Divagava esses dias sobre a semelhança entre alguns aspectos da vida e o ato de dirigir. Em linhas gerais: é preciso disciplina e responsabilidade constante, além da prática para diminuir os erros. Mas tem mais.
Lembro perfeitamente da primeira vez que sentei no banco do motorista, para dar os “primeiros passos”. Estava em uma estrada de chão batido deserta, em algum ponto entre Capão do Leão e Pedro Osório. Ninguém por perto, era a minha chance de errar sem ser notado.
Levou tempo até o medo sumir completamente. Quando dei por mim, o carro já era uma extensão do meu corpo – era como se ele sempre fizesse parte da minha vida. O que contribui muito para aumentar minha indignação diante de alguns manés, que não demonstram qualquer amor próprio. No volante ou fora dele.
Tamanha autoconfiança, é claro, costuma se chocar com a nossa ignorância em momentos difíceis, quando o “poisé” te deixa na mão sem qualquer explicação, o que é bastante comum. Nesses casos, a paciência é primordial. Se a situação for inédita, admitir a inexperiência também ajuda. Já dizia o velho deitado: a perfeição só aparece depois de muitos erros.
Agora experimente separar os fatos das sensações. Guarde para si apenas os medos, o frio na barriga, as lambanças iniciais, as oportunidades bem aproveitadas (ou não), a sensação de liberdade, o constante aprendizado, as decepções, a irresponsabilidade alheia, as barbeiragens, as grandes realizações, a vontade de trocar essa porcaria…
Pronto. Já estamos falando da nossa vida. Ou não?
Bom, dia desses estava com alguém que não gostou muito da comparação – ainda mais quando disse que “tive que aprender a guiar por pura obrigação”… Concordo. Viver não é uma tarefa, mas sim uma dádiva.
Pois é. Se admitirmos que viver é como dirigir, sinto que a velocidade com que as coisas acontecem aumenta na mesma proporção da evolução dos motores. E seguindo a mesma analogia, imaginando cada ano de vida como um quilômetro percorrido… Opa, em instantes chego ao km 27. Preciso urgente de um mapa decente no porta-luvas…
(Postado em 06/05/2004. E já estou a poucos metros do quilômetro 30.)
Gostei.
Bela comparação.
Gostei muito do texto. Principalmente por estar tentando novamente tirar minha habilitação aos 27 anos, devido ao medo…
Além disso, estou fazendo isso pq estou desempregada, ou seja, acabei pegando um desvio no caminho que pode fazer eu voltar um pouco, ou até me colocar a frente. Mas isso já é outra história…
Eu tô na metade do km 25 e acho que grande parte do percurso ou andei por fora da pista ou como passageiro.
Mas vejo a estrada adiante e sinto que temos que continuar no caminho, mesmo se estivermos perdidos (o que você diria: “Normal!!!!”)
Parabéns, irmão.
Um grande beijo no coração.
Feliz aniversário, friend!
Bjo!
Acelera, Marmotaaa! Gostei das auto-fotos, hahaha! XD
Olha, interessante o seu post. Certa vez eu li em algum lugar que, em matéria de interpretação de sonhos, dirigir é de fato o mesmo que viver.
Quer dizer, se vc sonha que está dirigindo e seu carro cai em um buraco, a interpretação deste sonho diz que, talvez, vc esteja conduzindo sua vida para o fundo do poço. É o que dizem! ^_^
Abraço!
Final “chave de ouro” como dizia o Monteiro Lobato. Gracinha o post. Depois de destruir nosso carro, um poste e sei lá que mais, levar pau três vezes no exame prático, desisti. Houve um desastre horrível de um velhinho que virou em direção a uma feira livre, matou umas 14 pessoas. Confundiu o acelerador com o breque.
Depois dessas, meu marido decidiu que era mais barato que eu tomasse táxi. Nem meus pais ou avós dirigiram.
Feliz anversário. Em sociedade, tudo se sabe…
Dizem que as nossas qualidades como motoristas são apenas as que demonstramos como “cerumanos”, mas mais exarcerbadas. Então, quem é intolerante, sem educação, egoísta etc fica terrível no trânsito.
Ps – você tá bonito nessas fotos.