Marmota em trânsito

– Fazia realmente muito tempo que eu não viajava tanto. Foram algumas centenas de quilômetros dirigindo até Sorocaba, Ribeirão Preto e Rio de Janeiro, mais alguns entre Porto Alegre, Pelotas, Rio Grande, Gramado e Canela. Sem esquecer da “ponte aérea” São Paulo – Porto Alegre… Uau!

– Embarque tranquilo na tarde do dia 29 de dezembro, uma segunda-feira. Sentado confortavelmente em ima das últimas poltronas do vôo 1680 da Gol, permaneci entre as 12h51 até as 14h25 saboreando a deliciosa barrinha de cereais servida com um exclusivo saquinho de amendoim. E uma bebida.

– Depois de uma boa caminhada entre o aeroporto Salgado Filho e o Trensurb (o metrô da capital gaúcha), pego o primeiro trem com destino a rodoviária. Como ocorre normalnente nos finais de ano, as filas nas bilheterias são descomunais. Tudo bem, sejamos pacientes: estava de férias mesmo.

– Minha vez de comprar passagens. Compro duas: para Cachoeirinha, no primeiro ônibus disponível para Taquara (o das 16h15) e outro para Pelotas, às 18 horas do dia seguinte, 30 de dezembro. Foi o tempo de pagar tudo, pegar os bilhetes e correr para o embarque no velho Citral.

– Agora, a grande estupidez da viagem: apenas na tarde do dia seguinte, horas antes de embarcar, fui checar as passagens: Pelotas, direto, via Expresso Embaixador, às 18 horas do dia… 29? Como assim? Quer dizer que o bilheteiro ignorantão pensava mesmo que eu viajaria para dois lugares diferentes praticamente no mesmo horário???

– Antes de prosseguir, é claro que a culpa foi minha. Poderia perfeitamente checar a data correta no momento da compra, ao invés de ofender cinco gerações do bilheteiro. Mas só admiti isso quando já estava no ônibus, depois de resolvido o impasse.

– Cheguei duas horas antes ao largo Vespasiano Júlio Veppo, endereço da estação rodoviária de Porto Alegre. Direto ao “guichê vermelho”, destinado a reclamações, revalidações e outros rolos. Também tinha fila. “Certamente erraram em outras passagens também”.

– Minha vez de explicar o problema. “Seguinte, minha senhora. O cururu que trabalha nessa encrenca vendeu essa passagem com a data errada. Era pra hoje, não ontem…”. Não deu tempo de terminar. “Ah, sinto muito. Você perdeu a passagem”. Put I keep are you, man!

– Ainda indignado, fui procurar o vendedor do dia anterior. Identifiquei o sujeito caminhando de volta ao seu guichê, depois de uma pausa para o café. Tasquei-le uma pergunta inteligente logo na primeira abordagem: “Oi, lembra de mim?”. Evidentemente, ele respondeu “não”.

– Expliquei o ocorrido pela segunda vez. O bilheteiro, de nome Milton, deu o chamado “migué”, fugindo de qualquer responsabilidade e culpando a mim, por não ter visto o erro. Questionei novamente se não tinha mesmo como reutilizar a passagem, e desta vez a resposta esbarrou em uma lei estadual recente: trocas desse naipe devem ser feitas apenas três horas após o embarque.

– Mantinha poucas esperanças diante de minha última alternativa: o fiscal da empresa de ônibus. Minutos após ser anunciado pelo serviço de informações, lá estava o responsável pela Expresso Embaixador. Contei minha história pela terceira vez.

– Com a simpatia de um colono, o homem respondeu: “o problema é que não existe uma bilheteria para cada empresa, e toda vez que acontece isso, fica esse jogo de empurra. A culpa é deles, a zona é deles. Se eles não querem te pagar outra passagem, não posso fazer nada”. Fiasdaputa.

– Dos males, o menor: fui direto ao guichê do Milton para comprar outra passagem, sem passar pela fila. O simpático bilheteiro ainda me convidou para um café, quando eu estiver por lá novamente. Vá esperando.

– Nunca paguei tão caro por uma viagem entre Porto Alegre e Pelotas. Da mesma forma, com o esgotamento antecipado das passagens noturnas da Gol, há muito não pagava tanto por uma passagem aérea. Isso sem deixar passar os intermináveis pedágios da BR 116, Castelo Branco, Trabalhadores – Dutra, Anhanguera – Bandeirantes… Sai caro passar férias longe de casa.

– E eu, uma pedra. Em toda a minha vida, nunca dei sorte nestes traslados solitários em aviões ou ônibus: o passageiro ao lado é sempre um tio chato, um sujeito mal-encarado ou outro zemané. Nunca uma escorpiana loira de olhos claros.

– Enfim. Depois de três horas exatas, finalmente desembarco na rodoviária de Pelotas, para mais alguns dias de descanso e passeios ao lado da família e outros amigos. Duas semanas até o embarque no vôo 1753, às 21h10 do dia 12 de janeiro, novamente em Porto Alegre. Mas depois eu conto o resto.

Comentários em blogs: ainda existem? (3)

  1. Caramba… igual eu no cinema. fomos comprar a entrada às 20:08hs e pedimos para a sessão das 21:00hs, a jagunça vendeu a entrada para a sessão das 20:00hs e nós nem conferimos. Fomos dar rolê no shopping e tal. Imagina se não deu rolo… Só que tivemos mais sorte que vc. Depois disso sempre olho atentamente qualquer ingresso, entrada, passagem, enfim, confiro dia e horário de tudo. Só passando por situações como essas para nós aprendermos. 🙁
    Bjocassss…

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