe!!!
– Senhor, se o senhor quiser entrar em contato com o nosso atendimento, é só ligar para o nosso site…
Ok, ligar para o site era a deixa para eu desistir da conversa fiada.
Esse profícuo debate foi suficiente para entrar definitivamente no modo intransigente. Sabendo disso, decidimos embarcar por último e evitar qualquer contato desnecessário com pessoas.
Não funcionou: logo atrás, embarcou uma senhora tão impaciente quanto eu. Enquanto ajudava a Luciana com a bagagem de mão, a dita cuja deu dois tapinhas nas minhas costas.
– Escuta, você pode me dar licença para eu sentar aqui no 11F?
Eu seria mal educado de qualquer forma: na melhor das hipóteses, simplesmente ignoraria. Ou diria algo como “calma, o avião não vai subir enquanto a senhora não estiver sentadinha”. Enfim, tentando ao máximo controlar minha estupidez, virei na direção da velhota:
– Impossível, minha senhora, por uma razão bem simples: a poltrona 11F É A MINHA!
“Ops, tem algo errado aqui”, sussurrou a velha, enquanto procurava seu bilhete. Lógico que fiz a mesma coisa: exibimos nossos cartões simultaneamente, como quem aperta o gatilho em qualquer bom duelo. Constatamos que o “algo errado” era a dita cuja.
– Ih! Que coisa, vi errado… A minha é a 17F…
Em frações de segundo, olhei bem nos olhos daquela velha e, balançando a cabeça, disse a primeira coisa que me veio em mente.
– É mesmo? Puxa, pááá-rabéns!
Claro que a velha não gostou nada.
– Nossa, moço, como você é estressado, hein? Tsc tsc tsc…
Ainda tentei melhorar um pouco a minha imagem, sem sucesso. “Ei Lu, por acaso você me acha estressado? Responda, agora!!!”.
Ela não precisou falar nada. Problema dela. Nas horas seguintes, qualquer coisa era pretexto para evocar o bordão concebido graças a velhota impaciente, a ponto de se tornar minha mais nova piada interna.
– Está com frio? Não trouxe blusa? Pááá-rabéns!
– Não tem dinheiro trocado? Pááá-rabéns!
– Vai passar alguns dias em São Paulo, é? Pááá-rabéns!
Ainda quero que o “inferno astral”, ou o que seja, vá de uma vez. Mas creio que o “pááá-rabéns!” vai permanecer.
-Comprou passagem aérea mas seu vôo não estava programado?
-Uma velhota chata, impaciente e ainda por cima com problemas visuais te encheu a paciência?
PÁÁÁ-RABÉNS!
(huahuahuahuahuahuahuahuahuahuahuahua)
(Tá bom, mas não se irrite!)
nao conhecia o blog!!
parabens e passo + vezes por aqui!!
grande abraço querid
André, tu é burro mesmo, hein?
É “CERUMANO”. Com “C”. Não é com “S”.
E é que esse pessoal sai de uma faculdade de jornalismo se não sabe escrever português eu nunca vou entender.
Oh, feliz aniversário.
Abraço,
André
ah
no começo do inferno astral é assim mesmo…
depois, piora.
Longa vida ao pááá-rabéns! Sem dúvida é bem melhor do que dizer um palavrão.
Cerumano é usado frequentemente pelas Uma dama não comenta. Aproveitando teu mau humor, leia mais blogs.
Não acredito nessas besteiras de inferno astral. Se for assim, o meu é todos os dias. Sempre reclamo, o tempo todo, ninguém me entende, “quem sabe de mim sou eu, Ahhh! coração alado!”
Gostou do meu cartão? Não gostei da torcida pé frio. Isola, bate um, dois, três. Nisso, acredito.
O “páááá-rabéns” está devidamente anotado e passarei a usar. Porque, vou te dizer, sou estrassada até não poder mais…
Na minha empresa usa-se largamente o “QUERIDÃO” para substituir o xingamento!
Esqueceu os únicos 25 reais no carro que eram pra pagar a conta no barzinho? PÁÁÁ-RABÉNS!!
Hahahahaha! E não me digam que vc e Lu não pensaram isso na hora porque eu DUVIDO! Hahahaha, eu mereci, e muito! Quando dei de cara com meu dinheiro enrolado no cinzeiro do carro, me senti uma idiota completa! PÁÁÁ-RABÉNS!
😛
Sou estressada que nem a Clau, então este pááá-rabéns vai ser perfeito pra usar daqui pra frente. 🙂
Feliz dia da mães para a sua mamãe! Deixei uma rosa pra imprimir caso não tenha nada.
Ah, vou te contar por quê não suporto ver o título desse tipo de post – E eu uma pedra. Via mail.