Fiquei preocupado nesta quinta-feira, ao descobrir que o Hospital das Clínicas de São Paulo abriu inscrições para tratar jovens dependentes em Internet. Mais do que isso: o HC já trata adultos que decidiram trocar a vida pessoal, os amigos, a família e até mesmo o banheiro para permanecer online, jogando ou navegando na web.
Juro que fiquei preocupado. Afinal de contas, passo praticamente todo o dia em frente a um computador. Tanto no escritório quanto em casa. Mesmo em alguns finais de semana, quando teria condições de abandonar o laptop, acabo dedilhando no teclado. Será que sou mesmo um “viciado” em Internet?
Procurei a definição exata de “vício”, pra saber até que ponto a palavra se aplica ao meu dia-a-dia. Atualmente, usa-se o termo para designar qualquer tendência habitual, mas ele está ligado diretamente a algum tipo de “mecanismo de defesa”, algo que fazemos para fugir de responsabilidades, e isso implica em algum prejuízo para o nosso corpo e mente.
Traduzindo: se eu tiver capacidade de dizer algo como “eu posso parar de usar a qualquer momento, não vai me fazer falta”, não é exatamente um vício. Resumindo mais ainda: não existe nenhum “vício saudável”. Se é saudável, é hábito.
Enfim, ainda não cheguei a uma conclusão sobre o tema. Será que o simples fato de estar juntando uma graninha para comprar um smartphone, justamente para responder e-mails fora do computador, faz com que eu seja um viciado em Internet? Bem, no dia que a rede me fizer mal de verdade, vou descobrir a resposta. Por hora, vou elencar cinco vícios que realmente podem me fazer mal.
#5 Vício em café – Entre tantas comilanças e bebelanças, já não consigo mais viver sem café. Ganha por pouco de Coca-cola, pedida padrão em qualquer bar ou restaurante. Mas mesmo depois das refeições, um cafezinho é sempre bom. Sempre absolutamente sem açúcar.
No trabalho, já virou lenda: acumulo pelo menos três ou nove copos descartáveis (dos grandes), sempre calibrados com altas talagadas de café. No fim da noite, ao limpar a mesa, vejo aquele pretume impregnado nas paredes dos copinhos, imaginando o estrago que aquilo faz nas paredes do meu sistema digestivo.
É, eu sei que é errado. Preciso parar de usar copinhos plásticos e trazer uma caneca maior. A natureza agradece.
#4 Vício em dormir – Nem mesmo garrafadas intermináveis de café acabam com o meu sono. Se eu fosse um animal, estaria longe de uma marmota: seria um bicho-preguiça nato. Daqueles que precisam realmente sair da cama rapidamente, mas mesmo assim enrolam bem além do limite aceitável para qualquer atraso.
Isso traz impacto direto a qualquer planejamento prévio de atividades, especialmente aos finais de semana ou nas poucas horas domésticas, que poderiam ser úteis para exercícios físicos, tarefas rotineiras ou o desenvolvimento de projetos pessoais. Normalmente, prefiro dormir.
#3 Vício em trabalho – Até setembro passado, andava preocupado com minhas atividades profissionais. Estava envolvido com o trabalho até o pescoço. Saía pra jantar e conversava sobre as peculiaridades da redação. Antes de sair de casa, checava e-mails para antecipar o que deveria fazer durante o dia. E em longos períodos de tempo, ignorava convites ou qualquer outro tipo de bate-papo, em função das atribuições na repartição.
Então mudei de emprego, imaginando que, diante de desafios e funções inéditas, seria diferente. Mas me enganei: continuo até o pescoço tentando encontrar soluções para melhorar indicadores e atingir as metas propostas. Em resumo: continuo tão enrolado quanto antigamente. Sinal que o problema não está no emprego, mas sim no meu estilo “workahoolic”. Entre todos os vícios, talvez este seja o pior deles.
#2 Vício em procrastinar – Eu quero fazer um podcast. Eu quero escrever um texto inédito neste blog por dia. Eu quero fazer ginástica. Eu quero colocar ordem nas tarefas e estabelecer rotinas e processos claros para a minha equipe. Eu quero viajar mais. Eu quero sair mais com os amigos. Enfim, tenho uma lista interminável de quereres.
