Imagem é tudo

Lembra quando o seu netscape dois ponto zero era capaz de enxergar apenas fundo cinza, letras pretas e links azuis? Vez ou outra, aparecia um quadrinho com três figuras geométricas – tratava-se da imagem, que ninguém ousava abrir por conta do modem 14.4.

Pois bem. O tempo fez com que os internautas ignorassem o excesso de texto: a maioria lê apenas o necessário. A tecnologia tratou de melhorar as coisas para esse povo, transformando as antigas máquinas fotográficas em apetrechos digitalizadores. Dos mais variados tipos e tamanhos, embutidos em filmadoras, computadores de mão ou celulares.

Sem querer, os norte-americanos Adam Seifer, Scott Heiferman e Spike (Spike?) reuniram todos estes elementos num único endereço, criando um verdadeiro fenômeno. No final de 2002, eles bolaram uma ferramenta para compartilhar imagens entre amigos e familiares: batizaram o negócio de fotolog. A brincadeira fez muito sucesso – não apenas entre profissionais, mas entre adolescentes que não cansam de se fotografar e se amarram no conceito “mais imagens, menos texto”.

Aliás, é impressionante como a onda caiu no gosto dos brasileiros: são quase 50 mil, para apenas cinco mil norte-americanos. Brincar de fotolog é mesmo bastante simples: basta entrar no site, registrar seu nome e uma senha. Fiz essa experiência em agosto – e mesmo sem qualquer divulgação, minha primeira foto rendeu alguns comentários!

Continuei a experiência com o fotolog.net/marmota nas últimas semanas, mandando fotos (a maioria já usadas aqui), marcando presença em outros fotologs e adicionando favoritos – entre eles, o black & white, fotolog coletivo com imagens em PB, e os criativos antmarimoon, que perde seu tempo imitando poses do fotolog “Marimoon”, e o comida de buteco, recheado de acepipes. Não demorou para que o meu fotolog ficasse com aquela “cara padrão”: a esquerda, minhas fotos de arquivo; e a direita, as novas imagens dos meus amigos/favoritos.


Minha foto preferida: a do “meu gabinete”

Minhas 80 visitas na semana passada, no entanto, não se comparam a invasão tupiniquim ao fotolog, que levou os criadores do serviço a restringir o upload de fotos para não “explodir” seus servidores e a largura de banda. Assim, quem se incomodar com as limitações do sistema (entre as quais publicar apenas uma foto por dia e ter direito a dez comentários por foto) pode pagar uma contribuição de cinco doletas mensais. Nada mais justo.

Aliás, sobre isso, cabe uma curiosa observação: em junho, quando a cobrança começou, alguns cururus ficaram indignados, entupindo o sistema com coisas desse nível. “Tinha que ser brasileiro” era o mínimo que se lia a respeito da “queimação de filme”. A Cora Rónai, que mantém um dos fotologs mais acessads da rede, relatou aqui como foi a baixaria. A revista Wired também fez uma bela matéria sobre o tema.

A onda continua crescendo, felizmente, de maneira bem mais calma. Talvez esse bando tenha percebido que, no caso deles, o melhor a fazer é se comunicar apenas com imagens.

André Marmota acredita em um futuro com blogs atualizados, livros impressos, videolocadoras, amores sinceros, entre outros anacronismos. Quer saber mais?

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