Sei que um dia talvez eu consiga fazer isso. Certamente vai ser no mesmo período da vida em que vou conseguir, ao lado de amigos, fundar o Clube dos Procrastinadores Anônimos. Eu quero juntá-los qualquer hora dessas pra finalmente concretizarmos isso. Um dia eu consigo.
#1 Vício em ser ogro – As pessoas que me conhecem pessoalmente, ou acostumadas a esse turbilhão de vícios, já devem ter sido vítimas de alguma “ogrice” minha. Seja um comentário mal colocado, uma furada em compromissos ou o simples fato de trocar elogios singelos por algum feedback mais realista, que acaba desestabilizando as coisas. Já me disseram várias vezes para ter cuidado com essa dosagem horrenda entre ausências e sinceridades em excesso.
Enfim, só coloquei como primeiro item por saber que essas reações já fazem parte da minha personalidade, a ponto de muitas vezes não perceber a sutileza das minhas atitudes, especialmente quando me refiro a pessoas mais próximas. Talvez o grande mal que esse vício possa trazer é o de magoar ou afastar pessoas queridas. Talvez eu só perceba o quanto isso é prejudicial quando a velha máxima “perco o amigo mas não perco a piada” resulte em perdas de verdade. Ou quando sentir necessidade violenta de “ficar em casa para fugir dos amigos”…
Enquanto lia a introdução, sobre a definição de “vício”, me vi em seu texto. *Medo*.
A propósito, Marmota, fazer um podcast é super fácil. Não sei neste sistema que vocês usam no IB, mas no WordPress, existe um plugin chamado podPress que torna a tarefa facílima. Se até eu, ignorante em edição de áudio e longe de ter alguma formação jornalística, consegui (http://www.winajuda.com/secao/wincast/), você consegue também!
[]’s!
É fato que eu ou você não conseguimos mais viver sem internet, mas acho que a questão principal é até que ponto isso é prejudicial para sua vida social real e diária? Acho que se um smartphone facilitar sua vida, economizar tempos e você puder passar mais tempo com os amigos ele é uma ótima aquisição. 😉
O café larguei quando a empresa começou a conter despesas e passou a comprar os piores pós do mercado. E oh… nunca fui muito viciada em trabalho, adoro sair de lá tomar uma água de coco, procurar um filminho no jornal, nadar nos fins semana. Quem me conhece sabe que deixo o feijão queimar e não estou nem aí…rs.
Substituindo vício em trabalho por vício em estudo, tens praticamente um cenário dos meus vícios. Inclusive com relação à procrastinação para criar um podcast 😛 hauhaua
E de acordo com o testezinho do G1, sou uma provável viciada em internet… embora tbm ache que a idéia de vício, em termos de internet, ainda precise ser discutida.
Eu consegui largar o vicio da internet!!! /
agora são apenas 10 horas por dia … é vício? hahaha
Top 5 é legal! 😀
Queria eu ser uma viciada em trabalho …
Ah, duvido q durma mais do que eu. não me permitindo diariamente, eu durmo até as onze e meia da manhã tranquilamente,mesmo com o volume do alarme no ultimo nivel e mesmo tendo dormido cedo, as nove e meia da noite (algo raro, entretanto). Mas permitindo, eu fico ‘té quando dói a cabeça. daí fico o resto do dia me culpando e me autopunindo através de uma hiperatividade absurda no trabalho e na internet. na monografia não, peralá.
Me identifiquei com seus 5 itens…
Mas só o do trabalho acho que se tivesse outro jeito de conseguir $$ eu abandonaria fácil…
E o café seria chocolate pra mim!
Não consigo viver sem!
De todos os vícios que você listou, só não compartilho o vício por café, já que detesto essa bebida desde pequeno (e é algo hereditário, hehehe). No entanto, com relação à fazer mal à saúde, brinco sempre com os amigos, dizendo que café faz mal até a próxima pesquisa que diga que ele faz bem, e vice-versa…
O vício em procrastinar talvez seja o meu pior: Também tenho 200 quereres diferentes, e nunca consigo realizá-los… pior até que meu vício em internet; mesmo assim, nada de eu me inscrever pra tratamento no HC… isso não!! 🙂
Abração
hahahahaha… só não tenho seu terceiro e seu primeiro vícios…
Se bem que tenho o vício de ser quase sempre sincera ao extremo, o que, em alguns casos, enquadra-me como ogra!